domingo, 7 de novembro de 2010

Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Quem és tu?; Perdido na noite; Despertar; Brilho

Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Quem és tu?; Perdido na noite; Despertar; Brilho

Quem és tu?

Te vejo na minha imaginação.
Como você é?
Te imagino como um Deus-deus-Deus
Te quero ou te repudio?
Não sei se te amo ou se te odeio.
Te amo como pessoa


Perdido na noite

Quisera eu, perder-me nesta noite
Não achar mais o caminho de volta
Ficar desnorteado, baratinado, louco
Indeciso sobre que rumo tomar

Quisera eu não acordar jamais
Ficar sonâmbulo, girando em vão

Despertar

Levantar-se, de cara suja
Lavar a cara, olhar-se no espelho
Abrir a janela, ver o mundo
Sem medo, sem mágoa, sem magoar.

Olhar de frente, do alto, para o alto
Sem máscara, sem medo, sem ódio
Subir, descer, aprender, subir de novo.

Brilho

Não sei que brilho é este
que ofusca minha alma
só sei que quero estar
sempre ao lado de ti
Não sei que brilho é este
que me embala e me acalenta
só sei que não posso perder-te

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

No rancho do Santo - arroz carreiteiro, festa e um sanfoneiro tocando...- Por Se Gyn

No rancho do Santo - arroz carreiteiro, festa e um sanfoneiro tocando...- Por Se Gyn

Poucos dias depois de ter baixado para a terrinha de férias, encontrei o Santo e, conversa vai, conversa vem, ele já me convocou para ir com ele para o rancho, para comemorar o seu aniversário, que sempre acontece do jeito que ele gosta: boa comida, bebida (agora só para os outros, porque ele deixou de beber depois de levar uma dura do Dr. Leônidas), família, amigos e, claro, violão e serenata, perto de uma boa fogueira, no ranchinho às margens do ribeiro dos Moleques. Mas, me avisou que, quase todo dia, tinha gente indo até lá, gozando da paz de seu rancho caipira e bem emsombreado.

Dias atrás, fui me avistar com um primo que ainda não havia encontrado e, me informaram que ele tinha ido para o rancho do Santo. «Oba! Estou nessa!», pensei.

Na chegada, senti o cheiro gostoso da flor do assa-peixe, que viceja nas franjas da mata ciliar do ribeirão.

Encontrei o meu amigo à beira do fogão-de-rabo, ocupado com um panelão enorme, preparando um arroz carreteiro (arroz, carne de vaca bem seca e, linguiça de porco também seca, cortadas em pedacinhos, colocados pra cozinhar juntos). Como estava muito ocupado, só o cumprimentei e fui me juntar ao meu primo Zezé e mais alguns amigos, que estavam num canto próximo, tomando cerveja e, consumindo uns pedaços de piau três pintas bem fritos.

Minutos depois, chegou um outro amigo, Walter, que trazia a tiracolo um convidado, que já desceu da camionete empunhando uma sanfona, motivo pelo qual foi saudado com muito entusiasmo pela galera. Como chegaram cumprimentando todo mundo de um jeito bem desinibido, a galera percebeu que ele Walter tinham feito um aquecimento com a «Vale do Cedro» pelo caminho.

Mal o Levi, o sanfoneiro se sentou e, a galera já estava pedindo para que ele beliscasse o fole. Como o Santo estava muito ocupado e, informaram a ele que eu gostava de arranhar um violãozinho, peguei meu instrumento no carro, para tentar acompanhar ao convidado.

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

Ah! rio Araguaia! - Por Se Gyn

Ah! rio Araguaia! - Por Se Gyn

Ah, rio Araguaia! A imaginação que voa feito papagaios, rumo ao horizonte.
O horizonte que se estende depois do cerrado, entre as chapadas.
As margens nas quais meu coração não se estanca com as imensidões indomáveis e, se apacienta com a visão da outra margem (uma outra vida, depois da travessia).
E o vento que alimenta de graça o banzeiro, no afago diário de suas águas.

