domingo, 13 de fevereiro de 2011

ALCOUTIM - Recordações III - Por Daniel Teixeira 

ALCOUTIM - Recordações III - Por Daniel Teixeira

Desta vez tenho de apresentar as minhas desculpas ao amigo José Varzeano por estar a retirar-lhe a integralidade da página / tema (os seus trabalhos espevitam-me a memória como já disse) e também pelo facto de ter comentado / legendado algumas das suas fotos - que vinham sem referência / legenda).

Quanto às fotos levei uma enormidade de tempo para conseguir destrinçar uma que ele refere como sendo a casa de um lavrador e que infelizmente não consegui recuperar (dado o formato técnico) senão da forma que vai abaixo (redução e depois ampliação) o que lhe retira muita qualidade mas para o efeito serve: trata-se, a meu ver, da casa que foi dos Lavradores Tomás e que actualmente é pertença do senhor Zézinho Martins; sobrinho desta família e que foi quem ficou a tomar conta das propriedades no Monte uma vez que a sua naturalidade é do Monte do Laborato na Freguesia de Martinlongo.

Havia uma relação desta família Tomás com a Monte do Laborato e provavelmente não só e foi num poço seu (perto da entrada do Monte, junto à Eira Grande do Lavrador João Vilão Teixeira) que o José Varzeano refere assim:


«Assim, em 1933, é concedido pelo Estado, um subsídio para a abertura de um poço, (10) mas não se conseguem arranjar homens a menos de 130$00 por metro de profundidade, apesar da Câmara fornecer dinamite e fulminantes. Devido à muita necessidade do mesmo foi autorizado pagar mais 10$00 por metro, sendo encarregado de fiscalizar os trabalhos a efectuar o proprietário local, Manuel Tomás Lourenço. A abertura do poço veio a custar a quantia de 1.540$00.»


que se terá processado esta operação de aprofundamento do poço com as peripécias pelo José Varzeano relatadas. Não vejo outra possibilidade uma vez que os outros poços que conheci, para abastecimento comum, eram mesmo comuns ou pelo menos situados em terrenos neutros ou baldios. Aquele sobressaía de uma cerca pertença dos «Tomáses» por acaso confinante a Poente com a Eira Grande dos seus rivais lavradores da família Vilão que tinham igualmente relação familiar com os Vilão de Giões.


Era o único poço em terreno relativamente plano mas situado «nas costas» do Monte pelo que a sua utilização era reduzida e limitada aos habitantes vizinhos (zonas da Praça e proximidade da Portela dos Giões). Lembro-me que o «nosso» poço (quer dizer aquele que usávamos) e que no trabalho do José Varzeano eu legendo como sendo o «poço de cima», estava a cerca de 150 metros ou mais abaixo e tinha uma ladeira serpenteada devido à inclinação. Era verdadeiramente difícil de subir carregados de baldes (normalmente dois), as mulheres por vezes com três (+ um à cabeça).


As bestas também não pareciam gostar de fazer o serviço carregando cântaros de zinco: para os burros dois, atados entre si com cordas, mulas e cavalos quatro em armações (cangalhas específicas) cujo nome me não recordo. Os burros, os animais mais espertos que conheci, assim que nos apanhavam distraídos subindo a ladeira à sua frente estacavam na melhor e só arrancavam de novo quando descíamos de novo e os íamos buscar pela arreata.

Leia este tema completo a partir de 14/2/2011

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