Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano. - O homem do Ray Ban Verde
O Calixto era um rapaz órfão, criado desde os tenros anos por uma tia-velha. Era tido como «destrambelhado». Certa feita, um estranho homem de Ray-ban verde aproximou-se do Calixto, este bêbado, e perguntou:
-Você quer ficar rico, Calixto?
Aturdido pelo álcool, o Calixto nem pestanejou:
-Quero, né!
E o misterioso homem do Ray-Ban Verde sorriu um sorriso irônico. O Calixto, além de bêbado, tinha um sangramento na boca, cuja razão era resultado de sua mania de comer cacos de vidros, coisa que ele se vangloriava, pois achava fenomenal.
O homem misterioso pediu então ao Calixto para que o seguisse. Atravessaram a vila todinha. Nenhum ser vivente presenciou o fato. Ao longe, ouviam-se os atabaques do terreiro de Mãe Maria de Nanã. Hinos eram entoados em homenagem a Exu, guardião do terreiro.
Ofegante, Calixto seguia aquele misterioso homem por picadas em meio da mata. A noite já ia adiantada. Na verdade, beirava a meia-noite. O Calixto, naquela empolgação devido ao efeito do álcool, seguia os passos rápidos de seu antecessor.
Chegaram numa clareira. A escuridão era total. No centro da clareira, Calixto só via a própria sombra, iluminado pela lua cheia. Daquele homem misterioso, pouco se via além da capa preta que cobria todo o corpo e aquelas enormes lentes verdes do Ray-Ban na cara.
O homem do Ray-Ban Verde colocou as mãos sobre a cabeça do Calixto, novamente lhe fez a pergunta, naquele sorriso de incredulidade e zombaria:
-Você quer ficar rico, Calixto?
-Quero, respondeu o Calixto.
-Calixto, disse-lhe o homem misterioso, vê esta pedra no chão? Ela é de ouro, e será sua; no entanto você vai ter que vender sua alma para mim!
O Calixto, num momento de consciência, fugiu daquele lugar em um átimo de segundo. Correu como louco. Em meio aos sons da floresta, ouvia a risada estridente do homem do Ray-Ban Verde e dos espíritos da floresta, cantando:
«Oxalá, meu pai/ Tem pena de nós, tem dó/ A volta do mundo é grande/ Seu poder ainda é maior»...
O Calixto era um rapaz órfão, criado desde os tenros anos por uma tia-velha. Era tido como «destrambelhado». Certa feita, um estranho homem de Ray-ban verde aproximou-se do Calixto, este bêbado, e perguntou:
-Você quer ficar rico, Calixto?
Aturdido pelo álcool, o Calixto nem pestanejou:
-Quero, né!
E o misterioso homem do Ray-Ban Verde sorriu um sorriso irônico. O Calixto, além de bêbado, tinha um sangramento na boca, cuja razão era resultado de sua mania de comer cacos de vidros, coisa que ele se vangloriava, pois achava fenomenal.
O homem misterioso pediu então ao Calixto para que o seguisse. Atravessaram a vila todinha. Nenhum ser vivente presenciou o fato. Ao longe, ouviam-se os atabaques do terreiro de Mãe Maria de Nanã. Hinos eram entoados em homenagem a Exu, guardião do terreiro.
Ofegante, Calixto seguia aquele misterioso homem por picadas em meio da mata. A noite já ia adiantada. Na verdade, beirava a meia-noite. O Calixto, naquela empolgação devido ao efeito do álcool, seguia os passos rápidos de seu antecessor.
Chegaram numa clareira. A escuridão era total. No centro da clareira, Calixto só via a própria sombra, iluminado pela lua cheia. Daquele homem misterioso, pouco se via além da capa preta que cobria todo o corpo e aquelas enormes lentes verdes do Ray-Ban na cara.
O homem do Ray-Ban Verde colocou as mãos sobre a cabeça do Calixto, novamente lhe fez a pergunta, naquele sorriso de incredulidade e zombaria:
-Você quer ficar rico, Calixto?
-Quero, respondeu o Calixto.
-Calixto, disse-lhe o homem misterioso, vê esta pedra no chão? Ela é de ouro, e será sua; no entanto você vai ter que vender sua alma para mim!
O Calixto, num momento de consciência, fugiu daquele lugar em um átimo de segundo. Correu como louco. Em meio aos sons da floresta, ouvia a risada estridente do homem do Ray-Ban Verde e dos espíritos da floresta, cantando:
«Oxalá, meu pai/ Tem pena de nós, tem dó/ A volta do mundo é grande/ Seu poder ainda é maior»...
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