sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poemas de Liliana Josué - Hei-de Rasgar Meu Caminho - Vidraça - Abstraccionismo Temporário - BRANCO QUE FERE

Poemas de Liliana Josué - Hei-de Rasgar Meu Caminho - Vidraça - Abstraccionismo Temporário - BRANCO QUE FERE

Hei-de Rasgar Meu Caminho

Rasguem-me as roupas da alma
esburaquem meu coração
retracem-me o pensamento
diluam meu ser no ácido da aridez
que hei-de obstinar-me em viver
na teimosia da permanência
força da resistência
por ser gente
por ser eu.

Vidraça

Pela vidraça do mundo
corre a minha imaginação
e vejo coisas...
Uma montanha jorrando labaredas de emoções
um rio correndo de baixo para cima
buscando o inalcançável, mas tenta...
um braço de arvore estendendo-se para mim
sendo seus galhos dedos que me apertam.
Vejo ainda beijos soltos no ar
poisando na minha boca como pássaros vermelhos.
Dois corações, lado a lado
são levados pela brisa da minha imaginação
refrescando-se no rio persistente
indo depois poisar na montanha em labaredas.


Abstraccionismo Temporário

Vácuo
Distúrbio
Medo...
Ânsia transbordante
Céu sem cor
Nem credo
Dedo
Que apontou
E destruiu.
Alma de entranhas ao sol
Secura
Dura.
Olhos cegos... olhos cegos...
Atraindo a claridade

BRANCO QUE FERE

Uma praia branca
espreguiça-se infinitamente...
é brancura que fere
na sua pureza.

Tudo tão terrivelmente branco

Um raio se sol desmaia
rendido
os olhos escondem-se
numa aflição tentadora.
O coração bate com força
a alma torna-se chama
A vida vacila.

Leia estes poemas completos a partir de 23/08/2010

1 comentário:

  1. Belíssima prosopopeia em Branco que fere ( "a praia espreguiçando-se" ficou muito bonito) e Vidraça é como a descrição de uma "viagem" à base de ayuahasca. Perfeito

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