Página de Carlos Funghi - Duas Crónicas:«Streep Tease» e «A eterna gravidez da terra»
Streep Tease
Em meados de junho de 1974 estava eu em meu quarto, quando escutei meu velho gritar para minha mãe que na cozinha terminava o jantar: - Dina corre aqui, venha ver na TV! Você sabe o que é Streep Tease?
- Streep o que? - Veio a mãe perguntando e enxugando as mãos no velho avental.
– Streep Tease Dina, é o seguinte: A cidadã fica totalmente pelada no palco!
- Mas que pouca vergonha – vociferou a indignada mãe!
– Mas onde estão essas autoridades competentes? - Ela sempre se exprimia assim quando ouvia e via algo fora da jurisdição do feudo do seu lar. Para ela tudo lá fora era da alçada das «autoridades competentes». E como as gerações passadas acreditavam piamente nas autoridades competentes...
Não que elas fossem competentes e tão pouco de autoridade traziam o bom exemplo, só a clava forte! Mas a sociedade era diminuta ainda, por conseqüência os crimes e falcatruas menores, o que criava a ilusão de sermos uma tribo mais justa e limpa, onde as «autoridades competentes» estavam ali, vinte e quatro horas a vigiar pela segurança e os bons costumes.
A eterna gravidez da terra
De repente minha visão pequena para as coisas abriu um pouco mais e maravilhado comecei perceber belezas que até então eu as ignorava.
Me refiro a tudo mais que esse planeta mágico nos presenteia. Fornece-nos os alimentos, o ar indispensável e a água. Bem, até aí esses produtos tão indispensáveis á nossa sobrevivência a terra por si mesma faz brotar do seu seio generoso.
Mas bastou para que eu pegasse meu pen drive e constatar que ele brotou de dentro da terra. Também dela brotaram os computadores, os automóveis, a televisão, os celulares e milhares de outras belezas que compramos facilmente na esquina.
Muitos dirão: Ah, mas foi a inteligência do homem quem criou tudo isso.
Concordo, mas ela forneceu todo o material necessário, e fornecerá outros e outros. A inteligência humana para mim funciona como o adubo, mas é dela que nascem as coisas.
Se olharmos sem poesia essa beleza, veremos tão somente os minerais que o homem combina para criar as coisas. Se olharmos com a devida devoção veremos as coisas saltarem do chão assim como milho de pipoca que salta dentro da panela e sai vestido de noiva. Essa é a mágica.
Leia estas crónicas completas a partir de segunda feira 02/08/2010
Streep Tease
Em meados de junho de 1974 estava eu em meu quarto, quando escutei meu velho gritar para minha mãe que na cozinha terminava o jantar: - Dina corre aqui, venha ver na TV! Você sabe o que é Streep Tease?
- Streep o que? - Veio a mãe perguntando e enxugando as mãos no velho avental.
– Streep Tease Dina, é o seguinte: A cidadã fica totalmente pelada no palco!
- Mas que pouca vergonha – vociferou a indignada mãe!
– Mas onde estão essas autoridades competentes? - Ela sempre se exprimia assim quando ouvia e via algo fora da jurisdição do feudo do seu lar. Para ela tudo lá fora era da alçada das «autoridades competentes». E como as gerações passadas acreditavam piamente nas autoridades competentes...
Não que elas fossem competentes e tão pouco de autoridade traziam o bom exemplo, só a clava forte! Mas a sociedade era diminuta ainda, por conseqüência os crimes e falcatruas menores, o que criava a ilusão de sermos uma tribo mais justa e limpa, onde as «autoridades competentes» estavam ali, vinte e quatro horas a vigiar pela segurança e os bons costumes.
A eterna gravidez da terra
De repente minha visão pequena para as coisas abriu um pouco mais e maravilhado comecei perceber belezas que até então eu as ignorava.
Me refiro a tudo mais que esse planeta mágico nos presenteia. Fornece-nos os alimentos, o ar indispensável e a água. Bem, até aí esses produtos tão indispensáveis á nossa sobrevivência a terra por si mesma faz brotar do seu seio generoso.
Mas bastou para que eu pegasse meu pen drive e constatar que ele brotou de dentro da terra. Também dela brotaram os computadores, os automóveis, a televisão, os celulares e milhares de outras belezas que compramos facilmente na esquina.
Muitos dirão: Ah, mas foi a inteligência do homem quem criou tudo isso.
Concordo, mas ela forneceu todo o material necessário, e fornecerá outros e outros. A inteligência humana para mim funciona como o adubo, mas é dela que nascem as coisas.
Se olharmos sem poesia essa beleza, veremos tão somente os minerais que o homem combina para criar as coisas. Se olharmos com a devida devoção veremos as coisas saltarem do chão assim como milho de pipoca que salta dentro da panela e sai vestido de noiva. Essa é a mágica.
Leia estas crónicas completas a partir de segunda feira 02/08/2010
Parabéns por Streep!
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