sábado, 20 de março de 2010

La Femme Endormie - Cynthia Kremer

La Femme Endormie - Cynthia Kremer

Outro dia estava revirando caixas antigas, papéis, quando me deparei com um texto que há muito tempo não lia, mas que sempre me impressionou pela sua beleza e por se tratar de algo diretamente ligado à mim; a matéria a seguir, foi dedicada à minha bisavó, Zulmira Uchôa Cavalcanti Fernandes Barros, sem que a autora da matéria publicada no jornal «Correio da Manhã», (Carmen Dolores) soubesse nada à respeito da história verdadeira, do que inspirou nela, tal arrebatamento.

Mas ela chegou muito perto com suas suposições...meu bisavô, Miguel Fernandes Barros, encomendou ao escultor francês, Jean Magrou, que esculpisse para a sua mulher falecida, uma estátua em tamanho natural, em seu leito de morte. O que se sabe é que meu bisavô ficou devastado com sua morte e jamais se casou novamente. Eu também tenho a honra de carregar comigo algumas de suas cartas, endereçadas a sua filha mais velha, Maria Barros Werneck, minha tia-avó. São cartas lindas, bem escritas e inspiradoras!

Segue abaixo o texto original de Carmen Dolores:

O Amor e a Morte

Conta Zimmerman, que tendo um pobre homem de Zurich perdido a noiva que adorava, esculpiu uma rosa sobre a lousa do seu túmulo e escreveu embaixo, sem nome nem data: «Assim é que ela foi...». Para sua alma simples e saudosa, aquilo bastava e reconstituía perante os seus olhos umedecidos de pranto a figura juvenil, viçosa e fresca da bem ornada esvaída. Ela tinha sido a túmida rosa de maio que perfumara as suas esperanças de amor, e rosa ficaria sempre sendo, eternamente, simbolicamente gravada nesse mármore puro que recobria os seus restos mortais.

1 comentário:

  1. Em conversa com Daniel Teixeira surgiu a indicação para leitura deste texto. Impressiona a descrição repleta de riqueza poética sobre um corpo inerte e depois em decomposição.
    A autora, Carmem Dolores Barbosa, deu nome ao prêmio recebido de 1955 a 1961 por grandes nomes da literatura brasileira como Cornélio Pena, Orígenes Lessa, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Cassiano Ricardo e, finalmente, Clarice Lispector, que estranhou o envolvimento de "tal senhora" com tantos escritores". Sou fã de Clarice Lispector mas, após ler Carmem Dolores, concluo que ela perdeu a oportunidade de ficar calada.

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