domingo, 12 de setembro de 2010

OS CIGANOS - Conto por Lídia Frade

OS CIGANOS - Conto por Lídia Frade

Ali, naquele local, era o vale das caneiras, havia muito mais coisas sem ser caneiras, era certo mas, como a avó Quina dizia… «onde havia caneiras, também havia água,» e era precisamente esses dois elementos, que os ciganos precisavam, ali naquela época nos anos sessenta.

Tudo isto acontecia, quando os ciganos se deslocavam em carroças, com todos os seus haveres, quando ainda não tinham casas, e armavam a sua tenda, feita com as carroças, e alguns panos ou cobertores, acampavam em qualquer lado, e ali perto das hortas, onde havia de tudo para cozinhar, e a bendita água, mais ainda, as caneiras, era portanto um local abençoado.

No inicio do Outono, as canas estavam pois, boas para o corte. Por essa altura apareciam também, as caravanas, das grandes famílias de ciganos, que acampavam perto da estrada, no olival do Senhor Coronel.
Pediam para cortar as canas, ou outros nem se davam ao trabalho de o fazer, achavam-se já os donos das caneiras, e assim depois faziam cestas.

Apanhavam-nas, limpavam-nas, de todas as folhas fios e folhagens, logo, toda essa folhagem servia também, para alimentarem os burros, e os animais que faziam parte da caravana.
Cortavam as canas, no sentido do comprimento, todas às tirinhas, depois, delas faziam toda a espécie de cestos, e até açafates, com asas, sem asas, redondos, ovais, grandes ou pequenos, dependendo da habilidade, e criatividade de cada artista, mas sempre com as canas verdes para poderem moldar.

Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

sábado, 11 de setembro de 2010

COLUNA UM - Daniel Teixeira - Resistir, resistir sempre...

COLUNA UM - Daniel Teixeira - Resistir, resistir sempre...

Salvo erro foi na Etica Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber que eu li aquilo que pode ser considerado um lugar comum mas que vale sempre mais que um outro qualquer lugar comum: a ideia afirmada era de que os primeiros inovadores e todos os inovadores de uma forma geral tinham de ter grande capacidade de resistência à frustração e à própria crítica envolvente.

Weber, que eu tenho lido e encontrado recentemente nas teorias do «regresso» ao Estado depois das broncas liberais da última crise financeira (que ainda não acabou, diga-se) juntamente ou em separado com o seu colega e simultaneamente antecessor Emile Durkheim são daquelas personalidades entre tantas que nós nem sequer temos a coragem suficiente para colocar em causa o seu saber embora possamos discordar, e discordamos...

Weber, neste passo que pretendo referir é o homem da burocracia: por outras palavras mais simples o Estado desde que tenha uma administração suficientemente eficaz funciona como um relógio. Imparcial, tecnocrata, imune às mudanças políticas e partidárias, por este caminho tudo segue pelo melhor no melhor dos mundos, o que por esta via acaba por entroncar com a frase que coloquei acima sobre a capacidade de encaixe dos inovadores.

O nosso amigo e colaborador Tom Coelho não há muito tempo escreveu na sua coluna sobre «resiliência» que é mais ou menos isto...não confundir com teimosia uma vez que esta última em princípio não tem como suporte necessário um fundo substancial.

Pois bem, esta conversa vem a propósito quer do jornal desde o seu início até agora e da rádio desde agora até sempre...acredito piamente que irei morrer um dia mas utilizo o «sempre» sabendo que haverá quem dê continuidade aos processos (mesmo antes que eu morra).
Os tempos são assim mesmo, não vale a pena estar a escamotear a realidade, envolvendo-a do clássico manto diáfano da fantasia: temos tido contratempos praticamente todos os dias e praticamente todos os minutos e segundos.

A grande vantagem quanto a mim de daí não resultarem feridas substanciais vem do facto de termos utilizado sempre uma carapaça não propriamente orgânico/física mas sim mental «à Max Weber».


Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

A imagem do indivíduo descontituída corrosivamente, na visão de artistas goianos da nova geração. - Por Se Gyn

A imagem do indivíduo descontituída corrosivamente, na visão de artistas goianos da nova geração. - Por Se Gyn

Dizem que os artistas são dotados de uma antena que os torna capazes de captar e antecipar os sinais de mudança no mundos dos homens. Nem sempre, mas em alguns casos, isso de fato corresponde à realidade.

Pego um jornal* de Goiânia e, leio uma reportagem sobre a presença de vários artistas goianos numa exposição de artes plásticas em Portugal, num evento do mundo lusófono, que envolve também, a música literatura. Foram convidados , de Goiás, Pitágoras, Marcelo Solá, Pablo de la Cruz, Sandro Gomide e, Camila Valle. Desse grupo, só pude conferir de perto o trabalho do dois primeiros - que orgulho, ver essa meninada mandando ver aqui e, lá fora, honrando a trilha deixada por Siron Franco e, tantos, tantos outros.

