sábado, 4 de dezembro de 2010

Cansaço - Por Wilson Torres

Cansaço - Por Wilson Torres

Sinto que o percurso é curto e enredado entre os meus e os teus dedos, percorridas que são céleres as distâncias enquanto os nossos corpos permanecem estendidos, deitados como corpos de outros que não nós colados em silêncio que é ao mesmo tempo grito vindo de dentro de nós como o fogo ardendo que não queima.

Seja tudo suor ou lágrimas (nunca se sabe) os nossos desejos antes tão desejados foram agora cumpridos como num relógio e consumidos - deles nada mais resta.

No silêncio dos corpos as argolas de fumo consomem-se no ar enquanto na tua fonte escorre o líquido que te molha e me enerva. E é uma chuva entre ervas que se dilui como eu me diluo nesta vontade de partir para o laranja tardio que aparece atrás do monte e das árvores entrando pela janela aberta onde balouçam as cortinas que não fizeste.

Calmo estou, mesmo assim, calmos estamos (tu estás sempre calma - ou será apática?) e os teus dedos percorrem o percurso do meu corpo. Pudera, não tens outra coisa que fazer senão entreteres-te, brincar, como brincas sempre.
Inebriam-te as sereias cantando à passagem na viela escura em que se tornou o quarto em noite já cansada de navegar e eu vejo-me em rosto inocente, imaginando de novo a vitrina baça da loja, com roupas, cestos e cordas e sinais em fogo de luzes e fumo na neblina em que nos reencontrámos.

Ainda sou o mesmo, ainda me sinto o mesmo. Mas tu já não és...eras livre, filha da rebeldia que o sangue derramado sagrou em mãe forte, senhora da floresta e do deserto. Eu ainda sou, ainda sou, na noite incerta que vibra ainda aos passos dos assassinos da tua vontade de seres.

Cubro-me no meu mundo, tenho medo do teu, mas da sombra escaldante desce sempre o movimento curvo das tuas asas. Estás aí, estás aqui, quisera que não estivesses. Passado tempo, todo o tempo em que ainda tenho de ficar não querendo, uso o manto nocturno mas não sei se o sonho constante nas horas perdidas em ti me volta ao corpo ou se o teu e o meu desejo renascendo vencem a castidade da minha ausência.

Leia este tema completo a partir de 06/12/2010

Conto Infantil / Juvenil de Cremilde Vieira da Cruz (Avómi) - Os Leões lutadores

Conto Infantil / Juvenil de Cremilde Vieira da Cruz (Avómi) - Os Leões lutadores

Os Leões lutadores

Havia festa na selva e todos os animais confraternizavam. A festa havia sido organizada pelo Leão Elias, o mais respeitável leão das redondezes.

Desde as melhores comezainas ao mais elegante desfile de modas, tudo aconteceu e todos os animais estavam radiantes naquele dia. Eram Leões, Elefantes Zebras, Rinocerontes, Tigres, Veados, Lobos, Raposas, Esquilos, Cobras, Lagartos, Aranhas e muitos outros.

O Leão Elias tinha-se feito acompanhar pela Leoa Belezura, a mais bela leoa da floresta.

Ora, como se pode imaginar, o Leão Elias estava muito vaidoso ao lado da sua bela namorada, só que, a certa altura da festa, o Leão Josué começou a fazer uma conquista cerrada à Leoa Belezura e o Leão Elias não achou graça nenhuma, pelo que não esteve com meias medidas, atirou-se ao Leão Josué e travaram uma luta tão grande, que não houve mais sossego no local.

O Elefante Trombudo, preocupado com a ocorrência e receando que a luta resultasse em desgraça, resolveu intervir e, fê-lo de tal jeito, que os dois inimigos desapareceram um para cada lado e ninguém mais lhes pôs a vista em cima.

O Elefante Trombudo era passivo e todos os animais da floresta o conheciam como tal, de modo que, quando o viram de tromba levantada, orelhas no ar, correndo em direcção aos leões lutadores, ficaram de olhos arregalados sem que qualquer deles tivesse coragem de se intrometer.

Assim, o Elefante Trombudo ficou com todo o campo descoberto para agir e, desta forma conseguir assustar os leões, apesar de não lhes ter feito mal nenhum; apenas se impôs pelo seu tamanho e pela atitude decisiva e espontânea. Claro que, a festa terminou ali e todos os animais que antes estavam tão bem dispostos, ficaram tristes.

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POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - DUETO: Martinez & Maria Luiza Bonini - QUISERA! José Geraldo Martinez CRIANÇA DO ASFALTO - Maria Luiza Bon

POEMAS EM DUETO COM JOSE GERALDO MARTINEZ - DUETO: Martinez & Maria Luiza Bonini - QUISERA! José Geraldo Martinez CRIANÇA DO ASFALTO - Maria Luiza Bonini

QUISERA!

José Geraldo Martinez

Ah! Meus içás de chuva
no céu cheirando terra!
Envernizadas asas... Quisera
voltar àqueles tempos ingênuos
da minha infância, pudera!

As ruas largas de chão,
nas horas de mil histórias...
A lua fazendo clarão,
nas noites que iam embora.

