sábado, 31 de julho de 2010

Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano.

Coluna: Antônio Carlos Affonso dos Santos. ACAS, o Caipira Urbano.

Jogos Infantis - Amarelinha

Mantenho vivas em minhas lembranças eventos e detalhes de quando era criança. Afinal, dizem que isso acontece com todo mundo. Nesses últimos dias, em que o frio e uma chuva constante abalam a cidade de São Paulo, lembrei-me das brincadeiras e jogos infantis de quando eu, menino, vivia numa fazenda no interior do estado.

Lembro-me das cantigas de roda; batizado das bonecas; passa - anel; lenço atrás; balança caixão; piques; cabra - cega; maré e outras brincadeiras, ou jogos, com os quais fazíamos de modo lúdico a vivência de fantasias e de sonhos; brincadeiras estas às quais nos aplicávamos com denodo. Nas noites calorentas da região em que vivia, brincávamos de todas estas formas e fazíamos as reinações de costume.

Recentemente, em mais uma incursão sobre o grande folclorista (entre outras trinta especialidades) de Câmara Cascudo, deparei-me com uma de suas «Actas Diurnas e Noturnas» (série de crônicas antológicas publicadas no jornal «A Imprensa» de propriedade de sua família, na cidade de Natal (Rio Grande do Norte),onde escrevia uma coluna denominada «Bric - à - Brac». Numa delas, ele falava do «brinquedo do Jogo da Amarelinha, ou Maré».

Eu não o sabia, mas a quase totalidade dos folguedos e brincadeiras infantis praticadas até o dia de hoje no Brasil, vieram de Portugal; mas esta não: veio da França!
Aguçando minha curiosidade, vi na internet uma foto de um monumento a essa brincadeira infantil na Austrália, no Burswood Park.

Monumento ao jogo do Hopscotch (Amarelinha); fica no Burswood Park, na Austrália

Pensei: será que existe essa brincadeira em outros países?
E existe!

No Brasil rural, é mais conhecida como «jogo da maré», porém é mais difundido o nome «jogo de amarelinha». Em Portugal é por demais conhecidos como «macaca», dentre outros nomes.

O brinquedo, como já afirmara Câmara Cascudo, parece mesmo vir do Francês, onde é conhecido como «Marelle». Daí, creio que o nome adaptado ao jogo infantil no Brasil ter sido traduzido para «maré» e aqueles que viviam nos estados brasileiros onde os franceses também estiveram e que pronunciavam melhor o nome estrangeiro, passou a ser conhecido como «Amarelinha», obviamente com a inclusão e associação com a Cor Amarelo e aplicação de um sufixo diminutivo, mais a caráter, por ser um brinquedo para as crianças.

Leia este tema completo a partir de 02/08/2010

3 comentários:

  1. Vamos brincar. Parabéns por lembrar e chamar a importância dessas atividades concretas e não virtuais.

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  2. Agradeço ao Marcelo Torca pela solidariedade epaciência em ler meu texto singelo.
    Hoje, mais experiente; penso que o “jogo da Maré”, é similar à vida das pessoas: se estamos tentando conseguir o céu (sucesso), temos que passar pelas adversidades. As dez casas do jogo infantil são o protótipo gráfico da vida. Desde tenra idade temos que ter consciência que temos que focar num projeto (casa). Se errarmos algumas vezes na vida, temos nossas chances diminuídas, pois os outros concorrentes podem chegar ao céu e apossar-se de todas as casas da vida e não deixar onde possamos pôr os pés na empreitada. Quando o concorrente é forte, talvez só tenhamos uma singela oportunidade de sucesso. E ainda temos que pular com uma perna só, mantermos o equilíbrio, boa condição atlética e mental, além de traçarmos estratégias de como fazer sem erro o roteiro até o fim. Muitas pessoas jogam a vida como coadjuvantes: ficam esperando o adversário dar uma chance, torcendo para que ele erre. A vida imita a brincadeira infantil... .

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  3. ACAS, guardei para ler com a minha filhota. Gostei do que li! Abraço.

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