Texto sobre Florbela Espanca - Parte III - Florbela e a decadência portuguesa - Por Daniel Teixeira
Florbela e a decadência portuguesa
O maior volume da crítica social e intelectual anticapitalista – monopolista -colonialista existente um pouco por todo o mundo ocidental no período em que Florbela Espanca viveu não sabe exactamente aquilo que quer e dirige-se sobre vários campos; desejos de retorno à ordem feudal ainda que reformulada e / ou ao burguesismo comparativamente inocente do período e ideário da Revolução Francesa, reforço dos saudosismos de diversa índole e dirige-se também contra o avanço ideológico que as conquistas da ciência tinham vindo incutir no processo evolutivo do capitalismo e contra a monopolização da vida económica e das nações que se subsumiam perante outras.
Antero de Quental, por exemplo, participa na aventura ideológica da colonização, agora sem o Brasil, que aliás estava revestida de todo um conjunto de directrizes ditas progressistas e plenas de boas intenções (os socialismos utópicos de St. Simon também aí participaram) e o problema de ir explorar de uma forma mais directa as colónias era de alguma forma incentivado e até fomentado pela classe progressista que embarcava serenamente na ideia repetida do evangelismo civilizacional.
O que se criticava, isso sim, era a inoperância com que tal processo se desenvolvia, entendendo-se que o reforço do colonialismo sob nova face se constituiria no élan necessário para aquisição de um maior grau de independência perante os colonialismos estrangeiros e num retorno progressivo à velha grandeza nacional.
Sendo uma época de crises elas são várias neste período conforme já referimos incluindo as crises de consciência, e o mundo, para algumas pessoas parece estar à beira da rotura e parece poder assistir-se eminentemente à redução do homem a um nada quase absoluto. Preso nas teias do homem como ser eminentemente social e no apagamento da individualidade absorvida pelo culto do global social feito Nação, os problemas sociais e políticos repercutem-se de formas quase assustadoras no campo da psique individual e levam ao reforço das ideologias e filosofias que pregam a superioridade da diferença contra a uniformidade, mas que no caso português são sempre extraordinárias.
O peso do problema da decadência e da vontade de retorno ao Portugal maior é ainda uma constante na intelectualidade portuguesa, e com uma especial incidência junto dos poetas, vá-se lá saber porquê se não se apontarem razões de escola como o refere indirectamente Jacinto Prado Coelho.
Fazendo um pequeno historial sobre este tema, este autor, leva as origens do sentimento da decadência para além (para trás) da consciência dela mesma agregando-a quer ao saudosismo de Sá de Miranda e Camões, quer ao próprio sebastianismo e estende-o por todo o percurso cultural português, detendo-se, na altura do fecho do seu trabalho, no neo-realismo e em Carlos Oliveira.
Leia este tema completo a partir de 13/12/2010
Florbela e a decadência portuguesa
O maior volume da crítica social e intelectual anticapitalista – monopolista -colonialista existente um pouco por todo o mundo ocidental no período em que Florbela Espanca viveu não sabe exactamente aquilo que quer e dirige-se sobre vários campos; desejos de retorno à ordem feudal ainda que reformulada e / ou ao burguesismo comparativamente inocente do período e ideário da Revolução Francesa, reforço dos saudosismos de diversa índole e dirige-se também contra o avanço ideológico que as conquistas da ciência tinham vindo incutir no processo evolutivo do capitalismo e contra a monopolização da vida económica e das nações que se subsumiam perante outras.
Antero de Quental, por exemplo, participa na aventura ideológica da colonização, agora sem o Brasil, que aliás estava revestida de todo um conjunto de directrizes ditas progressistas e plenas de boas intenções (os socialismos utópicos de St. Simon também aí participaram) e o problema de ir explorar de uma forma mais directa as colónias era de alguma forma incentivado e até fomentado pela classe progressista que embarcava serenamente na ideia repetida do evangelismo civilizacional.
O que se criticava, isso sim, era a inoperância com que tal processo se desenvolvia, entendendo-se que o reforço do colonialismo sob nova face se constituiria no élan necessário para aquisição de um maior grau de independência perante os colonialismos estrangeiros e num retorno progressivo à velha grandeza nacional.
Sendo uma época de crises elas são várias neste período conforme já referimos incluindo as crises de consciência, e o mundo, para algumas pessoas parece estar à beira da rotura e parece poder assistir-se eminentemente à redução do homem a um nada quase absoluto. Preso nas teias do homem como ser eminentemente social e no apagamento da individualidade absorvida pelo culto do global social feito Nação, os problemas sociais e políticos repercutem-se de formas quase assustadoras no campo da psique individual e levam ao reforço das ideologias e filosofias que pregam a superioridade da diferença contra a uniformidade, mas que no caso português são sempre extraordinárias.
O peso do problema da decadência e da vontade de retorno ao Portugal maior é ainda uma constante na intelectualidade portuguesa, e com uma especial incidência junto dos poetas, vá-se lá saber porquê se não se apontarem razões de escola como o refere indirectamente Jacinto Prado Coelho.
Fazendo um pequeno historial sobre este tema, este autor, leva as origens do sentimento da decadência para além (para trás) da consciência dela mesma agregando-a quer ao saudosismo de Sá de Miranda e Camões, quer ao próprio sebastianismo e estende-o por todo o percurso cultural português, detendo-se, na altura do fecho do seu trabalho, no neo-realismo e em Carlos Oliveira.
Leia este tema completo a partir de 13/12/2010
Sem comentários:
Enviar um comentário