sábado, 5 de fevereiro de 2011

CORONEL FABRICIANO - 128 - Grogotó - BENEDITO FRANCO

CORONEL FABRICIANO - 128 - Grogotó - BENEDITO FRANCO

Quando você toma água de seu filtro, você sabe donde vem e como está a água bebida.
Quando você toma água mineral, você sabe donde vem e como está? Será que ela é mais pura que a sua? E você ainda vai jogar garrafa plástica na natureza, danificando o ambiente – produto ecologicamente incorreto! E mais: como a água é, quase sempre, de multinacionais, você enviará dividendos para fora do Brasil... Já pensou nisso?
Na Inglaterra, onde pode-se beber água direto da torneira, há uma campanha para não tomar água mineral.

128 - Grogotó

Todos os meses visitava algumas indústrias em São João Del Rey e Barbacena. Numa e noutra cidade um lindo e confortável hotel tipo colonial. Alternadamente dormia numa ou noutra cidade.

Como viajava para vários lugares, nem sempre encontrava hotéis confortáveis. E em assim sendo, a estadia em Barbacena ou São João era sempre prazerosa.

Antes da viagem, a Secretária da firma reservava o apartamento nos hotéis onde eram mais difíceis as vagas – o Grogotó de Barbacena sempre um problema. Ou melhor: dois problemas em eu conseguir me hospedar: primeiro a dificuldade de achar vagas; segundo: não iam com minha cara – barravam-me constantemente.

Certa vez, na mesma histórica Barbacena, no Hotel Grogotó, a secretária, como sempre, telefonara reservando o apartamento para mim. Apesar disso, quando cheguei, os recepcionistas colocaram empecilho – reserva feita, alegaram que se enganaram e todos os apartamentos estavam ocupados, exceção à única Suíte Presidencial.

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Amália Faustino Mendes - Poesia - Efemeridades

Amália Faustino Mendes - Poesia - Efemeridades

Efemeridades

Um triz é o que corresponde o fôlego
Com que se oxigena o cárcere do ego
Se arma, bactéria, ou um minúsculo vírus
Abalroarem o motor de quaisquer gurus!

Com a cabeça cheia de planos, chega-se à meta,
Ainda olhando, de soslaio, o percurso e a partida,
A lembrar, duma vez, quão curta foi a estada,
Que nem os avanços tecnológicos deram guarida.

A tafofobia (1) prossegue em termos lógicos,
Sem a certeza de se estar em vida ou na morte
Seguindo, com aparência de ubiquistas (2) loucos
Que não temem enfrentar um zurzidor (3) de porte.

Agora, e não sempre, se actua na moda assim:
Se tem contas de ubiquista ela é ajustada, sim
E não tem talho, ainda que se fica sem ar,
Nos pulmões nunca estupefactos fora do bar!

E assim se somem e se consomem os gajos,
Cujos bens materiais ficam em despojos,
Excedentes de um e de outro, sem cortesia
Permanecem em perfeita e idêntica paralisia!

Só se conhecem os destinos de cada qual,
Mas fica-se por saber em que esbulhos de capital
Se deduz a causa do perecimento do danado
Que, mesmo sem habilidade, se salvou a nado!


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Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - A CAMINHO DO NORTE; Ausência/Presença

Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - A CAMINHO DO NORTE; Ausência/Presença

A CAMINHO DO NORTE

Que mês é este?
Há um pássaro que canta,
Enquanto me encaminho para norte.

Não me perguntes que horas são,
Nem a que norte me dirijo.
Não me perguntes nada,
Apenas fujo!

Mas que mês é este?
Será Setembro?
Se for Setembro,
Não te vistas de negro,
Nem de melancolia.
Usa a roupagem azul
Que usaste naquele dia.
Não tragas águas ocultas nos lábios,
Nem insinues coisa nenhuma,
Usa palavras simples e concretas.

Ausência/Presença

Estás ai,
Solitário e nostálgico.
Não falas!
Não sei se pensas!
Presumo que sim.
Pressinto que estás ausente.
Aliás, é teu apanágio!
Também é meu apanágio.

Estás sempre onde não estás,
Nunca estás onde te encontras.
Fixas o olhar no longe
E permaneces assim, a olhar,
Sabe-se lá para que sonho?

É tarde na noite,
Não se vislumbram estrelas no céu.
Está uma escuridão de breu.

Ao redor de de ti,
Assim como ao redor de mim,
Existe apenas nostalgia.
Faz-me lembrar,
Quando na nossa juventude
Nos queríamos juntar à revelia daqueles
Que nos queriam afastados,
E não conseguíamos.

