quinta-feira, 7 de outubro de 2010

POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - RELEMBRANDO dueto: - E MARISA? - J. MARTINEZ & RECONHEÇO -TE - Maria Luiza Bonini

POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - RELEMBRANDO dueto: - E MARISA? - J. MARTINEZ & RECONHEÇO -TE - Maria Luiza Bonini

E MARISA?

José Geraldo Martinez


Tem horas que entro em alpha
com algumas músicas que escuto tocar...
Logo saio ao passado de um tempo,
onde começo num instante viajar!
Lá deixei Elenice,
uma moreninha de olhinhos negros...
Será que guarda até hoje os nossos segredos?
Foi a primeira namoradinha...
Ainda nos tempos de primeiro grau!
Depois, Marisa...
Nos dourados tempos do colegial!
Tudo era proibido!
Tempo de pura rebeldia...
Exceto nossos beijos no furor dos festivais,
onde a M.P.B. timidamente aparecia...


RECONHEÇO-TE

Maria Luiza Bonini

Embarquei contigo nesta viagem
num veículo bem rodado
que nos leva de volta ao passado
devolvendo o sabor daqueles tempos
em que os nossos dias se faziam dourados

Enquanto o baile não começava
O seu olhar me cobiçava
Sabia que ao som de Ray Conniff
com cuba - libre nas mãos, me olhavas
esperando uma música lentinha para dançarmos

Olhos nos olhos ...com jeitinho e devagarinho
nossos rostos se aproximavam
Rosto colado, Moonlight Serenate, namoro iniciado
Alegria da conquista, esperada e desejada
amor surgindo...estávamos enlaçados

O biquini amarelinho e o carro vermelho
ir pro Guarujá...era a nossa vida
Dias de sol ...de alegria...pela ditadura imposta, interrompida ...
Anos dourados convertidos, por nossa rebeldia
em idealismo, luta diante da covardia!

Leia este tema completo a partir de 11/10/2010

POEMAS DE JOSE GERALDO MARTINEZ - FOSSE UM TANGO...; TEUS OLHOS!; QUANDO ESCURECER...

POEMAS DE JOSE GERALDO MARTINEZ - FOSSE UM TANGO...; TEUS OLHOS!; QUANDO ESCURECER...

FOSSE UM TANGO...


Ah! Fosse minha vida um tango
e as noites de lua minha parceira...
Não existisse o chamado fim
e ficássemos juntos por ela inteira!

Ah! Fosse minha vida um tango...
Com eterna paixão caliente!
Com charme, volúpia e sonhos...
Eu e a vida eternamente!

TEUS OLHOS!

Quanta ternura em teus olhos...
Nesta hora me acalentam inteiro!
Torno-me uma espécie de refém,
ao teu amor prisioneiro...

E, naquelas duas meninas,
onde o luar pousa refletido,
brilham castanhos lampiões!
Sobre mim, homem perdido
em tuas santas orações...

Ah! Estes olhos tão meus...
Anjos guardiões dos meus dias!
Santos me acompanham com Morpheu,
nas preces da «Ave Maria»...

QUANDO ESCURECER...

Quando escurecer...
Não te sintas sozinha!
Etérea viajará a minha alma
ao teu lado, amada minha...

Tua pele beijaria docemente
no sereno manso sobre o teu rosto...
E, quando fosses dormir, em tua cortina
seguiria no vento fresco, a te guiar no mês de agosto!

Quando escurecer...
Terei mil olhos nos pirilampos,
mãos de muitos manacás!
E se preferires lábios de violetas,
para que tu possas beijar...

Leia este tema completo a partir de 11/10/2010

domingo, 3 de outubro de 2010

COLUNA UM - Daniel Teixeira - O que faz correr os políticos?

COLUNA UM - Daniel Teixeira - O que faz correr os políticos?

O que faz correr os políticos?

Bem, o que faz quanto a mim correr os políticos para a política é o facto de politicamente se adquirir um posto, uma patente, se deter um poder mesmo ínfimo e dividido entre a hierarquia toda em partes não forçosamente iguais.

Brevemente nos tempos aquele utópico servidor público de que Herculano falava e que nunca existiu senão nas suas palavras é acrescentado de alguma fome (normalmente muita) de afirmação.

No fundo seria uma pessoa normal, acrescentada de todas as necessidades que a sociedade de consumo faculta: um automóvel, uma vivenda, um relógio de ouro e toda a panóplia que se pode ir escorrendo desta coisa que todos nós fomos construindo ou deixando construir ao longo dos tempos.

