domingo, 21 de novembro de 2010

Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano. - ODE AOS PAJADORES

Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano. - ODE AOS PAJADORES

Autor: ACAS - PREFACIO: o leitor deverá entender que o ACAS pesquisa falares e acentos regionais brasileiros, há longa data. As «pajadas», ao que parece originária ou originadora das «payadas» platinas, são na interpretação desse caipira paulista, «causos em versos».

E o índio velho, queixo duro, estava cevando o mate amargo. A prosa galponeira estava animada. Há muito tempo aqueles gaudérios pretendiam fazer aquele tchêncontro, com surungo, roda de jogo de truco, vinho, um assado, umas bagas, um amargo e uma charla ao pé do fogo. Ele gostava de haraganear, por isso o evento lhe agradava.
Enquanto despejava mais água fervente na cuia de prata, o índio velho e aporreado; lembrava dos tempos em que desfilava com seu flete nas coxilhas e invernadas verdejantes, varridas pelo Naragano; que fazia com que os ossos doessem do fresco demasiado, mesmo usando o poncho, sombrero, pantalonas e botas de couro; mas a cuia ficava à la cria!

Ele lembrou também do cusco preto que o seguia ao pé de seu bagual, nas vezes em que ia a um bolicho ou para ver uma chinoca querida. Lá, ele se encontrava com os gaiteiros, chamameros, poetas e pajadores, que se apresentavam, por uma baga , na tertúlia nativista, com o melhor da poesia crioula.
Naquelas noites trigueiras, enquanto dobravam o cotovelo, se mateavam ou tomavam a água-benta, ou o vinho da colônia, iam sentindo saudades dos tempos de guri e piá hermoso, das coisas da vida levadas à laço e espora, da querência amada. No final da tertúlia, era sempre servida uma comida campeira e um churrasco digno de um campeiro gaucho.
Mesmo depois de comer, beber, ouvir música, abichornar-se e chorar de saudades, o índio velho, por gracia do Patrão Velho, num upa, ele abria cancha para o onírico e ficava ali, à meia guampa, fingindo não estar gateado, um tanto jururu, declamando «pajadas» do macanudo gaudério Jayme Caetano.
Afinal, nesta vida campeira, ele já estava com o pé no estribo; pronto para falar com o patrão velho. E então, o índio velho levantou-se e em voz solene, declamou esta pajada: .......................................................................eis a pajada:

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Hematofagia (primeira parte)- Conto por Roberto Kusiak

Hematofagia (primeira parte)- Conto por Roberto Kusiak

I- Hábito de alimentação daqueles animais que chupam sangue de outros animais. Representa uma forma especializada de ectoparasitismo. Hematófago: do grego Haima (de haimatos): «sangue» e Phagein: «comer». Destacam-se no rol dos parasitas, ou hematófagos, os pernilongos, piolhos, pulgas, carrapatos, sanguessugas, barbeiros, borboletas e morcegos das espécies Diaemus youngii, Desmodus rotundus e Diphylla ecaudata, conhecidos como vampiros, encontrados apenas na América Latina e no Sul do México.

A palavra Vampiro (do Sérvio: Vampir), surgiu por volta do século XVIII (também constante nos idiomas tcheco, russo, búlgaro e húngaro). De acordo com as lendas Eslováquias e Húngaras, a alma de um suicida deixava seu sepulcro à noite para atacar os humanos, retornando como morcego, antes do sol nascer.

Ainda de acordo com as lendas, suas vítimas também se tornavam vampiros. Assírios e Babilônios também contam sobre criaturas que sugavam sangue de humanos e animais de grande porte. Outros mitos pregam que as pessoas excomungadas, tornam-se vampiros, até que os sacramentos da Igreja os libertem. Crianças não batizadas, e o sétimo filho de um sétimo filho também se tornariam vampiros.

II

Vilson chega atrasado ao escritório de contabilidade, estava mal humorado, pois a noite passada não tinha sido das melhores. Senta-se na cadeira estofada e abre o jornal do dia. A manchete chamava a atenção: «Corpo de jovem é encontrado em um banhado, às margens do rio Caí, no terreno onde será implantada a Estação de Tratamento de Efluentes da Prefeitura Municipal. Segundo a polícia, a vítima, uma jovem aparentando vinte anos, pode ter sido morta em outro local.

