sábado, 24 de abril de 2010

José Varzeano - As saboarias no concelho de Alcoutim

José Varzeano - As saboarias no concelho de Alcoutim

(JORNAL ESCRITO Nº 63, DE MAIO DE 2004, P. IV, ENCARTE DE «O ALGARVE» Nº 4797)

Há mais de trinta e sete anos e quando ainda era um jovem, na casa dos vinte, comecei a ler em literatura de cordel coisas do passado alcoutenejo e foi assim que entre outros assuntos que nada me diziam, vi referido as saboarias da vila de Alcoutim e da Aldeia de Martim Longo.

Naturalmente que liguei as saboarias a sabão, à sua fabricação ou depósito, o que qualquer dicionário de língua portuguesa elucida. Para o que pretendia saber, era muito pouco, tinha de ir mais além mas era preciso saber dar os passos para isso.

Os anos foram passando e a pouco e pouco fomos encontrando explicações para as nossas dúvidas. O fabrico de sabão é antiquíssimo com vestígios de produção encontrados no tempo de romanos e árabes, na península.

A produção variou com a tecnologia, sendo durante séculos utilizados no seu fabrico as gorduras animais, cinzas proveniente de vegetais, cal, azeite e suas borras. Sendo assim, não admira que no concelho de Alcoutim ela existisse já que havia quase tudo do que se necessitava para a sua confecção.

O fabrico do sabão, como sucedeu com outras produções, estava sujeito a um monopólio de tipo senhorial, por mercê régia, cabendo aos beneficiários os rendimentos de tal produção. (1) Do mais antigo que se conhece, vem do tempo de D. Fernando que por carta de 7 de Julho de 1376, concedeu a Lancerote de França (ou Franca), almirante das suas galés, entre outras, as saboarias pretas de Alcoutim. (2)

Mais tarde, em 1499, juntamente com as de Martim Longo, vieram a pertencer a Diogo Lopes da Franca (4) certamente da mesma família e que serviu com muito valor em Tânger, onde foi adaíl (5) e algumas vezes capitão e contador da Fazenda Real. Em 1385, D. João I doou ao filho de Lancerote, de nome Afonso, as mesmas saboarias que possuía seu pai. (3)

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