Os nossos avós e bisavós bem nos diziam aquelas coisas ponderadas que na sua grande parte eles já não seguiam mas nós lá íamos naquela de acreditar piamente que o «faz aquilo que eu digo e não olhes muito àquilo que eu faço» era nesse tempo uma verdade. Não sabíamos era que ela estava em vias de extinção...

Os políticos são gerentes sociais (políticos) quer dizer gerem politicamente a sociedade de acordo com o grau que cada um alcança nestes nossos sistemas políticos normalmente chamados de democráticos. Na sua grande parte são contabilistas, estatísticos, mecânicos, faz tudo e biscateiros.

Força das circunstâncias modernas arranjam uma licenciatura, pelo menos, um mestrado mais raramente, um doutoramento ainda mais raramente mas também na sua grande parte não lhes serve de nada nem para nada. Ainda aí funciona o título, o estatuto, a patente, a virtualidade sem substância, sem nada por detrás.

Em termos sociais o espaço de gerência política cada vez se restringe mais: hoje o político pouco mais tem que os dinheiros dos contribuintes para o ajudar na sua afirmação pessoal mas mesmo esse dinheiro está de tal forma controlado pelos sistemas que para conseguirem fazer alguma coisa de diferente e eminentemente seu com ele têm de entrar na sempre perigosa via do crime...que por norma não compensa.

Neste caso e partindo destes princípios porque razão o pessoal todo (ou quase todo) acha que ir votar, eleger esses senhores (que não têm qualquer valor transcendente) é um «dever», uma indiscutível e obrigatória função a cumprir escrupulosamente e periodicamente?!
Bem, as coisas em termos sociais caminham lentamente, as ideias levam o seu tempo a cimentarem-se, ou pelo menos não têm aquele ritmo que satisfaça os mais apressados: para uma sociedade - humana neste caso - 100 anos são para aí 10 dias, o que poderá parecer desesperante para quem tem já planos feitos para si e para os seus filhos e netos.

Leia este tema completo a partir de 04/10/2010

A COLUNA DE JORGE M. PINTO - CASOS AO ACASO - Parte V - DIVERSOS

A COLUNA DE JORGE M. PINTO - CASOS AO ACASO - Parte V - DIVERSOS - MEU COMPADRE MUSSORONGO - Minha saudosa irmã negra - (V I - MAIS DIVERSIFICADOS AINDA.....) - Evoluções do Português

MEU COMPADRE MUSSORONGO

Um auxiliar eu tive, (1959/1973) de nome ALFREDO TITI. de quem posteriormente e com muito gosto vim a ser compadre, pois lhe apadrinhei dois dos cinco filhos que lhe conheci .
Era muito gago e serviu comigo – desde ainda garoto e naturalmente solteiro - na povoação denominada Pedra do Feitiço.

Tendo eu sido transferido dessa para outra localidade (São Salvador do Congo, hoje M’BANZA CONGO), com saudade, lhe deixei o meu novo endereço, e coloquei-me ao seu dispor para o que viesse a necessitar.

Meses depois, estando a trabalhar no meu gabinete que tinha janela para a rua, ouço do lado de fora uma voz bem conhecida que me diz:
- BBBBBBom dia paaaaaatrãããããoooo !
- O que estás aqui a fazer? Como vieste aqui parar ?
Com um papel na mão, me anuncia ele na sua imensa gaguez:
- Apaaaaanhei o avviiiiiiiião, e aquiiiiiiiiiiii essssssstou. Tens aaaaaqui o bbiiiiilheete da passsssaaaaagem paaara pagar.
- Olha que estou a pensar ir para Timor !
- E onde éééééé isssssso?

Minha saudosa irmã negra

CATARINA MIGUEL, era (ou é?) o seu nome !
Teria os meus nove / dez anitos, (1941) quando ela rondaria já os 13 /15.
Oriunda de família do centro de Angola (CACONDA), foi praticamente criada no seio da nossa como irmã mais velha, tendo-se mantido conosco até depois do casamento de todos e de filhos nascidos a cada um.
Em 1959, ter-se-há casado por sua vez, e seguido o seu destino, jamais tendo dado notícias.
Pelos meios disponíveis, tentei por diversíssimas ocasiões saber dela, e dos seus, mas nunca consegui. nem o mais leve sinal de que existiria ainda.
Entre nós havia uma relação de amizade tão grande como se na verdade irmãos de sangue fossemos.
Cabe-me a grata recordação de ter sido o seu professor pois foi comigo que aprendeu as primeiras letras até chegar a ler correcta e correntemente. Já no que respeita a números, só a lê-los foi preciso ensinar. Era exímia em fazer contas mentalmente, dando no instante, dobros, triplos, quádruplos, metades, terços ou quartos de quantos números (grandes e pequenos) lhe fossem propostos.