Pitágoras
A reportagem está ilustrada por fotos dos quadros de Pitágoras, Solá e Gomide. Nos quadros do primeiro e do último, os artistas exploraram a imagem do indivíduo contemporâneo (no caso do segundo, a própria fotografia), o que configura uma prática dentro de uma constante da arte contemporânea.

Mas, o que interessa nessas pinturas é que a imagem do indivíduo está sempre em cheque, sob o efeito cruel de pinceladas cruas ou duras, em movimentos de borrões, de rabiscos, de corrosão por aditivo químico e, lançamento de camadas posteriores, também borradas, sobre a imagem desenhada e, pré-existente (no caso de Solá, embora ele explore com muito bom humor estruturas, objetos e maquinarias, a técnica, no geral é a mesma).

Marcelo Solá
As imagens parecem todas parecem infantilizadas, destituídas de capacidade de real movimento humano (senão, mímica de indicação de movimentos próprios de fantoches) e, reduzidas ao mundo das duas dimensões, pois os pintores, usando de uma retratação de natureza também infantil, deliberadamente, omitem a imagem de fundo, ou apresentam esta imagem, que servia para contextualizar a personagem ou figura, fundida com a própria imagem do indivíduo, numa meio atmosfera perturbadora.
Essa omissão da imagem de fundo, do contexto, nas imagens publicadas, de nada servem para valorizar ou ressaltar qualidades, na imagem desse indivíduo. Bem ao contrário, colocam-no numa situação delicada, indicando suas fraquezas, impotências e, desimportância.

Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

Pagina de Cynthia Kremer - Duas Crónicas - Coisas que me irritam (muito!) - Vai entender...

Pagina de Cynthia Kremer - Duas Crónicas - Coisas que me irritam (muito!) - Vai entender...

Coisas que me irritam (muito!)

Frases e livros de auto-ajuda: aqueles bem medíocres que te dizem que «quando você quer muito algo, o universo conspira em seu favor!»
Agora me digam: existe raciocínio mais cretino do que este?
Porque se não fosse este um sofisma cretino e sem nenhum embasamento, TODOS, sem exceção, estaríamos bem, num mundo idílico, teríamos o que quiséssemos e o que pedíssemos, não é verdade?

E no entanto não é isso que se vê. 99% da população do mundo vive frustrada, cheia de privações, sem conseguir chegar sequer perto de seus sonhos. E garanto a vocês que não é por falta de «querer» com fervor, de pedir a Deus, aos santos, ao universo, entre outros.

Vai entender...

Dialetos regionais de um país de dimensões continentais...

Lá pelo final do século XIX, meu bisavô por parte de mãe, Lahire de Abreu Lage - do lado brasileiro da minha famíla - era comandante da Marinha Mercante e, certa vez, depois de atracar seu navio no porto de Manaus, já no cais, perguntou a dois ajudantes de bagagem do porto: - vocês encontraram a minha bagagem? e não obteve nenhuma resposta.
Perguntou novamente e nada lhe foi respondido. Então um conhecido da tripulação do navio perguntou de outra forma: - Vances truveram os querens do sô capitão? E na mesma hora os ajudantes manauaras responderam: -Truvemu, truvemu inhô sim!
A tradução deste breve diálogo surreal, é: - Vocês encontram os pertences do Sr. Capitão? E a resposta em nosso bom e velho português: - Encontramos, encontramos sim!

Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

POESIA DE ARLETE PIEDADE - O Melro Grisalho; Amor sem remédio

POESIA DE ARLETE PIEDADE - O Melro Grisalho; Amor sem remédio

O Melro Grisalho

Lá estava o pobre passarinho morto
Inerte no fundo da sua cela - gaiola
O velho melro de penas grisalhas...
Há tanto tempo que estava ali
Pobre prisioneiro sem culpa
Dos gostos dos idosos donos
Punham água e comida para ele
Nos recipientes pendurados
Nas grades da cela, ou gaiola...
Passava os dias e as noites
Solitário na arrecadação
Encalorado e solitário...
Quando iam vê-lo, saltitava
De cabeça ao lado focando
Os olhinhos no visitante...

Amor sem remédio


Vive no meu coração um amor
Que não queria aceitar para amar
Mas não pude fugir desse afecto
E sem perceber fui conquistada
Não sei dizer se sofro ou sou feliz
Ás vezes é doloroso e dói muito
Dói no meu corpo, magoa o coração
Faz correr o sangue veloz nas veias
Acelera o pobre coração cansado
Para a digestão e fica na espera
Na eterna espera do impossível
Na ternura da compaixão sentida
Velho amor como o melro
Aprisionado!
Em convenções, hábitos e preconceitos
Em palavras e modelos de pensamento!
Pessoas antigas, velhos corpos a morrer...
Aos pedaços dia a dia um torpor cotidiano
Amor porque te encontrei no fim da vida?
Amor, minha alma gémea sempre errada
No tempo e no espaço...não sei entender

Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

Origens do Fado - Da Severa a Ana Moura passando por Amália Rodrigues - Amália

Origens do Fado - Da Severa a Ana Moura passando por Amália Rodrigues - Amália

Hoje em dia não é possível falar de fado sem se falar de Amália Rodrigues.
Artista com multifacetado talento e cultura, transforma o fado, emprestando a sua voz a todos os poetas, desde o mais popular ao mais erudito.

