domingo, 27 de junho de 2010

Vou-me embora para uma qualquer Pasárgada - Por Afonso Santana

Vou-me embora para uma qualquer Pasárgada - Por Afonso Santana

Na continuação do texto glosando o poema de Manuel Bandeira «Vou-me embora para Pasárgada» (ver número anterior) vou repetir que o titulo base do meu trabalho é «Vou -me embora» e pedindo desculpas repetir a introdução do mesmo para um melhor entendimento da minha «tese»: «Vou-me embora» é o título de um trabalho que eu tenho realizado cuja extensão é enorme porque resolvi fazer uma recolha de alguns textos e poemas que se basearam no tema. Partir para quê? Partir para onde? Deixar um lugar ou um tipo de vida é uma ambição raramente concretizada mas está muitas vezes presente no pensamento das pessoas.

Ir embora é sempre uma fuga...uma recusa da luta, a assunção de que não vale a pena lutar ou que é mais fiável ou certo ganhar-se «indo embora» do que continuar a lutar naquele campo. Mas interessa também saber se o campo merece a luta, por muito envolvente que ele seja, ao ponto de não nos deixar alternativa senão «ir embora» há campos que não merecem que lutemos dentro deles ou por eles. Ir embora...ir embora, há quase sempre quem queira sair de um dado lugar ou de uma dada situação. Importante é saber-se quando dada coisa ou situação justifica, importante é saber-se quando essa coisa ou situação merece a honra de nos fazer ir embora.»

Mas ir embora é mesmo ir embora? Ou será antes um regresso a algo de agradável de que nos recordamos, de que guardamos uma boa memória, seja ela própria ou «intuída» por via cultural?

Sobre este poema há que ver que não é de todo impossível aventar-se, sem grandes ofensas, o regresso ao ventre materno, como forma de ir embora:

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