V I - MAIS DIVERSIFICADOS AINDA..... - Evoluções do Português

Já no fim da presença portuguesa (uns três, quarto anos antes da Independência) em Angola estavam a surgir novos vocábulos no português que por lá se falava.
Inspirados quiça na própria praticidade os africanos de origem banto, umbunda, ambunda e/ou quimbunda logo costumam crismar as coisas e situações atribuindo-lhes designações práticas e quase sempre abreviadas.
Foi possível notar o surgimento de neologismos curiosíssimos, de que me lembro:
- FILIZAR. Verbo que outra coisa não significa senão o acto ou efeito de tornar lisos os fios dos cabelos (carapinha) de frizados que eram ! FILIZAR, teria tido origem em FIO, em FRIZAR ou numa mistura de ambos ?
. O neo-verbo naturalmente conjungado em todos os tempos como qualquer outro da 1ª conjugação, entrou no linguajar quotidiano: - Você já filizou ? Vai filizar ? Jà filizei.... etc.

Leia este tema completo a partir de 04/10/2010

POESIA DE ARLETE PIEDADE - Há vida; Mãos; Caminhos Imaginados

POESIA DE ARLETE PIEDADE - Há vida; Mãos; Caminhos Imaginados

Há vida

O outono vem chegando ao norte
Com suas cores fortes e nostálgicas
A sul é a primavera que se instala
Com seu rol de alterações climáticas
E o tempo frio e seco no planalto
Com as dificuldades respiratórias
São as chuvas diluvianas inundando
E todo um desfilar de tristes histórias
Mas o planeta aquecido sobrevive
Se adapta e vai seguindo viagem
Por aí, através do espaço sideral
Há previsões do fim do mundo
Há arautos da desgraça anunciando
Que agora será mesmo o final
O homem não cuida da natureza

Mãos

Com minhas mãos pequenas toquei o mundo,
logo que nasci lá longe no passado;
nesse lugar que recordo, no profundo
recanto do meu coração magoado!

Com minhas mãos fortes toquei meu filho,
naquela manhã distante e dolorida,
quando por amor me fiz Mãe! - E esse trilho
transformou-se em larga estrada colorida!

Caminhos Imaginados

Nesses caminhos imaginados
Percorridos na noite sinuosa
Almas ansiosas se entrelaçam
Na procura de afectos negados
Na ternura de ânsias desejadas
Na cama de estrelas luminosas!
Carícias trocadas em doces afagos
Em frémitos de carinhos ousados
Que incendeiam os corpos carentes
E aliviam os oceanos reprimidos
Em cascatas derramadas no vazio!


Leia este tema completo a partir de 04/10/2010

Alzheimer – Recordações de uma vida - Por Arlete Piedade 

Alzheimer – Recordações de uma vida - Por Arlete Piedade


O velho homem, recebeu-me sorridente á porta do seu apartamento e estendeu-me a mão num cumprimento caloroso, convidando-me a entrar. Lá do quarto, a idosa e quase inválida esposa, murmurou qualquer coisa numa voz quase inaudível, querendo também chamar-me a atenção para ser consolada após uma noite de dores e sonos interrompidos.

Entrei e dirigi-me á cozinha, depois de dar uns bons dias carinhosos á ex-enfermeira, que tinha prestado serviço no hospital do estado numa cidade angolana, ao lado do seu marido, também antigo enfermeiro agora reformado e doente com a famigerada doença de Alzheimer.

Depois de servir o pequeno almoço e ajudar na higiene matinal da senhora doce e carente de atenções que a família não podia prestar a tempo inteiro por razões da vida profissional dos tempos modernos, que nos deixaram a quase todos sem tempo para dedicar aos mais velhos, dirigi-me á cozinha, para confeccionar o almoço do casal, ao qual eu me juntaria.

Estava na altura de ir escutando as recordações do velho senhor, que embora doente de Alzheimer, e muitas vezes esquecendo-se qual a utilidade das coisas no seu lar, recordava com todos os detalhes acontecimentos dos tempos áureos em que vivia em Angola, entre os anos de 1956 a 1974, em que a exemplo de muitos portugueses naquela época, teve que regressar devido á revolução do 25 de Abril desse ano.

