sábado, 5 de junho de 2010

MARIANA ALCOFORADO E FLORBELA ESPANCA - Por Daniel Teixeira

MARIANA ALCOFORADO E FLORBELA ESPANCA - Por Daniel Teixeira

Nota: Este texto complementa e é complementado (pelo menos parcialmente)com o texto A EPISTOLOGRAFIA DE FLORBELA publicado no numero anterior.

A epistolografia diz respeito às cartas, tal como o seu próprio nome indica, e normalmente trata de epístolas literárias em prosa, que são a voz do seu autor, ditas de uma forma geral na primeira pessoa mas que podem abarcar todo o seu ambiente envolvente. A epístola em verso, sendo pouco utilizada, encontra o seu correspondente no verso / poema dedicado.

O sujeito do discurso – neste caso o epistólogo – procura transmitir a outro o seu vivido ou o seu imaginado. Para o efeito conta desde logo com dois elementos enquadradores: tem de utilizar linguagem descritiva e concisa (não existe possibilidade imediata de desfazer dúvidas semânticas que possam surgir no leitor tal como aconteceria se a conversação fosse directa) ou não o fazendo deve utilizar uma terminologia que mesmo não sendo clara para outrem o seja para o destinatário o que vem dar ao mesmo.

Nestes termos a epístola acaba por ser obrigada a uma restrição maior na terminologia utilizada, a certos cuidados na utilização de metáforas e outras na organização estilística, o que não se torna tão necessário caso o texto escrito não tenha destinatário definido, ou seja, caso se trate de um texto para o grande público anónimo. E bem provável que se encontre alguma maior elaboração estilística que favoreça o estatuto quer do escrevente quer do leitor, mas mesmo esta deve conter-se nos limites da perceptibilidade, o que circunscreve as possibilidades de espanejamento na dissertação.

Se formos verificar esta questão repararemos que o facto de ter a epístola um destinatário bem definido acaba por fazer funcionar, neste aspecto, um factor de responsabilização do autor para com o seu correspondente a que o anonimato do leitor dos outros géneros literários não obriga. O peso psicológico da rejeição do texto ou de partes do texto embora seja também relevante no caso da chamada grande escrita para público anónimo, não tem no seu ou seus objectos alvo (leitores) variantes culturais ou outras nas quais possa vir a suceder ainda que por mero acaso.

1 comentário:

  1. Olá Daniel
    Não vou fazer um “discurso” como fiz no seu artigo anterior interligado a este.
    Gostei muito como aliás tenho gostado de todos os seus trabalhos que já li independentemente de concordar com tudo ou não.
    Aprecio a sua corrente de raciocínio e a maneira como faz as abordagens.
    Quando digo que me agrada não é com um espírito de elogio barato ou gostinho
    melado, como me pareceu que interpretou o meu ultimo comentário.
    Considero-o um escritor de valor que percorre os vários temas de forma ligeira porque redige com muita espontaneidade, e complexa porque analisar outros pode ser um risco, principalmente querer “entrar-lhes na pele”.
    Posso dizer que sinto que a sua escrita “pinga-lhe” das mãos.
    Gostei mesmo.
    Um abraço.
    Liliana

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