sábado, 3 de abril de 2010

COLUNA DE ROSA PENA - Bike 

COLUNA DE ROSA PENA - Bike

Ganhei num Natal, quando já não acreditava mais em Papai Noel. Ela chegou graças ao vestido de noiva que mamãe bordou para uma ricaça. Papai achava que bastava uma, atendendo às três meninas. Eu, por ser a caçula, sempre ficava na espera, aceitava até a chantagem de minha irmã mais velha: lavar a louça na vez que seria dela, para ter prioridade.

Quando ela chegou? Chorei muito, pois achei que tinha virado adulta, até já havia visto uma pontinha de seio despontando. Agora tinha meu próprio transporte.

Independente: mulher pronta para vida! Passei a ser a que comprava o pão para o jantar, sem favor algum. Arrumei uma cestinha e tava que tava me achando. Descia e subia o Alto da Boa Vista num pé só, voando e sonhando.
Ah! Quando eu trabalhasse, ia ter uma motocicleta. Uma Honda 750!

Também defini minha profissão. Cantora de churrascaria, que nem a Arlene do Rincão. Ficaria famosa e, com o dinheiro, tirava o seu Armando e os filhos da rua. Casaria com o professor Derly, de história, e iríamos até os USA conhecer o Luther King, com quem eu aprenderia como se faz a paz universal.

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