Estando aí, cessam em mim quase todas as bandeiras e divisas e, o que sei é que o meu território é tão curto em braças, quanto são longos os abraços que te estendo e, que pretendo é apenas gozar do espaço das praias e banhos, com os presentes.

E sempre que chego, em vez de ablução, quero a imersão completa em suas águas, para me batisar outra vez e, pedir que suas águas lavem de mim todo o ranço excessivo de identidade, ensinando-me a saciar também de alegria, silêncios e as horas que se sucedem.

Ah, rio Araguaia! Vale de sonhos rebuscados, leito de visões e versos, fundos de redomoínhos de alma e vida.

Vou de mala e cuia. A família vai inteira. E nos atiramos na estrada tão certo do que buscamos!.

Os corações vão cantando em uníssono dentro de uma canção emprestada e, as vontades inteiras, mal podem esperar, enquanto o carro atravessa a longa estrada, em que vai se descortinando o cerradão, morros e tabuleiros.

Entrando em teu grande vale, as vistas já descansam, e já sossegam as expectativas já sossegam no peito, sabendo que vc está logo adiante, majestoso e belo, nas suas sinuosas curvas, onde brotam as prais de areias brancas.

A beira da sua barranca, as minhas preocupações apenas se desvanecem, para que, eu me entregue sem resistência à paz da vista e das paisagens de cartão postal estabelecidas margem acima.

A ti entrego minhas prendas de respeito e amores. De ti, espero a glória de viver o extase destes poucos dias em que me abrigas tão bom, tão velho e doce.

Enquanto o barqueiro nos leva para uma praia rio acima, não quero ouvir mais do que o som do barco singrando as águas da corrente, enquanto vou avistando nas margens as garças e tracajás ao sol, abrigados em alguma raiz ou escolho, tão despreocupados que, pergunto se não se sentem ainda no instante seguinte ao da Criação.

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

POESIA DE MARIA DA FONSECA - Rosa-chá; Numa Noite de Verão; Linda Princesa

POESIA DE MARIA DA FONSECA - Rosa-chá; Numa Noite de Verão; Linda Princesa

Rosa-chá

Que linda a rosa morena
A enfeitar meu jardim!
Ontem, pálido botão,
E hoje, já estás assim.

Pelo Sol iluminadas,
Tuas pétalas macias
Brilham agora trigueiras,
A invocar fantasias.

Numa Noite de Verão

A mágica noite cai
Em tons de azul sucessivos.
Sobe a Lua no crescente,
Seus raios lindos e vivos.

Desenham-se as palmeiras
No tom mais aveludado,
Com palmas verdes, serenas.
Ambiente apaixonado.

Linda Princesa

Em Evora ainda chove!
Toda a região festeja.
Já o calor abrandou
E toca o sino da Igreja.

O sino da Igreja toca,
Insiste com alegria,
Em marcar todas as horas,
Sempre cantando Maria.

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

Poesia de Ilona Bastos - FALAR DE MIM; EU SEI; A BUSSOLA

Poesia de Ilona Bastos - FALAR DE MIM; EU SEI; A BUSSOLA


FALAR DE MIM

Nas coisas e nos seres
estampo a minha luz.
E descrevo-os, assim,
Luminosos ou sombrios,
Consoante me sinto.

Falar do que me rodeia
E, por isso, falar de mim.
Como evitá-lo?

EU SEI

Eu sei que apetece desistir
e desesperar,
eu sei.

Mas repara, está lá tudo,
nesse incrível caldeirão
que é o mundo.

Está o sofrimento
misturado com o amor,
e a meiguice dissolvida
em azedume.

A BUSSOLA

Eu tenho esta bússola, meu guia,
Que em cada dia inspira o meu caminho
E no caminho indica a direcção.
.
Confio nela? Mais que em guru!
.
Se o rumo perco, quem vai me socorrer?
Quem sabe dos meus sonhos e ilusões,
Dos medos, das acções e omissões?
.
Só ela, bússola, minha consciência,
Me sabe as qualidades e os defeitos
Que ao mundo passam mudos, ignorados.

