sábado, 5 de junho de 2010

O Surrealismo com Mário Cesariny - Uma mistura de Análise e Biografia - Por Liliana Josué

O Surrealismo com Mário Cesariny - Uma mistura de Análise e Biografia - Por Liliana Josué


Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu a 9 de Agosto de 1923, em Lisboa, e faleceu a 26 de Novembro de 2006 também em Lisboa.
Não tive acesso aos nomes próprios de seus progenitores, no entanto, sei que o pai era ourives na rua da Palma e a mãe, de nacionalidade espanhola, era professora de francês.

A relação pai / filho foi bastante atribulada, conflituosa mesmo. Pretendia este que Cesariny se tornasse ourives tal como ele, mas o escritor negou-se a seguir-lhe os passos. As divergências entre ambos era muito grandes, de tal forma que o poeta deixou de utilizar o apelido paterno (Vasconcelos), assinando só com o materno (Cesariny), com a qual tinha uma relação amistosa.

A ANTONIN ARTAUD

Haverá gente com nomes que lhes cai bem.
Não assim eu.
De cada vez que alguém me chama Mário
de cada vez que alguém me chama Cesariny
de cada vez que alguém me chama de Vasconcelos
sucede em mim uma contracção com os dentes
há contra mim uma imposição violenta
uma cutilada atroz porque atrozmente desleal.

Como assim Mário como assim Cesariny como assim ó meu deus de
Vasconcelos?
Porque é que querem fazer passar para o meu corpo
uma caricatura a todos os títulos porca?
(…)
E evidente que toda a revolta expressa neste poema, tem como base uma negação mais universalista; mais subjectiva. Pretende mostrar que os nomes são marcas impostas, não a genuína marca de cada um, principalmente a dele. No entanto acho que está patente a negação do seu progenitor, apesar de falar na totalidade do nome.
Tirou o curso secundário no Liceu Gil Vicente, ingressou na Escola Superior de Belas-Artes mas não se deu bem e saiu, inscrevendo-se então na Escola de Artes Decorativas António Arroio, de onde virá a surgir o esboço do nosso primeiro movimento surrealista, em conjunto com os colegas Artur Cruzeiro Seixas, Júlio Pomar, Fernando Vespeira e Pedro Oom, reunindo-se no desaparecido café Hermínius situado na Avenida Almirante Reis.
A sua primeira publicação surgiu no ano de 1950 intitulado «Corpo Visível», totalmente pago pelo seu grande amigo e igualmente grande escritor Eugénio de Andrade.

Estudou música com Fernando Lopes Graça, em segredo, assim como as suas três irmãs mais velhas (Henriette, Luísa e Cármen), porque seu pai não lhes permitia tal actividade, principalmente a ele que, segundo disse numa entrevista dada ao Jornal de Letras, o pai chegou a fechar-lhe a tampa do piano em cima das mãos quando o surpreendeu a tocar. A partir daí a rotura foi definitiva. Por sua vez, o pai acaba por fugir de casa e ir para o Brasil na companhia duma amante, deixando a família em situação económica deplorável.

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