A coisa - Reflexão de Michel Crayon
Dedicado a John Donne
«Elegia: indo para o leito
Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama. (...)»
Não sei exactamente como a coisa aconteceu mas que aconteceu, aconteceu. Não foi nada de especial, inicialmente, pelo que não me importei e continuei a andar ao mesmo passo. Era a primeira vez que me acontecia, é um facto, e eu deveria ter dado atenção à coisa precisamente por isso, por nunca ter acontecido. Mas não dei, não dei qualquer atenção e agora tenho de confessar que me arrependo disso, de ter sido tão descuidado.
Aliás penso mesmo que foi a primeira vez que fui assim tão descuidado, que eu me lembre. Já me tinham acontecido coisas diferentes, algumas mesmo estranhas ou muito estranhas algumas vezes e eu tinha pelo menos reparado na originalidade da coisa, no inesperado, na diferença, sei lá...tinha detectado logo que mesmo que a coisa não fosse importante era importante tomá-la em atenção. Mas neste caso não!
E isso começa agora a chatear-me bastante e bastante mais do que na altura em que as consequências começaram a ultrapassar-me ; não era propriamente a coisa em si que me chateava porque embora diferente e com consequências diferentes eu na altura convenci-me que conseguia controlar a coisa, pelo menos estava convencido que conseguia controlar a coisa e isso é importante porque fico agora com a sensação de que apesar de ter errado na análise tomei a atitude que achei apropriada.
Não passei assim grande cartão...e nas circunstâncias pareceu-me o mais apropriado. Daí que a ausência de reacção esteja ajustada.
Tivesse eu passado cartão, o cartão necessário e não tivesse reagido isso é que seria preocupante. Mas não; a minha reacção, que foi a de não ter qualquer reacção, foi ajustada aquilo que eu pensei sobre a coisa. Não é nada (!), disse para mim mesmo e em nada se tornou a coisa. E tenho necessidade de repetir isto para mim mesmo para ter a certeza de que não sou um totó. Calma aí!!
Dedicado a John Donne
«Elegia: indo para o leito
Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama. (...)»
Não sei exactamente como a coisa aconteceu mas que aconteceu, aconteceu. Não foi nada de especial, inicialmente, pelo que não me importei e continuei a andar ao mesmo passo. Era a primeira vez que me acontecia, é um facto, e eu deveria ter dado atenção à coisa precisamente por isso, por nunca ter acontecido. Mas não dei, não dei qualquer atenção e agora tenho de confessar que me arrependo disso, de ter sido tão descuidado.
Aliás penso mesmo que foi a primeira vez que fui assim tão descuidado, que eu me lembre. Já me tinham acontecido coisas diferentes, algumas mesmo estranhas ou muito estranhas algumas vezes e eu tinha pelo menos reparado na originalidade da coisa, no inesperado, na diferença, sei lá...tinha detectado logo que mesmo que a coisa não fosse importante era importante tomá-la em atenção. Mas neste caso não!
E isso começa agora a chatear-me bastante e bastante mais do que na altura em que as consequências começaram a ultrapassar-me ; não era propriamente a coisa em si que me chateava porque embora diferente e com consequências diferentes eu na altura convenci-me que conseguia controlar a coisa, pelo menos estava convencido que conseguia controlar a coisa e isso é importante porque fico agora com a sensação de que apesar de ter errado na análise tomei a atitude que achei apropriada.
Não passei assim grande cartão...e nas circunstâncias pareceu-me o mais apropriado. Daí que a ausência de reacção esteja ajustada.
Tivesse eu passado cartão, o cartão necessário e não tivesse reagido isso é que seria preocupante. Mas não; a minha reacção, que foi a de não ter qualquer reacção, foi ajustada aquilo que eu pensei sobre a coisa. Não é nada (!), disse para mim mesmo e em nada se tornou a coisa. E tenho necessidade de repetir isto para mim mesmo para ter a certeza de que não sou um totó. Calma aí!!
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