Biografia e Bibliografia de Pedro Du Bois
«Agora não estou mais
com medo, estou com Pedro»
(Gilberto Gil, in Com Medo, Com Pedro)
Meu nome é Pedro de Quadros Du Bois, como também sou Giffoni, Portaluppi, Schell, Pacheco, Kovaks, Araújo e outros nomes mais dos quais nem fiquei sabendo. Nasci em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 16 de outubro de 1947. Resido, desde 2.000, em Itapema, SC.
«Agora não estou mais
com medo, estou com Pedro»
(Gilberto Gil, in Com Medo, Com Pedro)
Meu nome é Pedro de Quadros Du Bois, como também sou Giffoni, Portaluppi, Schell, Pacheco, Kovaks, Araújo e outros nomes mais dos quais nem fiquei sabendo. Nasci em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, em 16 de outubro de 1947. Resido, desde 2.000, em Itapema, SC.
A integridade é traço marcante do meu caráter. Herdei do meu pai, Sylvio Giffoni Du Bois, gabrielense, torcedor do glorioso G. R. E. 14 de Julho, maragato, curioso das coisas da vida, e que se foi tão cedo; e da minha mãe, Lenita de Quadros Du Bois, até hoje vivendo em Passo Fundo, professora aposentada, leitora constante, acomodada em sua velhice, perspicaz no que o mundo ainda pode lhe oferecer, consciente das suas limitações e da sua hora.
Lembro meu assombro quando, criança ainda, em processo de alfabetização, olhando o jornal diário sobre a escrivaninha do meu pai, verifiquei que poderia juntar as letras de imprensa em palavras de cursivas letras. Mas não era escritor, era leitor de revistas de informações, gibis, livros infanto-juvenis, adultos, placas de propaganda, textos, palavras, letras, legendas e tudo o mais que fizesse sentido para mim. Fui escritor de redações escolares: tímidas e técnicas.
O escritor ficou guardado por muito tempo em cartas comerciais, roteiros, manuais de instruções, relatórios e algumas poesias e breves comentários em cartões e cartas remetidos à Tânia (minha mulher) e à Marina (minha filha).
Minha infância, tranquila, como Passo Fundo se ofereceu a todos nós que lá estávamos naquela época. Brincadeiras, jogos, olhar as meninas, brigar com outros meninos; correrias pelas ruas; andar de bicicleta (agora, sem as mãos!); subir e descer dos vagões estacionados junto à gare; banhos de rios, lagoas e piscinas (grande «nova» invenção da humanidade); o culto religioso nas manhãs de domingo, sem o que não havia cinema pela tarde: os seriados e suas eternas continuações; acompanhar o pai nas partidas disputadas pelo glorioso Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho, tanto em seu estádio, Celso da Cunha Fiori, quanto nas cidades vizinhas, Carazinho e Erechim. Torcer pelo colorado, sofrer com o colorado (até hoje); sim, estudar, ir ao colégio, reconhecer os países, as línguas, as bandeiras, as letras, os números.
Em relação aos estudos, fui privilegiado, primeiro, o jardim de infância (dona Leyda Tubino Abelin) da Escola Normal Oswaldo Cruz, com suas brincadeiras, a hora do descanso, a plantação de hortaliças, o ir sozinho; depois, o primário, também na «ENOC», dona Hilda Gentil (mãe do Zeca) nos dois primeiros anos, alfabetização, mundo novo descortinado, aberto, ao alcance dos olhos e da mente; dona Neuza Monte, no terceiro ano (dei-lhe um pote com folhagens no dia do professor); dona Suzana Falkemback de Araújo, no quarto ano, mãe da Aninha (de quem recebi sermão, apenas, por ter sido o oitavo colocado na avaliação do primeiro mês); no quinto ano, o mais fácil, dona Irene Wagner (exímia musicista, mais que professora).
O ginásio, no Colégio Nicolau de Araújo Vergueiro (meu parente longínquo), a sedimentação da turma, as primeiras reuniões dançantes, as incursões pelo grêmio estudantil. Antes que me esqueça, Latim, Francês, Inglês, Português, Matemática, História, Geografia, Biologia, Filosofia e outras menos votadas. Do Latim, Francês, Matemática e Biologia, pouco ficou. Da Filosofia, a descoberta do contraditório, a concretização da ética e da moral; a dialética. Da História e da Geografia, o sonho do que já havia ocorrido e dos espaços que poderia percorrer.
Do Português, a sonoridade das palavras e as intermináveis conjugações e regras. A Literatura despertando o leitor, prenúncio do escritor, como entrevisto em algumas redações já no curso Clássico, através do trabalho da professora Maria Luiza Gottlieb. Os textos escritos na época – inéditos - foram jogados fora quando me julguei adulto.
A participação no Grêmio Estudantil e na União Passo-fundense, no Diretório Acadêmico e no Diretório Central de Estudantes, traduzindo em atos políticos os anseios de mudar o mundo, melhorá-lo, torná-lo mais justo e igualitário em textos engajados ideologicamente nos discursos inflamados. Política e literatura andando lado a lado. Os anos de chumbo refreando as atividades políticas e a literatura decorrente. O silêncio.
