domingo, 11 de abril de 2010

COLUNA DE MARIA PETRONILHO - Conto - A Flor do Rosmaninho

COLUNA DE MARIA PETRONILHO - Conto - A Flor do Rosmaninho

Ah, que saudades da flor do rosmaninho, que sempre adorei!
Desde pequenina, onde houvesse rosmaninho em flor era como se da terra um íman irresistível me chamasse
... Lembro-me do Alvarinhal, onde o chão estava pejado dele...

E havia um rio.
Mas colocaram uma bomba, destruíram tudo: rio, peixes... para regarem as hortas, embora houvesse um poço, ladeado de roseiras... o Soares tinha as mais lindas rosas, que perfumavam tudo em redor!

No rio, dizem que o avô Petronilho pescava com chumbo... um horror!

E havia «a toca dos coelhos»!

Se a malina matasse todos os coelhos , ali nunca faltavam: Viviam sob rochas enormes, com buracos.
O meu avô, dizem, tinha um furão amestrado.

Devia ser levado da breca!

Gostava era de sair para o campo, pescar, caçar, petiscava ouriços cacheiros... mandava esfolar e grelhar as orelhas dos bichos que se matavam em casa, deixando a carne de lado... gostava de vinho e de se escapulir para Espanha, onde passava mais tempo que em Portugal.

Minha avó não era bonita (nem feia), mas não tinha os traços finos da irmã nem da filha.
Meu avô devia pôr as espanholitas doidas! E vice-versa...

Aprendi a cantar malageñas... também com as pessoas fugidas à Guerra Civil.
A Espanhola atravessou o rio Ponsul com os filhos atados à cintura, o mais pequeno à cabeça... Perdeu-os todos, não sei se salvou o bebé, diziam que sim e que não... nunca lhe vi filho algum.
Trajou para sempre de preto, a sua horta era um lindo primor, ganhava a todas!
Nunca aprendeu uma só palavra de português.

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