Um detalhe chamou a atenção dos policiais, duas perfurações no pescoço e marcas pelo corpo nu da jovem, parecendo picada de insetos. Fato estranho e ainda inexplicável, segundo o inspetor Valter, foi a presença de algumas sanguessugas mortas próximo ao corpo. O IML removeu o corpo foi removido para a casa morte».

Vilson larga o jornal em cima da mesa e acende um cigarro, olha para o telefone e hesita. Desiste, ligaria mais tarde, de um orelhão para não deixar rastros.
- Bom dia Senhor Vilson.
- Vilson, apenas Vilson. Já falei um zilhão de vezes.
- E o costume. Aqui estão os contratos da empreiteira. Eles querem que façamos milagre. Já trago seu café.

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Crónicas «Ver e Sentir» - Por Cristina Maia Caetano - (LX)

Crónicas «Ver e Sentir» - Por Cristina Maia Caetano - (LX)

O Livro «Cartas de Amor do Profeta», de Kahli Gibran, foi para mim uma verdadeira bênção! Percebi que existem pessoas absolutamente honestas e verdadeiras naquilo que dizem, agem, manifestam e escrevem sem qualquer tipo de preconceito. Afinal, a grandeza humana, está precisamente no carácter e na pureza de alma! De ambas as coisas, Gibran mostra-se condigno e bem repleto!

Habilmente, na pág. 32 do referido livro, Gibran, humildemente divulga sem qualquer pudor, factos que considera como uma das suas maiores fragilidades (directamente e em primeiro lugar à sua amada. Depois e por consequência obviamente aos leitores). O discurso gira em torno do dinheiro, ao que Gibran anuncia sinceramente: «Sempre tive vergonha de aceitar o teu dinheiro. Sempre perguntei a mim mesmo se era correcto deixar que isso acontecesse. Muitas vezes quis partir, e deixar-te para sempre, mas então pensava: «Ela já me deu tanto! Achará que sou um homem ingrato».

O facto de ter que depender da tua caridade era para mim uma maldição e uma tortura. Davas-me com alegria, e eu aceitava com tristeza. Agora, no entanto, prometo nunca mais agir assim; se me deres, está tudo bem. Se não me deres, está tudo bem. Se me deres e me pedires de volta, também está OK. ... Só agora entendo que este dinheiro significava o quanto tinhas fé no meu trabalho, e no homem que sou. No entanto, mais do que dinheiro, deste-me literalmente o dom da vida. Eu não poderia ter vivido sem esta paixão, sem este amor; quanta gente morre todos os dias porque não encontra quem a ame».

Sem dúvida e de forma brilhante, este pequeno trecho, foca um dos maiores problemas da humanidade: dinheiro e dependência de terceiros. Se por um lado não é desejável não o ter, por outro é uma bênção ter ajudas. Mas também é certo, que não é mau não o ter, não é mau ter-se ajudas e, não é mau ter-se bastante e até em demasia.

O importante mesmo, é como se age perante cada situação específica. O importante mesmo, é perceber porque cada situação acontece. O importante mesmo, é compreender que cada situação acontece simplesmente porque tem de acontecer, seja para crescimento interior, seja para se ter certeza do que se quer e do que se anda a fazer. Mas, seja lá para o que for, apenas a cada um diz respeito, de acordo com o tempo de capacidade de mudança de cada qual. Na realidade e de facto, acredito mesmo, que tudo está ao nosso alcance susceptível de ser mudado. Na realidade e de facto, considero mesmo que a vida é um constante acto de criação e de livre arbitro, até mesmo em relação ao dinheiro.

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Boca de urna - Por Abilio Pacheco

Boca de urna - Por Abilio Pacheco

«Ainda estão conferindo os votos!? Quem está na frente?» Quantos dos poucos leitores que vem até aqui votaram, como eu, em urnas de lona? Acho mesmo que a maioria deve nunca ter visto uma urna de lona, assim como nunca viram um disco de vinil ou um telefone à ficha. Se não fosse a urna digital, ainda amanheceríamos esta quarta sem saber quem havia vencido as eleições. Talvez a apuração ainda durasse até sexta-feira.

Eu mesmo votei poucas vezes na urna digital. Longe de meu domicílio eleitoral, tenho mais justificado que votado. Nas primeiras eleições em que participei ativamente (uma ainda não votando), além de não ter ainda contato com este objeto inovador em termos de apuração, foram os anos em que trabalhei em boca de urna. Causa-me espanto a quantidade de pessoas que foi pressa este ano fazendo isto. Mesmo na época era espantoso, reservavam um ginásio para os detentos. Causa espanto como prendem tantos e tantos escapam. Eu escapei, ileso.

