sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Assombração – Onofre e a aparição do rei Pelé... -  Por Se Gyn


Assombração – Onofre e a aparição do rei Pelé... - Por Se Gyn

Depois da primeira de várias histórias do Zorra (Zórra), a roda de gente formada na varanda na casa de meu pai na tarde do dia de Ano Novo estava pra lá de animada.
E foi aí que ele também resolveu contar uma história de assombração.

Disse ele que, ao tempo em que era rapaz, havia na região em que morava, as Aguas Brancas das Morangas, um baiano, alto esguio e conversado, o Onofre, sujeito que nunca abria mão do porte de uma faca peixeira na cintura e gostava de dizer e repetir que não tinha medo de ninguém e nem nada – deste ou de outro mundo.

Nenhum dos vizinhos tinha interesse ou coragem de testar as tais qualidades, exceto o Teobaldo, vizinho de terras de meu avô, que em silêncio desconfiava da macheza do cabra.
Certa noite, como era costume, a roda de truco estava formada na casa do «seo» Alberto, mineiro simpático, pai de vasta prole, bom de prosa e muito bom anfitrião, que morava como agregado na fazenda do velho Zé Onório, cujas terras ficavam além das terras do Teobaldo. Meu pai, alguns irmãos e, os vizinhos – inclusive o Onofre, estavam lá, jogando truco e ouvindo alguém no toque da sanfona.

Era uma noite de lua cheia e céu claro, como só pode ser visto no centro - oeste do país. O Teobaldo vinha voltando da cidade numa carroça cheia de compras de ferramentas e outras coisas de manutenção e lida na fazenda. A estrada passava a pouca distância da casa do «seo» Alberto, onde pode avistar a animação dos truqueiros e a presença do papudo do Onofre. E imediatamente, começou a maquinar: «Eh, Onofo, é hoje que eu te ajeito. Hoje é que eu te pego na mentira!»...

Pouco depois, o Onofre, despachado como sempre, avisou que já ia embora. A despeito da insistência do «seo» Alberto para que ficasse um pouco mais e, a provocação da rapaziada quanto aos perigos da estrada e os pedidos para que esperasse a companhia dos companheiros no caminho de volta, como de costume, ele não retrocedeu, e reafirmando sua coragem e disposição de cortar qualquer mal que lhe aparecesse no fio da «viana», tomou o rumo de casa.

Ele ia pisando firme a assoviando uma velha rancheira, em direção à casa, ainda bem distante, e foi se aproximando de uma encruzilhada de estradas, onde mudaria de rumo, descendo na estrada à esquerda, rumo à baixada. Encruzilhada era lugar temido pelos sertanejos – sempre ligadas a histórias de despedidas tristes, mortes atraiçoadas, feitiçarias, acidentes, assombrações e, coisas do tipo. Mas, o Onofre, ia na dele, sem dar pelota para a coisa.

Leia este tema completo a partir de 7/2/2011

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