POESIA DE SA DE FREITAS - QUANDO EU NASCI PRA SER POETA - AO SOM DA LIRA - SEM AMOR A VIDA FINDA - CAMINHO EMARANHADO - QUERO LEMBRAR-ME DE ALGO - RANCHO ANTIGO - CORRIDAS EXCESSIVAS PELA VIDA - JA NAO VEJO JESUS...
QUANDO EU NASCI PRA SER POETA
Quando eu nasci pra ser poeta um dia,
A inspiração e o sonho festejaram,
Mas num canto escondidos, com ironia,
O pranto e a dor, sem pejo, gargalharam.
Mas hoje, mergulhado na poesia,
A dor e o pranto, que de mim zombaram,
Não podem retirar minha alegria,
Porque nunca... jamais... me escravizaram.
AO SOM DA LIRA
Ao som da lira eu fico embevecido,
Meio perdido até... se o amor decanto,
Porque o pranto flui-me tão sentido,
Quando envolvido estou por esse encanto.
Mas da lira não ouço o som doído,
Nem o gemido do meu peito, enquanto
Fujo de pronto, do meu tempo ido
E tão sofrido por desgosto tanto.
SEM AMOR A VIDA FINDA
As ilusões se vão...vão de repente...
E, de repente, surge a realidade,
Que faz-me compreender que não é tarde,
Para sonhar de modo diferente.
Mais consciente agora e realista,
Meus castelos possuem outra estrutura...
Não alço vôo em demasiada altura...
Somente luto certo da conquista.
CAMINHO EMARANHADO
(Soneto imaginário)
Sá de Freitas
Por essa estrada, com destino incerto,
Na qual eu vago pela vida afora,
Bem sei que sei, que já passou da hora,
De eu procurar pelo meu rumo certo.
Mas qual é o rumo certo? Eis o dilema!
Se em nossa frente existem mil caminhos,
Nos quais sem rumo vemos - nos sozinhos,
Abandonados à incerteza extrema?
QUERO LEMBRAR-ME DE ALGO
O meu suspiro é uma espécie de lamento
Que vem da alma em dores sufocantes,
Porque os dias que já vão distantes,
Não me saem da mente um só momento.
Tento buscar no "agora" o esquecimento,
Vivendo intensamente os bons instantes,
Que no "depois", iguais fantasmas errantes,
Vão também povoar meu pensamento.
RANCHO ANTIGO
Hoje voltei aquele rancho antigo,
Feito de barro, onde vivi criança
E não fugi sequer de uma lembrança
De tudo o que ali se deu comigo.
Com cheiro de saudade o pé de figo,
Com o tronco já enrugado inda balança
E o velho arado inútil ali descansa,
E faz do mato o seu perpétuo abrigo.
CORRIDAS EXCESSIVAS PELA VIDA
A vida é um «exigir» sempre constante
E nós, escravos seus, nunca paramos
De as exigências lhe atender e vamos,
Cada vez mais à luta desgastante.
E ao nosso «querer mais» extravagante,
Com ansiedade até, nos entregamos,
Para ganhar bem mais do que ganhamos,
E ter mais do que temos... sobejante.
JA NAO VEJO JESUS...
Já não vejo Jesus na Cruz pregado,
Mas vitorioso O vejo sobre o mundo,
A distribuir o seu Amor profundo
A todos que, com fé, O têm buscado.
Depois da Cruz, quando ressuscitado,
Não nos deixou jamais, um só segundo,
Estende-nos a mão... buscando a fundo
O nosso coração necessitado.
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