A venda de fraca luz,
onde tocava um sanfoneiro ...
Trazendo sono ao menino,
com sonhos de cavaleiro!

Buscaria louras tranças,
da menina Conceição...
Partiria por mil estrelas, num cavalo alazão...

Criança do Asfalto

Maria Luiza Bonini

Ah poeta eu também queria
Ter imagens, sons e tons de mato
Em minha fria galeria
Onde inexiste a natureza em retrato

Como eu queria ter sido infante galopante
Em um lindo corsel
Com a liberdade que nos faz errante
Liberta à vida tendo como teto só o céu

Queria poder afagar as flores
Frutos, bichos e até banhar-me em rios
Sentir a natureza gestando seus amores

Leia este tema completo a partir de 06/12/2010

POEMAS DE JOSE GERALDO MARTINEZ - DEVOLVA!; QUERO VIDA...

POEMAS DE JOSE GERALDO MARTINEZ - DEVOLVA!; QUERO VIDA...

DEVOLVA!

Devolva, mulher, tudo que eu te dei...
Preciso agora, com urgência!
Todo amor que eu te ofertei e
hoje sou pura carência...

Devolva, mulher, os beijos...
Aqueles que dei com sofreguidão!
Outros cobertos de desejos,
sobre teu corpo em minhas mãos...

QUERO VIDA...

Meu amor, eu quero vida...
Para acariciar mais o teu rosto!
E teus lábios por guarida,
para que eu sinta por mais tempo o gosto...

Meu amor, eu quero vida...
Para contemplar por mais tempo o teu sorriso!
E teus braços acolhedores,
para os meus medos, se preciso...

Meu amor, eu quero vida...
Para desfrutar ainda mais da tua presença!
E tuas palavras sussurradas em minha alma,
quando pesada for a tua ausência...

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Poesia de Sanio Aguiar Morgado - POESIA INVISIVEL; AMANTES; TESTAMENTO I

Poesia de Sanio Aguiar Morgado - POESIA INVISIVEL; AMANTES; TESTAMENTO I


POESIA INVISIVEL

E preciso escrever
para que não se perca
esta loucura toda.

Cada gota é importante
deste metal líquido,
este mercúrio da alma.

Por que se o perdermos,
reagirá em espuma e fumaça,
ficará desfeito na chuva.

AMANTES

Ambos assim entrelaçados,
entregues e inertes neste momento,
restamos docemente fatigados
ao amor que nos deixa derrotados.

Corpos unidos e abraçados
com nossos sangues mais quentes,
nos aquecem mais que as roupas
lançadas ao chão mutuamente.

TESTAMENTO I

O que me pertence
é esta escrivaninha velha,
e uma máquina de escrever.

E a chuva que cai,
a solidão da tarde e
os versos que deixarei.

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Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Meu armário ; Meu Ano Novo é de tristeza ; Este amor é proibido ; Caminhando só

Poesia de Valdeck Almeida de Jesus - Meu armário ; Meu Ano Novo é de tristeza ; Este amor é proibido ; Caminhando só

Meu armário

Quando te abro
Vejo meu peito escancarado ao mundo:
Cartas, livros, poemas,
Tristezas e alegrias escondidas pelos cantos;
Fraquezas, grandezas, partes de mim;
Cheiro de mofo, perfume, ciúme;
Tudo o que compõe minha alma de contradições.

Meu Ano Novo é de tristeza

De sofrimento e de dor
Só não sei se suportarei
Esperar a morte natural.

Talvez eu antecipe
Meu sofrimento insano
Antecipando também
O sofrer dos familiares.


Este amor é proibido

Mas o quero mesmo assim
Pois só ele me consola
E me tira da tristeza
Só ele me alivia
E me tira deste tédio.
Pra minha doença incurável
Somente ele é o remédio.


Caminhando só

Caminhamos sozinhos
E, às vezes, sós, com alguém.
Dividimos emoções, amor, paz
Crescemos juntos...
Depois chega-se ao ponto final
Onde tudo é apenas um ponto

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Poesia de Raquel Luisa Teppich - Gorrión; La voz de mi Mami ; Oxidado

Poesia de Raquel Luisa Teppich - Gorrión; La voz de mi Mami ; Oxidado

Gorrión

Vuela sin rumbo
señalado cada
nueva Primavera.
Posaste tu frágil
cuerpito sobre
el cedrón
de mi jardín.
Admiré tu
forma de batir
tus alas libres,
tal vez
buscando el amor.
Ojitos estruendosos
temerosos
al menor ruido.


La voz de mi Mami

Atesoran mis oídos
tu maravillosa voz
Madre dulzura,
Madre
de pies a cabeza.
Tus sermones
se engalanaban
en tus labios carmesíes.
Revivo tus cantos
tu entonar
cadencioso,
similar a una
caricia de terciopelo.

Oxidado

Transcurría el almanaque,
se acentuó el desgaste,
la pasión se herrumbró.
Miradas frustradas,
cobardía ante el fracaso.
Amar, dura tarea,
dulce elixir para
la sobrevivencia.
Dilatada la unión
en avatares diversos.

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