Página de Sandra Fayad - AGUAS TEMPORONAS
- Não vai sair esta noite? Pergunta minha filha
- Não. Esta secura me desanima. Sinto falta de ar, alergia – respondo.
- Pelo jeito, se você não viajar para o litoral, vai ficar os próximos seis meses em casa – observa ela.
Nem respondo. Estou mal humorada.
Ligo o umidificador e a TV. Informe da previsão do tempo para o dia seguinte:
«...na Região Centro Oeste do Brasil, tempo firme com céu claro e possibilidades de chuvas esparsas em algumas áreas isoladas.»
Nem dou bola para a parte final da informação. Já estamos no dia 30 de maio de 2009 e nunca choveu no dia seguinte aqui em Brasília (pelo menos que eu me lembre...).
- Isso aí é rebate falso. Os metereologistas erraram mais uma vez ou então a emissora está querendo nos fazer sonhar, como nas novelas. A chuva se despediu de nós há mais de uma semana com umas gotinhas sem-vergonha que nem deram para apagar a poeira.
Começo a cochilar, ainda com o pensamento voltado para o áudio que ouvira pouco antes. Aquela palestra me deixou muito impressionada. As constatações de que a água já acabou em várias partes da Terra por causa da irresponsabilidade do homem e as péssimas perspectivas para os próximos quinze anos me fizeram ficar mais preocupada (*).
Desligo a TV e o umidificador e durmo. Sonho que chove. Ouço a água caindo mansamente sobre o telhado. Acordo e adormeço duas ou três vezes, ouvindo aquela sinfonia. Não sei se sonho ou se penso na felicidade das plantas e dos animais da Horta Comunitária. Estou bem no limiar entre o sono e o despertar, mas não me levanto. Pelo menos não me lembro de tê-lo feito, a menos que eu seja... sonâmbula.
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