domingo, 13 de fevereiro de 2011

Prioridade – prioridades - Por Abílio Pacheco

Prioridade – prioridades - Por Abílio Pacheco

Esta é uma crônica inútil, do tipo chover no molhado. Mas quem disse que a crônica precisa ter utilidade? Ou que ela precisa trazer novidades? Crônica, já disse o que penso sobre ela no meu «cheiro de café», vem de «cronos» (tempo). Portanto é ligada ao presente, ao hodierno. Mesmo que se considere inútil e redundante, ela é deveras necessária.

As leis que determinam o atendimento preferencial representam um avanço no pensamento brasileiro e um progresso jurídico em relação ao respeito à(s) parcela(s) da sociedade contemplada com as prioridades. Mas tem algum leitor por aí que não tenha uma, umazinha sequer, história de desrespeito ao atendimento prioritário? Ou mesmo falta de lógica no que se refere à prioridade? Disse que era chover no molhado, lá vai água:

Já vi caixa dizer para idoso que a prioridade é no subsolo, estando o cliente no terceiro andar. Já vi pessoas dizerem (isto foi num aeroporto) que não cederiam a vez no auto-atendimento bancário à mãe com a criança no colo, pois já estavam esperando há muito tempo. Já vi pessoa reclamar que gorda não tem prioridade, duvidando da gestação de uma cliente preferencial.

O campeão de desrespeito talvez seja mesmo o transporte urbano. Não vou dar nenhum exemplo senão esta crônica vai virar uma ficha corrida. A coisa é feia tanto nos pontos de ônibus como dentro dos veículos e piora se for um transporte alternativo. Advogar a favor da pessoa que tem direito, então, é coisa que não se faz nestes espaços públicos. Afinal, você o que que você com isso?

Não para por aí, não. Tem uns locais de atendimento ao público em Belém que – atendendo a lei – reserva algumas atendentes para as prioridades. Entretanto, se o cliente chegar e tirar uma senha de prioridade e uma senha para atendimento comum no mesmo instante, a senha comum é, na maioria das vezes, chamada antes. Não entendi! Para quê prioridade neste caso?

Aliás, tem outra coisa que ainda não entendi nos tais caixas preferenciais para atender às prioridades. Eles servem para quê mesmo? Seria perfeitamente justificável se houve um atendimento diferenciado, se esses caixas tivessem um treinamento que os distinguisse dos demais, se eles tivessem melhor preparo para atender, por exemplo, um idoso que chega atrapalhadinho com cartão, senha, opções de «crédito ou débito?». Uma curiosidade é que – não sei por aí, nesses outros brasis, mas nestas plagas – os atendentes desses caixas em geral são mais estressados, mais aborrecidos, mais impacientes. Deve ser isso mesmo, são escolhidos a dedo para punir o cidadão que conquistou esse direito – pelo visto – inaceitável aos demais.

Leia este tema completo a partir de 14/2/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário