José Varzeano - Velhos usos de Alcoutim
Pequena nota: Este é o primeiro artigo que conhecemos, publicado pelo nosso saudoso Amigo no Jornal do Algarve. Acabámos por transcrevê-lo a pp 261 a 263 do nosso trabalho, «Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio, Subsídios para uma monografia» Ed. CMA, 1985 pelos motivos que lá indicamos. Temos a possibilidade hoje de enriquecer o texto com duas fotografias de dois casamentos, um realizado em 18 de Outubro de 1936, já se passaram 73 anos e o outro a que assistimos em 12 de Maio de 1968.
O primeiro referido é de D. Berta Cunha Martins, irmã de Luís Cunha, com o Sr. Leopoldo Vicente Martins há muito falecidos e o segundo dos nossos Amigos, Maria Catarina Xavier e de Francisco Coelho que felizmente estão entre nós e são todos alcoutenejos. Presto assim uma pequena homenagem aos dois casais.JV
Escreve:Luís Cunha (PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE DE 3 DE FEVEREIRO DE 1973)
Desapareceu há anos uma interessante praxe a que obedeciam os casamentos camponeses de Alcoutim. Com vista a assistir a todos os ritos de um que se realizava a rigor nos primeiros anos da década de vinte, para o qual éramos convidado do noivo, fomos para o monte das Cortes das Pereiras na véspera à tarde. Os convidados dele e dela, formavam em separado, como se fora luta entre bandos: quem sabe se disso não haveria reminiscência?
Ao cair da noite, o grupo de que fazíamos parte reuniu numa taberna e o outro, noutra. A lareira uns cavaqueavam relembrando peripécias passadas; ao lado disputava-se o cálice de aguardente em renhida partida de «truco» (jogo de cartas, segundo parece de paternidade algarvia mas que a juventude desconhece), e já alegrotes, alguns entravam a versalhar.
Assim se fez a fria noitada, até ao alvorecer. Pouco antes do romper do sol o grupo abalou, pé ante pé, no mais completo silêncio como quem vai a assalto ou a pilhar galinhas. Do outro grupo, nem rastos. No mesmo silêncio chegámos a casa da noiva onde um homem se destacou, batendo ao de leve sem resposta; insistiu com um pouco mais de força mas o resultado foi o mesmo, e por fim, quase violentando a porta e praguejando que aquilo mais parecia cemitério, excitou uma voz de dentro que, indignada, acusava o desacato a tais horas e inquiria o que se pretendia.
Leia este tema completo a partir de 09/08/2010
Pequena nota: Este é o primeiro artigo que conhecemos, publicado pelo nosso saudoso Amigo no Jornal do Algarve. Acabámos por transcrevê-lo a pp 261 a 263 do nosso trabalho, «Alcoutim, Capital do Nordeste Algarvio, Subsídios para uma monografia» Ed. CMA, 1985 pelos motivos que lá indicamos. Temos a possibilidade hoje de enriquecer o texto com duas fotografias de dois casamentos, um realizado em 18 de Outubro de 1936, já se passaram 73 anos e o outro a que assistimos em 12 de Maio de 1968.
O primeiro referido é de D. Berta Cunha Martins, irmã de Luís Cunha, com o Sr. Leopoldo Vicente Martins há muito falecidos e o segundo dos nossos Amigos, Maria Catarina Xavier e de Francisco Coelho que felizmente estão entre nós e são todos alcoutenejos. Presto assim uma pequena homenagem aos dois casais.JV
Escreve:Luís Cunha (PUBLICADO NO JORNAL DO ALGARVE DE 3 DE FEVEREIRO DE 1973)
Desapareceu há anos uma interessante praxe a que obedeciam os casamentos camponeses de Alcoutim. Com vista a assistir a todos os ritos de um que se realizava a rigor nos primeiros anos da década de vinte, para o qual éramos convidado do noivo, fomos para o monte das Cortes das Pereiras na véspera à tarde. Os convidados dele e dela, formavam em separado, como se fora luta entre bandos: quem sabe se disso não haveria reminiscência?
Ao cair da noite, o grupo de que fazíamos parte reuniu numa taberna e o outro, noutra. A lareira uns cavaqueavam relembrando peripécias passadas; ao lado disputava-se o cálice de aguardente em renhida partida de «truco» (jogo de cartas, segundo parece de paternidade algarvia mas que a juventude desconhece), e já alegrotes, alguns entravam a versalhar.
Assim se fez a fria noitada, até ao alvorecer. Pouco antes do romper do sol o grupo abalou, pé ante pé, no mais completo silêncio como quem vai a assalto ou a pilhar galinhas. Do outro grupo, nem rastos. No mesmo silêncio chegámos a casa da noiva onde um homem se destacou, batendo ao de leve sem resposta; insistiu com um pouco mais de força mas o resultado foi o mesmo, e por fim, quase violentando a porta e praguejando que aquilo mais parecia cemitério, excitou uma voz de dentro que, indignada, acusava o desacato a tais horas e inquiria o que se pretendia.
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