O papel de transformação do fado está também ligado ao repertório reunido. Amália buscava os poetas e os poetas buscavam Amália, o que significou de alguma forma uma nova revolução.
Sem nunca abandonar definitivamente o carácter popular, Amália surpreendeu ao cantar poesia de Luís de Camões, Pedro Homem de Mello, David Mourão - Ferreira, Alexandre O´Neill, Alberto Janes, Álvaro Duarte Simões e outros.

Contudo a fase dos poetas só tomou contornos verdadeiramente revolucionários quando se juntou a revolta musical, que aconteceu através de Alain Oulman. Responsável por mais de 60 temas de Amália, conseguiu com a sua criatividade e génio, a simbiose perfeita entre poesia e fado, proporcionando que qualquer poema fosse passível de ser musicado.

Torna-se assim, a 1ª fadista a assegurar espectáculos completos, ao contrário do que é habitual, que é um fadista cantar 2 ou 3 fados e ceder lugar a outro. Desta forma, Amália cria um processo de clímax-anti-clímax ao longo das suas actuações ao vivo.

A versatilidade de Amália leva-a a cantar não só o fado mas também o folclore, o flamenco, o tango, ranchera mexicana, música francesa, italiana ou americana.

Amália é a grande diva do fado, a grande lenda. Amália reinventou o fado e reinventou-se, ao longo de sucessivas revoluções.
Juntou os aplausos do povo e da aristocracia, da ditadura e da oposição radical.


Leia este tema completo a partir de 13/09/2010

Raizonline, entrevista o artista plástico, escritor e actor, Carlos Conrado

Raizonline, entrevista o artista plástico, escritor e actor, Carlos Conrado

Na sequência do artigo publicado neste jornal, que pode ser visualizado aqui, apresentámos aos nossos leitores, uma abordagem á biografia do criador Carlos Conrado, bem como algumas amostras dos seus trabalhos de pintura e designer.

Assim, resolvemos esta semana ter uma conversa com este surpreendente, arrojado e precoce artista e criador, que aos 24 anos tem já um rol impressionante de realizações na área cultural e artística, para melhor dar a conhecer o seu percurso e como se iniciou na arte e cultura.

Raizonline (R.O.):
- Olá Carlos! Desde há algum tempo que nos conhecemos através da Rádio Raizonline, e fomos tomando conhecimento dos seus trabalhos e percurso artístico, que nos tem surpreendido pela sua diversidade e por ser tão jovem ainda para tantas realizações. Gostaria que nos explicasse qual foi a sua formação na área da escrita, pintura e teatro, bem como se iniciou nestas áreas da cultura e das artes.

Carlos Conrado (C.C.):
- Bem, comecei a escrever aos 12 anos, idade esta a qual conquistei meu primeiro premio literário. Empolgado com tal conquista, tive também o apoio de conselhos intelectuais do estimado amigo Thiago Amorim.

Ele me apresentou obras de consagrados escritores mundiais como, por exemplo, nosso venerável Camões. Meus primeiros textos tiveram influências tanto do escritor português já citado quanto de Byron, Álvares de Azevedo, Baudelaire, e tantos. Entrei para o corporativismo cultural em 2004.

O primeiro grupo que me tornei membro foi a Arcádia Literária. Em seguida vieram a Casa do Poeta de Aracaju, Núcleo de Cerâmica da Universidade Federal de Sergipe, ASAP - Associação Sergipana de Artistas Plásticos, Cegas – Clube de Geologia Amadoristica de Sergipe.
Em 2006 tive a oportunidade de trabalhar como Assessor Executivo da Academia Sergipana de Letras. Estudei o ensino Médio no Colégio Dom Luciano, colégio o qual eu mantinha uma oficina de Artes. Tal serviço também fora realizado por anos na Arcádia quando eu era somente Coordenador de Eventos e Conselheiro Fiscal.

Em relação ao teatro,, comecei também em 2004. Estudei na Escola Municipal de Artes de Aracaju por 4 anos. A partir do curso participei de vários workshops, e entrei para 3 grupos. Encenei textos váriados, desde comédias até dramas. As peças rodavam os teatros da cidade e também as praças e hospitais.

Uma das apresentações de um espetáculo de comédia foi apresentada no setor de oncologia do hospital regional João Alves. Ministrei oficinas e também dirigi alguns grupos de iniciantes. Sobre as oficinas, ministrei aulas de desenho e pintura na APAE – Associação dos pais e amigos dos excepcionais. Tenho alguns livros publicados e algumas participações em antologias, jornais e revistas de outros países como a The Moon Ligth of Korea.( Korea do Sul).

Leia este tema completo a partir de 13/09/2010