sábado, 31 de julho de 2010

Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - A força da corrente - Fogo do Mal

Poesia de Cremilde Vieira da Cruz - A força da corrente - Fogo do Mal

A força da corrente

Teus lábios transparecem de silêncio
E o peso de tua alma cheira a mágoa,
Odor penetrado de silêncio,
Palavras duras soletradas ao ouvido
Na vertigem dos obstáculos.
Trazes na alma
Madrugadas e madrugadas de insónia,
Horas e horas de meditação,
Talvez arrependimento,
Mágoas sem corpo.

E inútil tentares despovoar teus pensamentos,
Porque trazes na mente o ressoar das horas
E marcas profundas no peito.

Há um silêncio amargo onde te encontras,
Um vazio de braços,
Neste Novembro à beira da chuva,
Outono à beira do frio,
Horas paradas sem intervalo,
Rigor da aragem.

Fogo do Mal

E qualquer entardecer,
Sequência de outros
Precisamente iguais:

O sol caído no mar,
A noite a descer,
A floresta em silêncio,
Os musgos adormecidos nas levadas...

Tudo quanto existe
E um mundo de ausência pura.
Não estou aqui para coisa nenhuma
Nem rasto deixarei.

Minhas palavras não têm chão.
Meus pensamentos desmembrados
São o infortúnio e a confusão,
A ausência real das margens sem margem
Onde me não sinto.

Aqui é o lado oposto de mim,
Horizonte sem clareira,
Corpo que vegeta,
Alma que flutua...


Leia estes poemas completos a partir de 02/08/2010

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