domingo, 15 de agosto de 2010

FIAMA HASSE PAIS BRANDAO - Por Liliana Josué

FIAMA HASSE PAIS BRANDAO - Por Liliana Josué

Fiama Hasse Pais Brandão nasceu em Lisboa a 15 de Agosto de 1938 e faleceu na mesma cidade a 19 de Janeiro de 2007. Até aos dezoito anos residiu numa quinta em Carcavelos onde frequentou o Colégio St. Julian’s School, seguindo depois para a Faculdade de Letras de Lisboa onde estudou Filologia Germânica até ao terceiro ano.

Fazer uma dissertação ligeira sobre esta escritora não é tarefa fácil, pois também não é fácil desvendar os meandros da sua escrita visto as suas directrizes se encontrarem muito viradas para um «aparente» incompreensível muito característico de certos escritores da geração 60/70, os quais me fascinam particularmente.

Como o poeta António Ramos Rosa disse: «Fiama Hasse sente a inextricável complexidade do mundo e a sua perplexidade perante ele é permanente, embora não passiva (…)», ou Gastão Cruz, um dos seus maridos «(…) A poesia de Fiama Hasse mais não fez do que aprofundar as relações entre a linguagem e o mundo, entre as palavras e a vida, entre as imagens linguísticas e as imagens reais (…)», «Letras & Letras, 1992».

Fiama Hasse Pais Brandão foi poeta, dramaturga, ficcionista e ensaísta. Pertenceu à mesma corrente literária de Luíza Neto Jorge, e tal como ela, revelou-se na Antologia Poesia 61 com catorze poemas intitulados «Metamorfismos»:

Leia este tema completo a partir de 16/08/2010

FLORBELA ESPANCA- Por Sanio Aguiar Morgado

FLORBELA ESPANCA- Por Sanio Aguiar Morgado

Naquela noite de 7 para 8 de Dezembro de 1930, Florbela Espanca avisou a sua criada Teresa de que não ia dormir no seu quarto habitual, do casal, mas noutro mais tranqüilo e pediu-lhe para não ser despertada no dia seguinte. Disse-lhe, ainda, que andava com insônias e que queria dormir em paz...o máximo de tempo possível. Pela manhã, quando foi encontrada, era tarde demais Florbela morreu durante a noite, possivelmente às duas horas da manhã, à mesma hora e no mesmo dia em que tinha nascido, 36 anos antes.

O dia 8 de dezembro é o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal, e curiosamente, Florbela Espanca nasceu a 8 de Dezembro (1894), casou a 8 de Dezembro de 1913, suicidou-se a 8 de dezembro de 1930, foi baptizada na igreja de Nª Sª da Conceição, aos 8 anos adotou o nome «da Conceição», e lecionou no colégio Nª Sªda Conceição, em Évora . O dia 8 de dezembro era ainda o aniversario da sua mãe, mãe que Florbela não conheceu bem.

Procurou incessantemente a felicidade no amor, mas a tragédia rondava sua vida, suas constantes decepções amorosas e finalmente a perda de seu irmão, amigo e confidente, através de cartas, selou sua desilusão pela vida.

O facto de ter assumido dois divórcios e três casamentos, numa época em que não era permitido a mulher tal liberdade, fez cair sobre ela o peso de uma sociedade austera, desumana, mesquinha e caluniosa. Perdia-se aí a maior poetisa de nossa língua.
Seu livro «Poesia Completa» na sua 5ª edição da Publicações Dom Quixote - Lisboa - em 2004 é particularmente especial para se compreender este ser tão especial.

Infelizmente até os dias de hoje há os que a julgam e condenem atribuindo-lhe o rótulo de libertina que ultrapassou as barreiras da natureza como sendo uma pessoa que escolheu as contradições «contra natura» que a conduziu a depressão e ao suicidio conforme publicação de nº 60 de maio de 2009 de «O Campanário» da paróquia de Ervidel.

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Poesia de Lídia Frade - DIFERENTE - AMIGAS PARA SEMPRE - BALANÇA DA VIDA

Poesia de Lídia Frade - DIFERENTE - AMIGAS PARA SEMPRE - BALANÇA DA VIDA

DIFERENTE

Se ser normal
E apenas,
Aquilo que os outros querem,
Aquilo que os outros são?
Eu, não!
E ser genial submissa,
A ideias de padrão?
_Eu, não!


