Coluna de Cecilio Elias Netto - Ruídos e doença da alma
Volto a insistir que morri para a análise política, que morri, como jornalista, para o cotidiano de uma cidade que está optando pelo pragmatismo individualista e egoístico. Minha missão foi cumprida até um tempo recente, quando homens públicos tinham, ainda, um mínimo de sensibilidade social e, também, um mínimo de decoro diante da coisa pública. Não tenho o direito de perder o pouco tempo que me resta com mediocridades sem conserto.
No entanto, estou cada vez mais vivo e presente como cidadão e não abro mão de um milímetro sequer desse meu direito à cidadania, como jornalista ou como um escritor recolhido a seu canto.
Essa violência, em relação a mudanças na Lei do Silêncio – proposta por um prefeito pragmático e suscetível ao jogo eleitoral – não pode passar desapercebida, pois revela absoluta insensibilidade diante do mínimo que se entenda por civilidade e cultura.
Mas, como, hoje, esperar de governantes um mínimo de conhecimento de cultura e civilidade, se o olhar cúpido deles está voltado ao interesse imediato, a grupos setorizados, a influências poderosas nem sempre generosas, quase sempre perniciosas?
Grandes empresas mundiais estão, atualmente, contratando como membros importantes de sua diretoria ou de conselho diretivo, filósofos e pensadores, pois essa nova época exige reflexões que faltam a empresários, chefes de governo, economistas, administradores. Interpretar os sinais dos tempos, refletir sobre a influência das novas tecnologias no cotidiano das pessoas, pensar as novas comunidades que surgem e novos estilos de vida – esse papel cabe ao filósofo como, antes, coube aos sábios da comunidade, aos conselhos de anciãos.
A Prefeitura e a Câmara Municipal, penso eu, deveriam socorrer-se de nossas universidades, de humanistas, de artistas, de poetas, que estão mais próximos da alma humana do que a economia de mercado e construção de pontes, rotatórias e avenidas.
Se a Câmara de Vereadores aprovar essa alteração na Lei do Silêncio, estará cometendo um mal irreparável, dando início a um processo de contaminação espiritual do povo, em favor apenas de donos de espetáculos barulhentos, sejam de leigos, sejam de pastores.
Vereadores médicos têm o dever e a obrigação de explicar, a seus colegas, que doenças da alma são como as do corpo e, portanto, transmissíveis. O estresse, a raiva, o ódio, a violência são considerados, por muitos especialistas, enfermidades somáticas que possuem algo comum que permite a sua propagação. Há um contágio anímico.
Leia esta crónica completa a partir de 16/08/2010
Volto a insistir que morri para a análise política, que morri, como jornalista, para o cotidiano de uma cidade que está optando pelo pragmatismo individualista e egoístico. Minha missão foi cumprida até um tempo recente, quando homens públicos tinham, ainda, um mínimo de sensibilidade social e, também, um mínimo de decoro diante da coisa pública. Não tenho o direito de perder o pouco tempo que me resta com mediocridades sem conserto.
No entanto, estou cada vez mais vivo e presente como cidadão e não abro mão de um milímetro sequer desse meu direito à cidadania, como jornalista ou como um escritor recolhido a seu canto.
Essa violência, em relação a mudanças na Lei do Silêncio – proposta por um prefeito pragmático e suscetível ao jogo eleitoral – não pode passar desapercebida, pois revela absoluta insensibilidade diante do mínimo que se entenda por civilidade e cultura.
Mas, como, hoje, esperar de governantes um mínimo de conhecimento de cultura e civilidade, se o olhar cúpido deles está voltado ao interesse imediato, a grupos setorizados, a influências poderosas nem sempre generosas, quase sempre perniciosas?
Grandes empresas mundiais estão, atualmente, contratando como membros importantes de sua diretoria ou de conselho diretivo, filósofos e pensadores, pois essa nova época exige reflexões que faltam a empresários, chefes de governo, economistas, administradores. Interpretar os sinais dos tempos, refletir sobre a influência das novas tecnologias no cotidiano das pessoas, pensar as novas comunidades que surgem e novos estilos de vida – esse papel cabe ao filósofo como, antes, coube aos sábios da comunidade, aos conselhos de anciãos.
A Prefeitura e a Câmara Municipal, penso eu, deveriam socorrer-se de nossas universidades, de humanistas, de artistas, de poetas, que estão mais próximos da alma humana do que a economia de mercado e construção de pontes, rotatórias e avenidas.
Se a Câmara de Vereadores aprovar essa alteração na Lei do Silêncio, estará cometendo um mal irreparável, dando início a um processo de contaminação espiritual do povo, em favor apenas de donos de espetáculos barulhentos, sejam de leigos, sejam de pastores.
Vereadores médicos têm o dever e a obrigação de explicar, a seus colegas, que doenças da alma são como as do corpo e, portanto, transmissíveis. O estresse, a raiva, o ódio, a violência são considerados, por muitos especialistas, enfermidades somáticas que possuem algo comum que permite a sua propagação. Há um contágio anímico.
Leia esta crónica completa a partir de 16/08/2010
Sem comentários:
Enviar um comentário