domingo, 15 de agosto de 2010

Reflexão doentia - Reflexão de Michel Crayon

Reflexão doentia - Reflexão de Michel Crayon

Há bocado estive a ver mais um episódio do Dr. House, coisa que já me vai chateando, mas que falta de melhor me vai satisfazendo naquele patamar de exigência mínima a que sou forçado por vezes, porque não dá nada de melhor na TV e eu preciso de me distrair um bocado, mesmo que essa distracção seja uma distracção mínima.

Havia duas personagens, doentes, em jogo, com maior relevância (para além do para mim já pseudo carismático Dr. House): uma, uma jovem que alegadamente tinha sido violada e um outro, um velhote canceroso em fase terminal.

A jovem, chata como o penico, na minha visão cínica, e passe a aparente insensibilidade, é preciso não esquecer que se trata de um filme, com uma história limada pelos especialistas emocionais que realizam a série e fazem o argumento, adquiriu, essa jovem, pelas mãos do argumentista, o estatuto privilegiado de ter de ser tratada nas palmas das mãos.

Para o efeito, durante uma consulta de psiquiatria, jogou a mão a um frasco de comprimidos e engoliu-os de uma assentada. O facto de ter sido violada (numa festa de uma amiga, esclareço, não se trata daqueles rappes vadios em ruelas escuras) não terá parecido suficiente ao argumentista para alicerçar a história, pelo que este (o argumentista) lhe meteu uma vintena de comprimidos pela goela abaixo, deitando-a no chão a espumar.

Por outro lado e noutro lado o velhote em fim de vida chama a atenção da Dr.ª Cameron (um bom borracho mas muito insonsa, diga-se) recusando os tratamentos paliativos que lhe atenuariam a dor, porque alegadamente quer morrer com dor. Depois, afirma à referida Dr.ª, que só pretende que ela se lembre dele, numa manifestação de isolamento e num desejo de deixar pelo menos uma memória nesta terra, plantada na mente da Dr.ª Cameron.

Leia este tema completo a partir de 16/08/2010

1 comentário:

  1. Ora viva Michel
    Como já vai sendo hábito gostei deste seu artigo (embora utilizando, por vezes, linguagem menos elegante, elegância essa a que sempre estive habituada a constatar em si e por isso estranho, mas só um nadinha - não interprete este "desabafo" de forma negativa, foi mesmo um desabafo. Mas continuando: Não costumo ver essa série por ser muito tarde mas conheço-a minimamente, no entanto também pouco importa para este meu comentário.
    É evidente que todos nós temos o direito de sermos nós próprios (bons ou maus), mas dar permissão a que os "maus" tenham lugar no mundo por mérito próprio, é uma tomada de posição curiosa, digo mesmo interessante, mas também é dar possibilidade a que magoem quem quiserem de forma gratuita pois não deve ter punição(pelo que percebi) e isso pode ter um certo risco, quanto mais não seja, causar mal estar a quem os rodeia. Quando esse mal estar é gerado por alguém que, embora tomando uma posição de "mau", nos obriga a encarar situações desagradáveis que temos de ultrapassar tudo bem, agora maldade gratuita... , mas sei se estou e acordo caro Michel.
    Você é sempre uma "mente" interessantíssima, digna de ser estudada, analisada, virada do avesso.
    Com toda a minha admiração
    Cumprimentos.
    Liliana

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