Crónicas de Haroldo P. Barboza - Apenas uma pintinha escura
Fato certamente cotidiano entre nós.
Um belo dia um sujeito (acontece mais com os homens) acorda e nota uma pintinha escura na perna esquerda. A esposa o orienta a visitar uma Dermatologista. Ele alega que não vai gastar R$ 150,00 numa consulta por causa de um «cisquinho» grudado na perna.
Depois de dois meses a tal pintinha já ocupa uma área de 1 cm2. O afetado esclarece que dentro de dois meses visitará a especialista para ver o que é isto. E após seis ou oito meses de atraso, a pintinha virou uma mancha 9 cm2. Aí o incauto liga para o consultório que marca uma consulta para dois meses depois. E lá chegando, fica constatado um câncer ósseo que exige uma cirurgia na semana seguinte.
Conclusão: o afetado gastou R$ 180,00 de consulta (aumentou), mais R$ 2.400,00 pela cirurgia e quase R$ 500,00 por medicamentos periódicos. Perdeu a promoção na empresa por ter ficado 3 semanas ausente e deixou de jogar futebol por quase 8 meses aguardando a reconstituição óssea.
Concordo que não entendo nada de Medicina e devo ter exagerado na fábula acima. Mas deu para perceber o «espírito da coisa».
No que se refere à violência urbana, podemos fazer uma leve analogia com a situação sugerida. Principalmente no Rio de Janeiro.
Em torno de 1970 a «pintinha» correspondia às 40 ou 50 favelas que nos cercavam. Como na zona Sul eram 4 ou 5 e os facínoras da época portavam revólver 38 e facas de cozinha, a sociedade não pressionou o poder público para equacionar os problemas sociais destas comunidades (menos de 2.000 pessoas em cada) que produziam 10 ou 20 garotos abandonados pelas ruas.
Agora em 2010 as favelas totalizam quase 900. Jovens abandonados pedindo dinheiro nas esquinas já passam de 2.000. Algumas com mais de 50.000 habitantes vivendo em condições de abandono do poder público. O câncer que se alastra envia seu cartão de visita através dos «narcos» armados com granadas, foguetes e dinamite.
Os incêndios em mais de 90 veículos em uma semana exibe o sintoma mortal que precisa ser estancado na emergência com elevados custos e profundo desespero que apenas atende às emissoras de TV que se deleitam exibindo durante horas os dramas dos moradores das localidades onde os marginais se escondem para evitar um confronto onde eles não possuem vantagem tática nem de armamentos. Agora alguns segmentos das elites (maiores patrocinadores das contas bancárias dos meliantes) sentem medo de serem atingidos pelas escaramuças aleatórias.
Leia este tema completo a partir de 06/12/2010
Fato certamente cotidiano entre nós.
Um belo dia um sujeito (acontece mais com os homens) acorda e nota uma pintinha escura na perna esquerda. A esposa o orienta a visitar uma Dermatologista. Ele alega que não vai gastar R$ 150,00 numa consulta por causa de um «cisquinho» grudado na perna.
Depois de dois meses a tal pintinha já ocupa uma área de 1 cm2. O afetado esclarece que dentro de dois meses visitará a especialista para ver o que é isto. E após seis ou oito meses de atraso, a pintinha virou uma mancha 9 cm2. Aí o incauto liga para o consultório que marca uma consulta para dois meses depois. E lá chegando, fica constatado um câncer ósseo que exige uma cirurgia na semana seguinte.
Conclusão: o afetado gastou R$ 180,00 de consulta (aumentou), mais R$ 2.400,00 pela cirurgia e quase R$ 500,00 por medicamentos periódicos. Perdeu a promoção na empresa por ter ficado 3 semanas ausente e deixou de jogar futebol por quase 8 meses aguardando a reconstituição óssea.
Concordo que não entendo nada de Medicina e devo ter exagerado na fábula acima. Mas deu para perceber o «espírito da coisa».
No que se refere à violência urbana, podemos fazer uma leve analogia com a situação sugerida. Principalmente no Rio de Janeiro.
Em torno de 1970 a «pintinha» correspondia às 40 ou 50 favelas que nos cercavam. Como na zona Sul eram 4 ou 5 e os facínoras da época portavam revólver 38 e facas de cozinha, a sociedade não pressionou o poder público para equacionar os problemas sociais destas comunidades (menos de 2.000 pessoas em cada) que produziam 10 ou 20 garotos abandonados pelas ruas.
Agora em 2010 as favelas totalizam quase 900. Jovens abandonados pedindo dinheiro nas esquinas já passam de 2.000. Algumas com mais de 50.000 habitantes vivendo em condições de abandono do poder público. O câncer que se alastra envia seu cartão de visita através dos «narcos» armados com granadas, foguetes e dinamite.
Os incêndios em mais de 90 veículos em uma semana exibe o sintoma mortal que precisa ser estancado na emergência com elevados custos e profundo desespero que apenas atende às emissoras de TV que se deleitam exibindo durante horas os dramas dos moradores das localidades onde os marginais se escondem para evitar um confronto onde eles não possuem vantagem tática nem de armamentos. Agora alguns segmentos das elites (maiores patrocinadores das contas bancárias dos meliantes) sentem medo de serem atingidos pelas escaramuças aleatórias.
Leia este tema completo a partir de 06/12/2010
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