sexta-feira, 18 de junho de 2010

Conto Infantil de Cremilde Vieira da Cruz («Avómi») - A Pulga Teimosa

Conto Infantil de Cremilde Vieira da Cruz («Avómi») - A Pulga Teimosa

Aquela Pulga era tão pequenina, tão pequenina, que o Cão Calcinhas não conseguia vê-la. Ele resmungava e ela ria às gargalhadas, saltando daqui para ali e dali para acolá. Mal ele acabava de coçar uma pata, já ela estava na barriga, coçava a barriga, ela saltava para uma orelha, e assim sucessivamente.

O Cão Calcinhas que era muito esperto, farto da Pulga Teimosa e das gargalhadas que ela dava a troçar dele, pensou:
- Espera lá, pulga marota, que vou chegar para ti. Estás a armar-te em esperta e a brincar comigo, mas vais arrepender-te.

Sem mais delongas, o Cão Calcinhas pôs-se a caminho do rio. Chegado lá, deu um mergulho, mas arrepiou-se todo, porque a água estava muito fria. Voltou a resmungar qualquer coisa que a pulga não entendeu, mas como era bom nadador e porque depois do primeiro impacto com a água se sentiu bem, deixou-se ficar um bocado, foi nadando, nadando, e acabou por se esquecer da pulga.
Quando se cansou de nadar, saiu da água, foi estender-se ao sol para secar o pêlo e descansar um pouco. Porém, mal se tinha acomodado, ouviu uma gargalhada, sentiu uma picada numa orelha e então sim, lembrou-se que, apesar de ter estado dentro de água para se ver livre da Pulga, não tinha resultado.

A Pulga ria, ria, picava aqui e ali, o Cão Calcinhas coçava ali e acolá e a dada altura ela disse:

- Que bem que se estava dentro de água! Por que não mergulhas outra vez? Nem me apeteceu picar-te e estava tão consolada, que queria ficar lá o dia todo. Como o tempo está quente, sabe mesmo bem dar uns mergulhos, não achas? Vá, anda daí se não continuo a picar-te!

- Pulga duma figa, desaparece do meu corpo, senão...

-Ah, ah, ah... que bem se está aqui! - disse ela - Estou bem alimentada, porque o teu sangue é bom, bem cheirosa, porque o teu pêlo é um asseio, e tens um perfume que me agrada, que mais eu quero? Nem penses que algum dia sairei daqui, Cão Calcinhas!
Só se me matares, o que é difícil, porque quando vieres com a pata ao sítio onde eu estiver, saltarei logo para outro e continuaremos a brincar às escondidas, o que me divertirá imenso.

O Cão Calcinhas, mal disposto e irritado, disse:
- Espera aí que te hei-de apanhar, Pulga maldita.

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