quinta-feira, 1 de abril de 2010

Brigitte Bardot - Por Emerson Wiskow 

Brigitte Bardot - Por Emerson Wiskow

Brigitte Bardot. Era isso. Brigitte Bardot. Quando jovem. Sim, quando jovem. Eu sabia. Aposto que ali ninguém sabia, ninguém havia pensado nisso. Todos os homens olharam, todos os caras viraram o pescoço. Era linda. Linda como uma francesa. Uma francesa com biquinho. Sim, ela fazia biquinho quando falava. Eu vi. Vi. Ela pediu um xis salada. Um xis salada completo; com carne, alface, ervilhas, milho, maionese e ovo. O cara da lanchonete chegou para fazer o pedido.

- Um Xis Salada - ela disse. Com biquinho, ela fez biquinho, parecia uma francesa, parecia Brigitte Bardot. Linda. Linda.
- Completo?
- Sim, completo. Com ovo.
Com ovo, ela disse. Com ovo, disse ela com biquinho.
Fez um lindo biquinho ao dizer a palavra. Uma palavra nunca se tornara tão bonita para mim.
Os caras disfarçavam e olhavam. Eu também. Parecia uma visão, parecia não existir. Aposto que eles não sabiam.

Ninguém sabia, apenas eu. Eu sabia, ela parecia a Brigitte Bardot. A cara, o focinho. O corpo.

Ah, o corpo. Brilhava, parecia brilhar. Brilhar não. Iluminar, ela iluminava, era iluminada.
Parecia uma visão. Parecia não existir. Beleza. Aquilo era beleza. Aquilo era A beleza. Atraía. Atraía os corpos ao seu redor. Atraía meu corpo. E fazia biquinho.

Pediu uma Coca, com biquinho. Não tinha. Uma Pepsi. Vai de Pepsi. Fez bolinha. Era o gás. Eu sabia. As bolinhas subiram, ela bebeu. Os lábios, os lábio molhados, as bolinhas.

Dei uma dentada. Brigitte Bardot. Dentadas. Mordi meu xis. Xis Galinha. Ela gosta de bichinhos. O meu era sem maionese. Mordidas. Dei outra. Queria ela. Queria poder mordê-la.
- Salta um Xis Salada completo. Berrou o cara.

Sem comentários:

Enviar um comentário