Não tão ileso. Fiz boca de urna duas vezes. A primeira para a direita, além da aventura, receberia um trocado que faria alguma diferença no meu parco orçamento de adolescente (sim, ainda era menor de idade). Na época, reuni-me com outros do mesmo top que eu para poder «trabalhar». Era fácil saber quem estava fazendo boca de urna pelo mesmo candidato: tínhamos uma fitinha de duas cores presa no braço.

A segunda vez foi para a esquerda. De novo a aventura, mas desta vez não havia trocado, mas ideologia. Foi meu primeiro ano como eleitor e já parecia antever alguns problemas da esquerda, suas relações internas. Não, eu não era (nunca fui) filiado, só simpatizante. Nesta época, eu era ativo no grêmio da escola e frequentava os meios intelectuais que me eram permitidos na minha Macondo.
Frequentava também espaços ligados ao partido e aos principais candidatos. Entretanto, fiz campanha, panfletagem e boca de urna para um candidato a vereador inexpressivo. Eu sabia que o voto de legenda era importante e que, mesmo sem ganhar, os votos que ele recebesse ajudariam os candidatos principais. Mesmo dizendo isto, o pessoal torceu-me a cara.

Daí não saí tão ileso. Para a direita, não trabalharia depois nem por dinheiro. Quando comecei a compreender um pouquinho de política optei pela esquerda, mas acho que demorei a entender seus descaminhos. Atualmente não faço boca de urna nem campanha. Não quero correr o risco de alguém errar junto comigo. De todo modo, valeu pela aventura, e os arranhões podem ter ajudado a engrossar a pele.

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Rede Globo denegrida imagem de Cabo Verde - Por Popas Furtado

Rede Globo denegrida imagem de Cabo Verde - Por Popas Furtado

Qualquer cidadão cabo-verdiano iria se sentir revoltado após assistir ao ultimo programa «Fantástico» exibido no ultimo domingo dia 14 de novembro na Rede Globo, TV Brasileira considerada a quarta maior do mundo. Pois, Cabo Verde foi muito mal retratado com base em informações não verídicas, inventadas.

Não é de hoje que no Brasil qualquer país africano é logo associado à pobreza, fome, doenças e outros males sociais. Este preconceito que se justifica pela ignorância e a má informação têm dado muito que falar. O espanto desta vez deve-se ao facto de se tratar da Rede Globo TV o maior canal de televisão do Brasil.

A matéria que teria como objectivo retratar a realidade das mulheres conhecidas como «mula do tráfico» (presas no aeroporto de fortaleza por trafico de drogas) acabou por ser motivo de revolta por parte dos cabo-verdeanos. Isto porque os repórteres se limitaram em «diminuir» a imagem de Cabo Verde.

Os repórteres da Rede Globo foram falar e gravar entrevista com as presas de Cabo Verde no presídio feminino Auri Moura Costa, na Região Metropolitana de Fortaleza, depois viajaram para Cabo Verde onde iriam mostrar a um pouco daquilo que é Cabo Verde e falar com os familiares das presas.

E eis a informação que a Globo passa em pleno domingo num dos programas de maior audiência no país, sobre Cabo Verde:
- «O país deixou de ser colônia portuguesa em 1975. Tem cerca de 400 mil habitantes que vivem da agricultura e da pesca de atum... No fim de outubro, os porteiros do cais estão em greve por melhores salários. Em Cabo Verde, é difícil encontrar quem ganhe mais de R$ 150 por mês. E, entre os desempregados, a maioria tem menos de 25 anos». Só para completar 150 reais seria o equivalente a seis mil escudos.

Isto é mais uma prova de incompetência profissional e falta de capacidade na procura de fontes fiáveis. Até porque qualquer Brasileiro que pisar no solo das ilhas de Cabo Verde iria se fascinar pela riqueza cultural, social, política e econômica, que até mudaria a idéia a pensaria em cabo verde como lugar para viver, igual a outros muitos que estão na «Africa», igual eles referem: a «Africa».

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CORONEL FABRICIANO - 049 - Laqueadura de trompa; ‏ 034 - A Janela -  BENEDITO FRANCO

CORONEL FABRICIANO - 049 - Laqueadura de trompa; ‏ 034 - A Janela - BENEDITO FRANCO

Quem conhece o Inhotim está ganhando... e muito! Uma maravilha de Jardim Botânico, onde o paisagismo teve influência marcante de Roberto Burle Marx (1909-1994), na cidade de Brumadinho, MG, a 60 km de Belo Horizonte. O jardim mais bonito que já vi. Artes e mais artes expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes, embora haja bastante arte contemporânea, a meu ver, muitas sem nada dizer e de mau gosto.