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COLUNA UM - Daniel Teixeira - A multiculturalidade e a uniculturalidade

COLUNA UM - Daniel Teixeira - A multiculturalidade e a uniculturalidade

Está na moda, embora o assunto seja antigo, falar-se na multiculturalidade. A chamada inclusão também é um termo bastante aplicado neste contexto e o lema «todos diferentes, todos iguais» diz-se hoje quase espontaneamente. O analfabetismo é combatido ou é apontado como um entrave ao desenvolvimento das relações globais que se pretendem. Ser-se adoptante da multiculturalidade, da inclusão (social) e da admissão da diferença é, pois, em certo sentido, uma questão alfabética também.

A alfabetização possibilita o acesso à informação, à informação escrita, mas também tem outra vantagem não muito directa: é que seguindo o sistema naturalmente progressivo quanto maior for a alfabetização local maior será a aceitação local da informação escrita ou falada tendo por base esta última a ideia simples que quem se alfabetiza está em melhores condições de receber e fornecer informação.

Nos tempos antigos, muito antigos, ainda os animais de hoje não falavam, a posse do vocabulário era considerado um factor de distinção e mesmo os sacerdotes, aqueles que para essa função tinham apetência, distinguiam-se pela riqueza do seu vocabulário. Não tenho os números à mão, mas nesses tempos que ainda se prolongam de uma forma mais diluída, supondo que a gente comum utilizava mil palavras por exemplo no seu dia a dia, um sacerdote utilizava cinco mil. Ora isso faz com que quatro mil das sacerdotais palavras não dissessem nada ao comum dos mortais.

Não vou alongar-me muito neste campo bastante mais profundo do que aquilo que uma crónica semanal deve comportar, mas devido a isso, ao facto de terem um rico vocabulário, as pessoas obtinham estatuto, de sacerdote nestes casos mas também quanto maior fosse o volume do seu vocabulário maior era a sua proximidade com o santificado. Os sacerdotes, esses, eram interlocutores directos dos deuses, seguindo um princípio que nem sempre é fácil de aceitar.

Se a larga maioria das população não entendia essas palavras e se elas existiam ou eram ditas tinham forçosamente de ser dirigidas a alguém e esse alguém só podia ser um deus ou os deuses, uma vez que só quem as pronunciava e o seu circulo restrito as entendia e as pronunciava. A palavra, pouco entendida ou mesmo não entendida pelo comum dos mortais era pois o «abre-te sésamo» das portas do céu.

A pergunta que se colocava na altura entre o «gentio» seria seguramente aquela que por vezes se aplica um pouco por todo o lado: para quê utilizar codificações complexas se com codificações mais simples se podiam atingir os objectivos da comunicação?

Visão discutível, é claro: ainda há tempos o Prof. Lindley Cintra foi objecto de abundante controvérsia por ter «reduzido» (em estudo) o português essencial a cerca de mil palavras: quer dizer ter «reduzido» o português àquelas palavras que mais se usam seguindo uma escala de repetição. Nunca apurei se essas mesmas palavras valeriam na mesma tudo se inseridas em contexto de frase...

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Poesia de Ilona Bastos - HOUVE UM TEMPO...; FAZEDORES DO MUNDO; ENCANTO E DESENCANTO

Poesia de Ilona Bastos - HOUVE UM TEMPO...; FAZEDORES DO MUNDO; ENCANTO E DESENCANTO


HOUVE UM TEMPO...

Houve um tempo em que o tempo não tinha fim.
Percorriam-no jogos, corridas e risos pelo jardim,
Ou as rodas de uma dança de criança, de um triciclo,
Um ciclo de fitas animadas, livros de contos de fadas,
Baladas, romances de príncipes e princesas encantadas…

Houve um tempo de inocência, em que a aventura
Sorria, espreitando, em cada esquina, e era ventura
As pistas descobrir, e do mistério desvendar a solução,
Na convicção de quem é vencedor na luta pelo bem
E tem, em si, a ambição de ser gigante - ser alguém!



FAZEDORES DO MUNDO



E fazer muito, o caminhar pela estrada,
As mãos atrás das costas, o rosto erguido,
Os olhos postos na paisagem longínqua
Que o horizonte desenha ao pôr-do-sol.
-
E fazer muito, é fazer tudo.
Porque nada há de tão sublime
Como o horizonte e o sol,
E essa paisagem de árvores despidas,
Telhados, automóveis que se movem
Com um desprendimento quase sobrenatural.


