Assombração (III) - meu irmão e o fantasma americano... - Por Se Gyn
A tarde do Ano Novo seguia animada, e havia chegado à roda de causos e histórias formada na varanda da casa de meu pai, um casal de tios e dois companheiros de truco, que estavam doidos para pegar na orelha da «sota (dama)», mas se envolveram logo com os causos e histórias de assombração que iam se sucedendo.
Foi então que meu irmão caçula resolveu contar também um história, que ele disse ter acontecido durante a sua segunda estada nos EUA, para onde emigrara em busca de emprego e uma poupança em dólares, como haviam feito centenas de pessoas da nossa região.
Ele contou que chegando aos Estados Unidos, por informação de amigos, foi morar na cidade de Marlborough, no estado de Nova Iorque. Não demorou e, conseguiu trabalho numa empresa promotora de eventos. Normalmente, trabalhava nas dependências de um enorme hotel da cidade, onde a empresa montava numa área enorme e aberta do hotel, ambientes das mais diversas decorações e tamanhos, destinados a eventos tão diferentes quanto festas de casamento e convenções de empresas. Ali, fazia desde a montagem de divisórias, serviço de som e imagem, até a decoração de cadeiras.
Em suas palavras, os primeiros tempos de trabalho eram tranquilos, pois tinha bons colegas de trabalho (brasileiros ou «latinos») e o patrão americano era um sujeito bom, paciente e muito correto nos tratos e pagamentos. Todavia, o trabalho exigia disposição, pois os horários de trabalho variavam de acordo com as necessidades e escalas, sendo muito comum serem chamados para desmontar ambientes e estandes de madrugada, para deixar tudo pronto para o evento da manhã seguinte. Como não enjeitava trabalho, o patrão gostava de escalá-lo para o turno da noite.
Mas (e nas histórias de assombração, as encrencas começam tem sempre o «mas» que detonam as situações), ele nos disse que, depois de dois meses trabalhando nas dependências do hotel, em turnos um tanto solitários, nas noites e madrugadas, começou a acontecer um negócio esquisito - e, neste momento, ele exibiu os braços absurdamente arrepiados para a roda de silente e atenciosa roda de ouvintes. Ele começou a notar que, enquanto fazia o seu trabalho, sentia como se alguma coisa passasse rapidamente ao seu lado, em direção ao centro do salão. Mas, não via nem ouvia nada. Como achava que era uma espécie de impressão tola, ou algo causado pelo cansaço, não deu atenção.
O problema, disse ele (e, novamente se podia notar seus braços totalmente arrepiados) é que aquilo continuou acontecendo - toda noite, sentia aquela mesma coisa estranha, com a diferença que começou a notar uma espécie de alo que turvava a imagem do ambiente, na direção e altura em que aquela coisa ou presença se deslocava, sempre passando das suas costas para o lado, à direita, em direção ao centro da sala. E ele ia tentando convencer-se de que aqueles eventos tinham a ver com a luz e o ar condicionado do hotel ou coisas assim. Como precisava trabalhar e gostava do trabalho, foi ignorando aqueles acontecimentos.
As jornadas de trabalho pelas noites e madrugadas no hotel continuavam. E o estranho e pontual evento também. Meu irmão disse que tentava não ver aquilo, mas a certa altura, começou a ficar impossível ignorar, pois aquela presença estranha e silenciosa começava a mudar e dar sinais de que não iria embora, bem pelo contrário, pois, no fluxo de deslocamento, começaram a aparecer cores, primeiramente pouco perceptíveis, depois, meio esmaecidas, e finalmente, perfeitamente divisáveis. Mas, o que ele podia fazer? Como ele poderia lidar com uma situação que fugia de tudo o que conhecia, de qualquer coisa que pudesse ser explicada ou controlada?
Leia este tema completo a partir de 21/2/2011
A tarde do Ano Novo seguia animada, e havia chegado à roda de causos e histórias formada na varanda da casa de meu pai, um casal de tios e dois companheiros de truco, que estavam doidos para pegar na orelha da «sota (dama)», mas se envolveram logo com os causos e histórias de assombração que iam se sucedendo.
Foi então que meu irmão caçula resolveu contar também um história, que ele disse ter acontecido durante a sua segunda estada nos EUA, para onde emigrara em busca de emprego e uma poupança em dólares, como haviam feito centenas de pessoas da nossa região.
Ele contou que chegando aos Estados Unidos, por informação de amigos, foi morar na cidade de Marlborough, no estado de Nova Iorque. Não demorou e, conseguiu trabalho numa empresa promotora de eventos. Normalmente, trabalhava nas dependências de um enorme hotel da cidade, onde a empresa montava numa área enorme e aberta do hotel, ambientes das mais diversas decorações e tamanhos, destinados a eventos tão diferentes quanto festas de casamento e convenções de empresas. Ali, fazia desde a montagem de divisórias, serviço de som e imagem, até a decoração de cadeiras.
Em suas palavras, os primeiros tempos de trabalho eram tranquilos, pois tinha bons colegas de trabalho (brasileiros ou «latinos») e o patrão americano era um sujeito bom, paciente e muito correto nos tratos e pagamentos. Todavia, o trabalho exigia disposição, pois os horários de trabalho variavam de acordo com as necessidades e escalas, sendo muito comum serem chamados para desmontar ambientes e estandes de madrugada, para deixar tudo pronto para o evento da manhã seguinte. Como não enjeitava trabalho, o patrão gostava de escalá-lo para o turno da noite.
Mas (e nas histórias de assombração, as encrencas começam tem sempre o «mas» que detonam as situações), ele nos disse que, depois de dois meses trabalhando nas dependências do hotel, em turnos um tanto solitários, nas noites e madrugadas, começou a acontecer um negócio esquisito - e, neste momento, ele exibiu os braços absurdamente arrepiados para a roda de silente e atenciosa roda de ouvintes. Ele começou a notar que, enquanto fazia o seu trabalho, sentia como se alguma coisa passasse rapidamente ao seu lado, em direção ao centro do salão. Mas, não via nem ouvia nada. Como achava que era uma espécie de impressão tola, ou algo causado pelo cansaço, não deu atenção.
O problema, disse ele (e, novamente se podia notar seus braços totalmente arrepiados) é que aquilo continuou acontecendo - toda noite, sentia aquela mesma coisa estranha, com a diferença que começou a notar uma espécie de alo que turvava a imagem do ambiente, na direção e altura em que aquela coisa ou presença se deslocava, sempre passando das suas costas para o lado, à direita, em direção ao centro da sala. E ele ia tentando convencer-se de que aqueles eventos tinham a ver com a luz e o ar condicionado do hotel ou coisas assim. Como precisava trabalhar e gostava do trabalho, foi ignorando aqueles acontecimentos.
As jornadas de trabalho pelas noites e madrugadas no hotel continuavam. E o estranho e pontual evento também. Meu irmão disse que tentava não ver aquilo, mas a certa altura, começou a ficar impossível ignorar, pois aquela presença estranha e silenciosa começava a mudar e dar sinais de que não iria embora, bem pelo contrário, pois, no fluxo de deslocamento, começaram a aparecer cores, primeiramente pouco perceptíveis, depois, meio esmaecidas, e finalmente, perfeitamente divisáveis. Mas, o que ele podia fazer? Como ele poderia lidar com uma situação que fugia de tudo o que conhecia, de qualquer coisa que pudesse ser explicada ou controlada?
Leia este tema completo a partir de 21/2/2011
Sem comentários:
Enviar um comentário