sábado, 19 de fevereiro de 2011

Biografia e Bibliografia de Pedro Du Bois

Biografia e Bibliografia de Pedro Du Bois


«Agora não estou mais
com medo, estou com Pedro»
(Gilberto Gil, in Com Medo, Com Pedro)


Meu nome é Pedro de Quadros Du Bois, como também sou Giffoni, Portaluppi, Schell, Pacheco, Kovaks, Araújo e outros nomes mais dos quais nem fiquei sabendo. Nasci em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 16 de outubro de 1947. Resido, desde 2.000, em Itapema, SC.

A integridade é traço marcante do meu caráter. Herdei do meu pai, Sylvio Giffoni Du Bois, gabrielense, torcedor do glorioso G. R. E. 14 de Julho, maragato, curioso das coisas da vida, e que se foi tão cedo; e da minha mãe, Lenita de Quadros Du Bois, até hoje vivendo em Passo Fundo, professora aposentada, leitora constante, acomodada em sua velhice, perspicaz no que o mundo ainda pode lhe oferecer, consciente das suas limitações e da sua hora.

Lembro meu assombro quando, criança ainda, em processo de alfabetização, olhando o jornal diário sobre a escrivaninha do meu pai, verifiquei que poderia juntar as letras de imprensa em palavras de cursivas letras. Mas não era escritor, era leitor de revistas de informações, gibis, livros infanto-juvenis, adultos, placas de propaganda, textos, palavras, letras, legendas e tudo o mais que fizesse sentido para mim. Fui escritor de redações escolares: tímidas e técnicas.

O escritor ficou guardado por muito tempo em cartas comerciais, roteiros, manuais de instruções, relatórios e algumas poesias e breves comentários em cartões e cartas remetidos à Tânia (minha mulher) e à Marina (minha filha).

Minha infância, tranquila, como Passo Fundo se ofereceu a todos nós que lá estávamos naquela época. Brincadeiras, jogos, olhar as meninas, brigar com outros meninos; correrias pelas ruas; andar de bicicleta (agora, sem as mãos!); subir e descer dos vagões estacionados junto à gare; banhos de rios, lagoas e piscinas (grande «nova» invenção da humanidade); o culto religioso nas manhãs de domingo, sem o que não havia cinema pela tarde: os seriados e suas eternas continuações; acompanhar o pai nas partidas disputadas pelo glorioso Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho, tanto em seu estádio, Celso da Cunha Fiori, quanto nas cidades vizinhas, Carazinho e Erechim. Torcer pelo colorado, sofrer com o colorado (até hoje); sim, estudar, ir ao colégio, reconhecer os países, as línguas, as bandeiras, as letras, os números.

Em relação aos estudos, fui privilegiado, primeiro, o jardim de infância (dona Leyda Tubino Abelin) da Escola Normal Oswaldo Cruz, com suas brincadeiras, a hora do descanso, a plantação de hortaliças, o ir sozinho; depois, o primário, também na «ENOC», dona Hilda Gentil (mãe do Zeca) nos dois primeiros anos, alfabetização, mundo novo descortinado, aberto, ao alcance dos olhos e da mente; dona Neuza Monte, no terceiro ano (dei-lhe um pote com folhagens no dia do professor); dona Suzana Falkemback de Araújo, no quarto ano, mãe da Aninha (de quem recebi sermão, apenas, por ter sido o oitavo colocado na avaliação do primeiro mês); no quinto ano, o mais fácil, dona Irene Wagner (exímia musicista, mais que professora).

O ginásio, no Colégio Nicolau de Araújo Vergueiro (meu parente longínquo), a sedimentação da turma, as primeiras reuniões dançantes, as incursões pelo grêmio estudantil. Antes que me esqueça, Latim, Francês, Inglês, Português, Matemática, História, Geografia, Biologia, Filosofia e outras menos votadas. Do Latim, Francês, Matemática e Biologia, pouco ficou. Da Filosofia, a descoberta do contraditório, a concretização da ética e da moral; a dialética. Da História e da Geografia, o sonho do que já havia ocorrido e dos espaços que poderia percorrer.

Do Português, a sonoridade das palavras e as intermináveis conjugações e regras. A Literatura despertando o leitor, prenúncio do escritor, como entrevisto em algumas redações já no curso Clássico, através do trabalho da professora Maria Luiza Gottlieb. Os textos escritos na época – inéditos - foram jogados fora quando me julguei adulto.

A participação no Grêmio Estudantil e na União Passo-fundense, no Diretório Acadêmico e no Diretório Central de Estudantes, traduzindo em atos políticos os anseios de mudar o mundo, melhorá-lo, torná-lo mais justo e igualitário em textos engajados ideologicamente nos discursos inflamados. Política e literatura andando lado a lado. Os anos de chumbo refreando as atividades políticas e a literatura decorrente. O silêncio.

A aprovação no vestibular, com notas máximas em História e Filosofia. A faculdade de Direito, em Passo Fundo, com suas aulas alternadas em turnos diversos, a necessidade de conciliar o trabalho e o estudo, já trabalhando no Banco do Brasil, em Sarandi. A certeza de que os ensinamentos me ajudariam na passagem, mas não me seriam úteis no particular. Satisfeito onde estava, nem quis advogar nem procurei o serviço público.

Leia este tema completo a partir de 21/2/2011

1 comentário:

  1. Tatiana Testoni Coelho21 de fevereiro de 2011 às 14:42

    Que delícia viajar pela sua história e conhecer um pouco mais do Pedro!!!

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