A aprovação no vestibular, com notas máximas em História e Filosofia. A faculdade de Direito, em Passo Fundo, com suas aulas alternadas em turnos diversos, a necessidade de conciliar o trabalho e o estudo, já trabalhando no Banco do Brasil, em Sarandi. A certeza de que os ensinamentos me ajudariam na passagem, mas não me seriam úteis no particular. Satisfeito onde estava, nem quis advogar nem procurei o serviço público.
Leia este tema completo a partir de 21/2/2011
Lembro meu assombro quando, criança ainda, em processo de alfabetização, olhando o jornal diário sobre a escrivaninha do meu pai, verifiquei que poderia juntar as letras de imprensa em palavras de cursivas letras. Mas não era escritor, era leitor de revistas de informações, gibis, livros infanto-juvenis, adultos, placas de propaganda, textos, palavras, letras, legendas e tudo o mais que fizesse sentido para mim. Fui escritor de redações escolares: tímidas e técnicas.
O escritor ficou guardado por muito tempo em cartas comerciais, roteiros, manuais de instruções, relatórios e algumas poesias e breves comentários em cartões e cartas remetidos à Tânia (minha mulher) e à Marina (minha filha).
Minha infância, tranquila, como Passo Fundo se ofereceu a todos nós que lá estávamos naquela época. Brincadeiras, jogos, olhar as meninas, brigar com outros meninos; correrias pelas ruas; andar de bicicleta (agora, sem as mãos!); subir e descer dos vagões estacionados junto à gare; banhos de rios, lagoas e piscinas (grande «nova» invenção da humanidade); o culto religioso nas manhãs de domingo, sem o que não havia cinema pela tarde: os seriados e suas eternas continuações; acompanhar o pai nas partidas disputadas pelo glorioso Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho, tanto em seu estádio, Celso da Cunha Fiori, quanto nas cidades vizinhas, Carazinho e Erechim. Torcer pelo colorado, sofrer com o colorado (até hoje); sim, estudar, ir ao colégio, reconhecer os países, as línguas, as bandeiras, as letras, os números.
Em relação aos estudos, fui privilegiado, primeiro, o jardim de infância (dona Leyda Tubino Abelin) da Escola Normal Oswaldo Cruz, com suas brincadeiras, a hora do descanso, a plantação de hortaliças, o ir sozinho; depois, o primário, também na «ENOC», dona Hilda Gentil (mãe do Zeca) nos dois primeiros anos, alfabetização, mundo novo descortinado, aberto, ao alcance dos olhos e da mente; dona Neuza Monte, no terceiro ano (dei-lhe um pote com folhagens no dia do professor); dona Suzana Falkemback de Araújo, no quarto ano, mãe da Aninha (de quem recebi sermão, apenas, por ter sido o oitavo colocado na avaliação do primeiro mês); no quinto ano, o mais fácil, dona Irene Wagner (exímia musicista, mais que professora).
O ginásio, no Colégio Nicolau de Araújo Vergueiro (meu parente longínquo), a sedimentação da turma, as primeiras reuniões dançantes, as incursões pelo grêmio estudantil. Antes que me esqueça, Latim, Francês, Inglês, Português, Matemática, História, Geografia, Biologia, Filosofia e outras menos votadas. Do Latim, Francês, Matemática e Biologia, pouco ficou. Da Filosofia, a descoberta do contraditório, a concretização da ética e da moral; a dialética. Da História e da Geografia, o sonho do que já havia ocorrido e dos espaços que poderia percorrer.
Do Português, a sonoridade das palavras e as intermináveis conjugações e regras. A Literatura despertando o leitor, prenúncio do escritor, como entrevisto em algumas redações já no curso Clássico, através do trabalho da professora Maria Luiza Gottlieb. Os textos escritos na época – inéditos - foram jogados fora quando me julguei adulto.
A participação no Grêmio Estudantil e na União Passo-fundense, no Diretório Acadêmico e no Diretório Central de Estudantes, traduzindo em atos políticos os anseios de mudar o mundo, melhorá-lo, torná-lo mais justo e igualitário em textos engajados ideologicamente nos discursos inflamados. Política e literatura andando lado a lado. Os anos de chumbo refreando as atividades políticas e a literatura decorrente. O silêncio.
A aprovação no vestibular, com notas máximas em História e Filosofia. A faculdade de Direito, em Passo Fundo, com suas aulas alternadas em turnos diversos, a necessidade de conciliar o trabalho e o estudo, já trabalhando no Banco do Brasil, em Sarandi. A certeza de que os ensinamentos me ajudariam na passagem, mas não me seriam úteis no particular. Satisfeito onde estava, nem quis advogar nem procurei o serviço público.
Leia este tema completo a partir de 21/2/2011
Que delícia viajar pela sua história e conhecer um pouco mais do Pedro!!!
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