Naquele dia era a recordação de um tornado que atravessou a rua principal da cidade, na hora do almoço, em que se dirigia a pé do hospital onde trabalhava, para a sua habitação para almoçar. No meio da rua, dois negros transportavam um depósito de água de 100 litros, destinado ao serviço da sua patroa, para cozinhar e limpar.

A água corrente era luxo de poucos, mas devido á população negra ser largamente superior em número aos brancos era comum, os casais brancos terem serviçais negros para o serviço doméstico, para os trabalhos mais pesados, como ir buscar água, lenha, cozinhar, tratar dos animais domésticos, entre outras.

Então rindo, lá me contava ele como tentava correr pela rua para se desviar do tornado mas devido a uma dor ciática de que padecia e que o fazia coxear, não conseguia correr e a sua esposa da janela da moradia a algumas centenas de metros, assistia a tudo gritando aterrorizada e mandando-o fugir do caminho do fenómeno meteorológico.

Leia este tema completo a partir de 04/10/2010

Sociedades e micro problemas - Por Daniel Teixeira

Sociedades e micro problemas - Por Daniel Teixeira

Ao longo da minha formação pessoal fui confrontado com a necessidade de conhecer as formas de formação das sociedades para entender melhor esta em que vivemos.
A antropologia cultural (aquela que não aldraba) é um dos domínios onde me movimento relativamente bem na medida em que tenho feito bastantes leituras sobre o tema e embora se dê presentemente pouca relevância a estes conhecimentos é por exemplo interessante saber-se que uma parte das concepções de hoje vêm de trabalhos realizados séculos atrás e que uma parte substancial da nossa organização social e económica, cuja origem se atribui ao ontem ou ante ontem tem na verdade muitos séculos de treino histórico.

Aliás um dos problemas grandes das sociedades actuais é por vezes não terem presente as suas origens de forma a saberem aquilo que podem implantar com maior certeza de vingar e poderem também acautelar substancialmente mais aquilo que é relativamente recente em termos de formulação para que essa força enorme que é a cultura social dos povos não venha a confrontar-se com contradições cujo alcance e objectivo não entende.

Na minha vida profissional, como jornalista, embora trabalhe pró bono, ou seja, é uma profissão por vocação mais do que uma profissão no sentido de se executar trabalho remunerado, tenho encontrado em muitos campos, de forma por mim percebida desde logo e outras vezes de forma quase automática, aplicação para muitos conceitos, filosofias, ideologias, teorias e aspectos científicos conhecidos desde longa data e conhecidos de longa ou fresca data por mim que estou convencido que me levam a melhor gerir os interesses e conceitos aparentemente contraditórios com os quais me defronto.

Trabalhando com um jornal online que pretende inserir-se no âmbito da diversidade cultural que é própria da CPLP (Países de Língua Oficial Portuguesa) não é difícil entender-se que para conjugar num campo uniforme uma diversidade geograficamente, economicamente e socialmente tão distribuída é preciso um pouco mais do que a simples boa vontade.

Temos, nós, portugueses europeus e / ou assemelhados, o triste hábito, por vezes, de nos alcandorar como fonte única e genuína da cultura portuguesa e admitirmos com alguma dificuldade a variância da sua complexidade universalista. Temos sempre mais facilidade em aceitar aquilo que «deixámos» por esse mundo fora do que temos facilidade em aceitar aquilo que «recebemos» e os exemplos são tantos que seria preciso um suplemento bem paginado para as descrever com alguma extensão aceitável.

Como exemplo, não partilho do princípio que as coisas se impõem por decreto, naquele sentido em que se contraria através de decreto (forma formal) aquilo que são os movimentos das sociedades. Partilho sim, de uma ideia com conotações um pouco esquisitas e geralmente muito pouco seguida que é o esclarecimento, o convencimento, a função pedagógica.

Se eventualmente se consegue que um decreto (visto neste sentido da sua inadaptabilidade) resulte, em grande parte ele terá pouca duração, ou haverá uma forma de contorno do mesmo que levará à sua inutilidade pelo menos parcial. Não sou contudo avesso a junções que sejam resumos unificadores escritos (em forma de decreto que seja) daquilo que já existe ou que através de uma análise se aponta como direccionado para um dado caminho.

Leia este tema completo a partir de 04/10/2010