ENCANTO E DESENCANTO


Todos passaremos pelo encanto
e pelo desencanto.
Perguntaremos pelo esplendor
que já partiu.
Veremos a luz e as trevas.
Cantaremos, saudosos, o passado,
desalentados do presente.
Imaginaremos que só o tempo ido é belo
e o aqui e agora puramente tristeza.
Esqueceremos, cegos, que este presente
será o passado feliz.

Mas eu não quero perder o presente.
Por isso observo, procuro, encontro
a cor na escuridão,

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Lenir Moura - Poemas - Filho que não pari; QUESTIONANDO A POESIA; SONHOS PLANTADOS

Lenir Moura - Poemas - Filho que não pari; QUESTIONANDO A POESIA; SONHOS PLANTADOS


Filho que não pari


Benção que eu recebi

Amor para o meu coração

Es o filho que eu não pari

E o sonho da minha canção.


Nasceste de minha irmã,

Es o meu primeiro sobrinho.

Sonho lindo de minha manhã

Amor perfeito para o meu carinho.


QUESTIONANDO A POESIA


Poesia sabes como fico

Nesta noite triste

Quando a saudade vem me visitar?

Sabes que a inspiração acabou,

Já não mais existe

E que na verdade só penso em chorar?


Poesia, sabes que eu preciso

Das palavras e rimas

Que meu coração não consegue encontrar?

Sabes que louca, eu insisto

E rabisco palavras sem conseguir rimar?


SONHOS PLANTADOS


Plantei sonhos por todo o jardim

Pensando em um dia colher.

Porém quando vejo assim

Meu sonho começando a morrer,

Nasce uma tristeza em mim.

Juro, não sei o que fazer.


Sonhava ver tudo florido,

Sonhava ver flores nascer,

Sonhava com um jardim tão bonito

E agora ao ver tudo morrer,

Choro um choro contido

Ao ver meu jardim fenecer


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Assombração – Onofre e a aparição do rei Pelé... -  Por Se Gyn


Assombração – Onofre e a aparição do rei Pelé... - Por Se Gyn

Depois da primeira de várias histórias do Zorra (Zórra), a roda de gente formada na varanda na casa de meu pai na tarde do dia de Ano Novo estava pra lá de animada.
E foi aí que ele também resolveu contar uma história de assombração.

Disse ele que, ao tempo em que era rapaz, havia na região em que morava, as Aguas Brancas das Morangas, um baiano, alto esguio e conversado, o Onofre, sujeito que nunca abria mão do porte de uma faca peixeira na cintura e gostava de dizer e repetir que não tinha medo de ninguém e nem nada – deste ou de outro mundo.

Nenhum dos vizinhos tinha interesse ou coragem de testar as tais qualidades, exceto o Teobaldo, vizinho de terras de meu avô, que em silêncio desconfiava da macheza do cabra.
Certa noite, como era costume, a roda de truco estava formada na casa do «seo» Alberto, mineiro simpático, pai de vasta prole, bom de prosa e muito bom anfitrião, que morava como agregado na fazenda do velho Zé Onório, cujas terras ficavam além das terras do Teobaldo. Meu pai, alguns irmãos e, os vizinhos – inclusive o Onofre, estavam lá, jogando truco e ouvindo alguém no toque da sanfona.

Era uma noite de lua cheia e céu claro, como só pode ser visto no centro - oeste do país. O Teobaldo vinha voltando da cidade numa carroça cheia de compras de ferramentas e outras coisas de manutenção e lida na fazenda. A estrada passava a pouca distância da casa do «seo» Alberto, onde pode avistar a animação dos truqueiros e a presença do papudo do Onofre. E imediatamente, começou a maquinar: «Eh, Onofo, é hoje que eu te ajeito. Hoje é que eu te pego na mentira!»...

Pouco depois, o Onofre, despachado como sempre, avisou que já ia embora. A despeito da insistência do «seo» Alberto para que ficasse um pouco mais e, a provocação da rapaziada quanto aos perigos da estrada e os pedidos para que esperasse a companhia dos companheiros no caminho de volta, como de costume, ele não retrocedeu, e reafirmando sua coragem e disposição de cortar qualquer mal que lhe aparecesse no fio da «viana», tomou o rumo de casa.

Ele ia pisando firme a assoviando uma velha rancheira, em direção à casa, ainda bem distante, e foi se aproximando de uma encruzilhada de estradas, onde mudaria de rumo, descendo na estrada à esquerda, rumo à baixada. Encruzilhada era lugar temido pelos sertanejos – sempre ligadas a histórias de despedidas tristes, mortes atraiçoadas, feitiçarias, acidentes, assombrações e, coisas do tipo. Mas, o Onofre, ia na dele, sem dar pelota para a coisa.

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