AMIGAS PARA SEMPRE

O noite que sempre foste
Das minhas palavras aliada
Das minhas noites de insónia
A confidente

E eu, na tua escuridão
Fechada, aconchegada,
Com todo o tempo para sonhar
Mesmo acordada.

BALANÇA DA VIDA

A vida é uma balança
Oscilante em seu pesar,
Sem o equilíbrio
De um trinco,
Ou na doçura de um amor
Um abraço forte
A aconchegar,
O seu fiel, vai tombar.

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Poesia de Ilona Bastos- E Vós, O Que Pensais Sobre Isto? - MAR – V - BAILADOS DE GAIVOTAS

Poesia de Ilona Bastos- E Vós, O Que Pensais Sobre Isto? - MAR – V - BAILADOS DE GAIVOTAS


E Vós, O Que Pensais Sobre Isto?

Caminhando pela rua,
Há momentos em que me apetece parar,
Quedar, estática, na beira do passeio,
Simplesmente sentir a brisa no rosto,
Escutar o som dos automóveis velozes,
E dos aviões que se atravessam na paisagem,
Aspirar o odor das flores primaveris
Que se desprende dos jardins vizinhos.
Nestes momentos, apetece-me parar...

E vós, o que pensais sobre isto?

MAR – V

Estou e não estou
Na praia,
Enquanto não conversar
Com o mar.

Se o contemplo de longe,
Se lhe aceno sorridente,
Mas não me entrego, sozinha,
Não estou ainda na praia.

Se desço a longa escadaria,
Se saltito sobre a areia quente,
Mas não me entrego, sozinha,
Não estou ainda na praia.

BAILADOS DE GAIVOTAS

Ao som de La Primavera,
o branco planado das gaivotas
estampado contra o azul do céu!

Um bailado majestoso de voos
singulares, aos pares, em volteados,
aproximando-se, sobrevoando-me,
cruzando-se em diferentes planos,
surgindo em inesperadas alturas
aos círculos, em rodas, elipses,
afastando-se em direcção ao mar!

Com a Viúva Alegre de Lehár
valsam agora sobre o miradouro
com suavidade magistral!

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Conto Infantil / Juvenil de Cremilde Vieira da Cruz (Avómi) - QUANDO CHEGA UM D. SEBASTIAO

Conto Infantil / Juvenil de Cremilde Vieira da Cruz (Avómi) - QUANDO CHEGA UM D. SEBASTIAO

O Senhor Reis era proprietário duma Empresa onde trabalhavam dezenas de pessoas.
Como era desorganizado, a Empresa estava em decadência e ele não se apercebia. Os empregados, por falta de orientação superior, desmotivaram-se, tornaram-se preguiçosos e também um pouco irresponsáveis.

Cada dia que passava, trabalhavam menos. Por vezes entretinham-se a inventar alcunhas, por isso, alguns já tinham alcunha.
O José a quem chamavam «Faz Tudo», era um homem muito prestável e estava sempre disponível para fazer qualquer coisa que lhe fosse solicitada.

O Francisco era um rapaz muito simpático, boa pessoa, mas muito teimoso. Tinha a mania que sabia tudo. Ai de quem lhe dissesse o contrário, pois ficava zangadíssimo! Por assim ser, chamavam-lhe o «Sabe Tudo».
O Vicente era uma pessoa agradável, mas muito preguiçoso, andava sempre devagar, trabalhava lentamente e passava o tempo a olhar para o relógio, ansioso pela hora da saída. Mesmo assim, saía muitas vezes antes da hora e deixava tudo desarrumado, porque não era cuidadoso. Chamavam-lhe «Pontual de Saída».

O Jeremias era trabalhador, mas irresponsável e nunca assumia qualquer erro. Quando lhe chamavam a atenção para algum erro que tivesse cometido, o que pode acontecer a qualquer pessoa que trabalha, dizia: - «Não tenho culpa, foi assim que o Senhor Antunes me mandou fazer». O Senhor Antunes era o Chefe, uma excelente pessoa que estimava todos os trabalhadores da Empresa, sem excepção, mas não tinha capacidade para gerir. Como o Jeremias achava que nunca tinha culpa de nada, chamavam-lhe «Não Tenho Culpa».