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

sábado, 6 de novembro de 2010

POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - Dueto__Jose Geraldo Martinez_&__Cleide Canton (on line)

POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - Dueto__Jose Geraldo Martinez_&__Cleide Canton (on line)

MINHA POESIA !

José Geraldo Martinez

Minha poesia tem volúveis sentimentos ...
Dores infindas, idas e vindas.
Amores perdidos no tempo!
Minha poesia tem alegria
juntada a lágrimas frias,
minhas e de quem não vejo!
Tem flores murchas, violetas vivas... aconchego !
Dorme em qualquer peito,
amantes de qualquer leito...
Boêmia, por inteira !
Tem as frias madrugadas,
os sonhos por qualquer estrada...
hospedeira!
Minha poesia é leviana, sem dono...

Meus simples versos

Cleide Canton

Estes meus tolos versos perdidos, sem declamação,
se desgastam com o tempo, sem perdão!
Rabiscam formas verdadeiras vestidas de fantasia
onde o que se cria
deixa pulsar mais forte e sempre
um tolo coração.

Estes meus versos de momentos verdadeiros
são simplesmente hospedeiros
das emoções confundidas,
das lágrimas desiludidas,
das dores de saudade
e das tão poucas alegrias da realidade.

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

Teoria do Conto Breve - Por Abílio Pacheco

Teoria do Conto Breve - Por Abílio Pacheco
a Lygia e Cortázar
I
Sentou-se à mesa, sabia: não há que se respirar fundo, basta somente um sopro.
Preparou o pito (água e sabão), cochichou bem de leve como se contasse segredo ou soprasse vela sem querer apagá-la.
Apurou os olhos no côncavo da borbulha.

II
Súbito, preciso, soltou-se o globo no ar. E explodiu.

Atlântida

Sempre que voltava ao trabalho após o almoço, adormecia. E, quando o ônibus avançava pela avenida em direção ao mar, passava-lhe um pensar à-toa que aos poucos tornou-se um sonho recorrente, depois progressivo.
O coletivo passaria direto ao fim da avenida, mergulharia e, no fundo do oceano, todos iriam viver sem desejar mais a superfície. E ele se casaria com uma sereia.
Como um dia no parque, uma festa de fim de ano, um presente de aniversário, a lembrança dessa esposa o acompanhava e o agradava. Mais que isso, ansiava por ela.
Até que acordou submerso e, à visão reconfortante da cauda enorme, alegrou-se.

Espólio

Vivia numa alegria enorme, cabendo mal em si. Havia nascido grande, perto de adulto.
Seu pai - demiurgo o havia feito assim. Completo; à base de tinta em face lisa, alva e chã. Tinha amigos, nome e cor de olhos. Mais que isso, cosido e recosido, desfiado e retecido, tinha já história: plena, embora de curto enredo, intriga simples, desfecho claro. Sentia-se brioso.
E mais ainda, ao ter por certo, quando posto num cubículo escuro junto a outros parelhos seus, que dali sem tardança partiria rumo ao prelo. Ansioso sempre, de mais a mais, notava um fio de sol e a luz cegante, sentia ímpeto de... Antes, contudo, aumentado o aperto, o espaço de novo escurecia.
As vezes, de surpresa, eram recolhidos e postos à mesa; ele ficava convicto da viagem à prensa. Eram remexidos, embaralhados, uns apartados, outros riscados, uns amassados, outros dobrados... mas ele sempre voltava à gaveta fria e bafia. Com o tempo se foi recolhendo, perdendo todo o gáudio. E mesmo quando sentiu bruscos vacilos no móvel, fado algum lhe apontou a mais remota edição.
Da escrivaninha ouvia vozes raras, portas rangentes, mastigados silêncios. Sentia-se estático e inconcluso, década a fio em meio trevoso. A face desalvecia. Seus parelhos encarunchavam, bafiavam mais. Até que, às vozes próximas, ouviu: «escritor», «morreu».

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010