Arte contemporânea, na maioria das vezes, é o atestado de incompetência em arte – muita bobarte ou tapiarte...

049 - Laqueadura de trompa.

Tarde movimentada na rua: matar-se-ia um porco muito gordo... imenso, como nunca se tinha visto por lá. Toucinho valorizado bem mais que a carne - não havia ainda óleo de soja, ou outros óleos, para o uso diário, como hoje.

Havia o matador e o castrador de porcos - o castrador de porcas também existia e era profissão mais especializada; inexistiam os hormônios para que os animais engordassem - castrar, a arma eficaz.

O açougueiro - ou melhor, o matador de porcos - preparou as facas, o machado, para dar a pancada na fronte e para separar os ossos e costelas; as folhas de bananeira, as verdes para, no chão da rua sem calçamento, servir de assoalho e proteção contra a sujeira e lama formadas e as secas para chamuscar todo o pêlo; as panelas, ou latas de querosene, para ferver a água, e canecões para jogá-la fervendo em cima do porco - ou capado - e, com o raspar das facas, tirar-lhe a primeira pele chamuscada e o resto de pêlos. Fogão feito na rua mesmo, com três pedras, e facas amoladas numa pedra qualquer, encontrada ali por perto, ou as do fogão. Na época inexistiam, nem lá e nem nas redondezas, ruas pelo menos calçadas, muito menos asfaltadas - talvez na vila uma pessoa sequer conhecesse o asfalto.
A matança, gritos e berros!

Depois da pancada com o olho do machado, o porco gritava e berrava muito, desesperadamente, mas sucumbia, esperneando, e morria de pernas para o ar. Sangrado, o sangue guardado para o chouriço. Entrava em ação o fogo e logo após a água fervendo para lhe tirar o pêlo restante. Usavam-se a faca e o machado para abri-lo, cortando os ossos para separação ao meio e as bandas colocadas ao lado enquanto se preparava a barrigada. Bandas, as duas partes em que se dividia o porco, compostas do toicinho, da carne e dos ossos. Na barrigada separavam-se os rins para doá-los ao botequim mais próximo, servindo de salgadinho para as pinguinhas dos bebuns - prêmio aos sapos e espectadores!

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COLUNA DE ABILIO LIMA - Agenda europeia da semana e noticiário da União Europeia.

COLUNA DE ABILIO LIMA - Agenda europeia da semana e noticiário da União Europeia.

Agenda europeia da semana.


22 de Novembro: Por ocasião da cimeira UE-Ucrânia, assinatura do quinto relatório conjunto sobre a aplicação do protocolo UE-Ucrânia em matéria de cooperação energética.

22 de Novembro: Conferência de alto nível para marcar o 10.º aniversário do diálogo UE-Rússia em matéria de energia.

22 de Novembro: Sessão de trabalho para apresentação da comunicação da Comissão sobre a Política Agrícola Comum 2020, nas instalações da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
23 de Novembro: Catherine Ashton, Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, participa na reunião ministerial da parceria oriental que tem lugar em Bruxelas.
23 de Novembro: Apresentação da nova iniciativa no âmbito da estratégia «Europa 2020» - «Novas competências e novos empregos: contribuição europeia para o pleno emprego».

23 de Novembro: Comissão adopta resolução com propostas concretas para a criação do corpo voluntário europeu de ajuda humanitária.

24 de Novembro: II Jornadas de Ambiente em Aveiro. Organização do Centro Europe Direct de Aveiro.

25 de Novembro: Comissário do Emprego apresenta o relatório de 2010 sobre o «Emprego na Europa». Este relatório oferece um panorama completo da dinâmica do emprego na UE.

26 de Novembro: Intervenção sobre as «Estruturas Institucional e Política após o Tratado de Lisboa», Faculdade de Economia de Coimbra.

29 de Novembro: Associação Zona Segura - 1ª Convenção Nacional do Condutor Sénior, Universidade Lusíada, Lisboa.

29 e 30 de Novembro: UE e África organizam a sua terceira cimeira em Tripoli (Líbia). Prevê-se a participação de 80 Chefes de Estados e de governo africanos e europeus. O tema geral é o «Investimento, o crescimento económico e a criação de empregos».

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