Ainda havia outros empregados que tinham alcunha, mas não vale a pena estar agora a dizer as alcunhas de todos, até porque, não é nada agradável ter alcunha, nem é bonito pôr-se alcunha às pessoas.

O Senhor Antunes tinha consciência da sua incapacidade para orientar os trabalhadores da Empresa e isso preocupava-o muito. Resolveu alertar o patrão para a situação que se vinha a agravar.

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Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - NUM APICE - DESCAMINHOS

Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - NUM APICE - DESCAMINHOS

NUM APICE - DESCAMINHOS

NUM APICE

E se o sol se dependurasse
Sobre teus pensamentos confusos
E, num ápice,
Tuas ideias aclarasse?

Quem sabe se tremenda tempestade
Penetrou teu coração
Com o soltar duma gota de orvalho
Diante de teu olhar distraído?!

Quem sabe se tua inquietação
Foi um nevoeiro qualquer
Que se dependurou dos céus
Em manhã de chuvas magoadas?!

Quem sabe se tua inquietude se impôs
Com a aproximação das trovoadas
Dum Outono invernoso,
Ou de qualquer anoitecer
Sem a voz duma lâmpada acesa?!

DESCAMINHOS

Escorre da vidraça uma chuva vulgar de Outono,
Lavada como cristais.
Cá dentro, o sono de todas as almas,
O peso nos olhos de noite mal dormida.
As prateleiras estão cansadas,
Tanto que os livros pesam
Tanto peso da poeira.
Guardo meu silêncio logo pela manhã.
Tiro um livro da prateleira,
Descanso em sua leitura minha canseira
De palavras mal soadas, vãs.

A cidade está triste
E sente no corpo o peso da névoa dependurada
Do céu cinzento de nuvens negras.
É indiscutível que estou como a cidade.
As ruas estão povoadas de guarda-chuvas,
Mas apesar disso existem corpos molhados.
Está latente na minha aparência,
Nos tremores que sinto,
Na roupa molhada,

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CORONEL FABRICIANO - 011 - O imposto - Barrado na porta -  BENEDITO FRANCO

CORONEL FABRICIANO - 011 - O imposto - Barrado na porta - BENEDITO FRANCO

UUSS têm... França tem... Inglaterra tem... China tem... India tem... Rússia tem... Israel tem...
Iraque não pode ter... Brasil não pode ter... Iran não pode ter... Argentina não pode ter... Africa não pode ter... ... ... todos não poderiam ter... ...?

011 - O imposto

Trabalhava eu com minha irmã Celma Deuze - Deuzinha, para a família e amigos - em seu laboratório de análises clínicas em Coronel Fabriciano.
No laboratório acontecia cada uma...
Um dia necessitei de água do mar, para preparar uma solução para cultura microbiológica. Só que estava em Minas Gerais e, como todos sabem, não há mar em Minas Gerais. Pensei até em ir a Vitória, o mar mais próximo de Fabriciano, pois a solução era imprescindível.

Barrado na porta

Celma tirou alguns dias de folga, indo para Guarapari visitar o irmão José Maurício, deixando-me a incumbência de pagar, sem falta, um imposto no Banco do Brasil na agência de Acesita, aliás, na época, a única do BB na região.

No dia do vencimento, às três e cinqüenta da tarde, lembrei-me do tal pagamento do imposto. Eu em Fabriciano e o banco fechava às quatro em Acesita, outro município. Peguei o carro, um Vemag, saí afoito feito um foguete. Chegando à porta do banco, encontrei um funcionário fechando-a.

Cumprimentei-o, dando-lhe um pequeno sorriso perturbado e de sengracês, mas ele levou a palma da mão à frente indicando-me que não seria possível entrar - dessorri. Expliquei-lhe a urgência do pagamento e que, por recomendação da Dra Celma, sua conhecida, o imposto não poderia deixar de ser pago naquela data.

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