sábado, 18 de dezembro de 2010

Mataram o cara - Por Abilio Pacheco

Mataram o cara - Por Abilio Pacheco

O título desta crônica é, por si, deveras horrível. Não imagino um leitor que lendo o título e sabendo do que se trate tenha sentido vontade de ler o texto por causa dele. Salvo por alguma repugnância. Dar a notícia desse jeito é banalizar o fato. E vou meter-me em terreno, agora, perigosamente delicado. Como falar da imensa indignidade que é um assassinato por motivo fútil, sem inseri-lo numa sequência de eventos semelhantes de modo a transformá-lo em algo corriqueiro e cotidiano semelhante a olhar para os lados antes de atravessar a rua?

Por isso, não ataco o centro nem passo ao largo da morte a facadas do professor de educação física Kassio Vinícius Castro Gomes. Ele – para usar a chatinha linguagem do direito que tem invadido os noticiários – fora supostamente assassinado por um aluno que supostamente teria se chateado com uma suposta nota baixa. Melindre demais. Por que não dizer o estrito, direto, caroço?
Mas voltemos… Não pretendo passar ao largo, pois seria uma conivência, quase uma cumplicidade. Mas também não posso atacar o centro, pois aí eu seria parcial e quase sumário. Como não sei detalhes dos motivos nem posso dar ao (suposto – sic) culpado o direito de defesa ou de voz, termino indo ao mais amplo e geral.

Vi numa reportagem sábado que nossas escolas são palco de violência e que grassa a insegurança e a impunidade. Não o nego, mas não «calango». Pouco se escuta falar que em nossas escolas e – pasmem – faculdades, proliferasse não só discursos, mas também práticas de promoção automática, de superprotecionismo, de cuidado excessivo para não constranger o aluno, de cuidado para não prejudicá-lo com uma reprovação ou nota baixa.

Não me entendam mal. Não sinto prazer nisso. Não é meu trabalho, nem trabalho de professor algum que eu conheça e possa apontar atribuir nota baixa a algum discente por prazer ou perseguição. Não nego que isso exista, só quero que entendam que não faço apologia. Entretanto, trabalho mal feito, copiado de Internet, atendendo parcialmente instruções e enunciados… Deixem o professor trabalhar.
Deixem que o professor atribua o conceito em conformidade com seus critérios e com suas orientações. Deixem-no fazer isso que também é seu trabalho: ensinar ética, ensinar promoção por merecimento, ensinar que a matrícula no curso não é garantia de aprovação. Deveriam preocupar-se com aqueles que não fazem isso e por não fazê-lo prestam um desserviço.

Leia este tema completo a partir de 20/12/2010

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