sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Coluna de Cecilio Elias Netto - A questão da pena de morte - • Publicada originalmente na Tribuna Piracicabana em 14/01/93

Coluna de Cecilio Elias Netto - A questão da pena de morte - • Publicada originalmente na Tribuna Piracicabana em 14/01/93

A pena de morte, penso eu, da dimensão que dermos ao ser humano. E à vida. As próprias igrejas cristãs alimentam-se dessa noção, de forma que penalizam - os que não merecem ou não querem viver a vida da graça - com o pecado mortal, ou seja, a morte da alma.

O inferno é uma pena de morte, eterna. Viver é um dom. Há os que se tornam merecedores dele, há os que não o merecem.

A pobreza, a miséria, a injustiça social não podem - como nunca puderam, ao longo da história - ser justificativa para se buscar a compreensão da marginalidade, de criminosos e de assassinos. Da miséria e da pobreza, nasceram grandes homens. E, em todos os milênios da história humana, houve injustiças sociais, nunca conseguimos criar uma sociedade minimamente justa.

Não há qualquer justificativa que vá em defesa de alguém que mate um outro para roubar, para estuprar, para sequestrar em busca de dinheiro, para matar toda uma juventude com a disseminação de drogas. Eles são assassinos conscientes do que fazem. Adotaram de sua própria razão de ser. São adeptos da morte, escolheram a violência, o crime, as sombras como um estilo de vida.

Ora, se, segundo a opção, a vida alheia não tem qualquer valor, o que eles instalaram é um estado de terror, com leis próprias que eles próprios determinam quais sejam e das quais nos tornamos vítimas ou escravos. Para eles, a vida não é um dom, não tem belezas, não tem transcendentalidade. A vida é uma simples oportunidade, sem qualquer outro valor.

Por isso, toda a questão – quando se discute a pena de morte - deve estar, penso eu, na dimensão que se dá à vida, merecê-lo ou não merecê-lo.
Para as igrejas cristãs, os homens perdem a alma e por isso não merecem contemplação quando a perdem, sendo o inferno o seu destino.

Pois, em raciocínio paralelo, podemos entender que a pena de morte, em dadas circunstâncias e por motivos que contrariam a essência de ser da humanidade, é moral e, portanto, também necessária.
Que razão tem para viver mesmo numa prisão, por exemplo, um homem que mata e queima uma criancinha de apenas 5 anos, após tê-la sequestrado? Merece continuar vivendo, merece conviver com outros seres humanos?

Leia este tema completo a partir de 13/12/2010

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