COLUNA UM - Daniel Teixeira - Quem somos nós, afinal!?
Tenho-me deparado nestes últimos tempos com alguns trabalhos, que vou lendo por essa Net fora, onde a pergunta - pelo menos implícita - que surge é a já velha questão «netística» de se saber se as pessoas na Net são reais ou são diferentes da sua realidade.
Pessoalmente, e apesar de já ter entrado algumas vezes na discussão do tema, acho que essa pergunta é, pelo menos parcialmente, uma falsa questão, quando colocada exclusivamente no âmbito do raciocínio sobre a Net. Na verdade nunca ninguém é, de uma forma estável e estática, ou duradoura, da forma que o outro desejaria e idealiza em termos comportamentais na Net ou fora dela.
Todos flutuamos em termos de «humor», quase todos temos problemas e alegrias que condicionam os nossos comportamentos e as nossas apreciações, quase todos somos um pouco aquilo que somos e um pouco aquilo que não somos, com Net ou sem ela. Isto no que se refere a comportamentos, a formas de agir, a atitudes que se tomam.
Amos Oz, um escritor israelita, define, por outras vias e com uma outra gravidade esta situação com o seu tema a mulher à janela. Nenhuma delas, Israelita ou Palestiniana sabe concretamente o que a outra pensa, quais os seus problemas pessoais, as razões de uma estar bem ou mal disposta, enfim, não existe qualquer informação trocada entre elas, só podem imaginar-se...
O problema pode ser colocado em qualquer circunstância e em qualquer meio, e tendo como exemplo o referido acima sobre Amos Oz, trata-se de saber se o comportamento ou a atitude de uma dada pessoa entra dentro de um padrão que se considera aceitável. Quer dizer, se esse comportamento não sai, para mais ou para menos, de um espaço que a nossa mente calcula razoável.
A ideia que se pretende e que na Net não se consegue obter senão após um lapso de tempo maior do que na vida real, é esta acima referida certeza relativa de uma regularidade comportamental que só se consegue através da solidificação da nossa ideia, da nossa opinião e aqui entram em linha de conta outros factores que já foram aflorados acima : na verdade, e sumarizando e muito, até que ponto o outro imaginado do lado de lá não corresponde a um modelo que nós mesmos temos criado dentro de nós!?
Quer dizer, até que ponto a ideia que fazemos e vamos fazendo do outro não é para nós aquela que nós consideramos razoável e / ou desejável e / ou possível dessa mesma pessoa tendo como «modelo» um modelo ou um conjunto de modelos que recolhemos em meio múltiplo e armazenámos na nossa mente?
Tenho-me deparado nestes últimos tempos com alguns trabalhos, que vou lendo por essa Net fora, onde a pergunta - pelo menos implícita - que surge é a já velha questão «netística» de se saber se as pessoas na Net são reais ou são diferentes da sua realidade.
Pessoalmente, e apesar de já ter entrado algumas vezes na discussão do tema, acho que essa pergunta é, pelo menos parcialmente, uma falsa questão, quando colocada exclusivamente no âmbito do raciocínio sobre a Net. Na verdade nunca ninguém é, de uma forma estável e estática, ou duradoura, da forma que o outro desejaria e idealiza em termos comportamentais na Net ou fora dela.
Todos flutuamos em termos de «humor», quase todos temos problemas e alegrias que condicionam os nossos comportamentos e as nossas apreciações, quase todos somos um pouco aquilo que somos e um pouco aquilo que não somos, com Net ou sem ela. Isto no que se refere a comportamentos, a formas de agir, a atitudes que se tomam.
Amos Oz, um escritor israelita, define, por outras vias e com uma outra gravidade esta situação com o seu tema a mulher à janela. Nenhuma delas, Israelita ou Palestiniana sabe concretamente o que a outra pensa, quais os seus problemas pessoais, as razões de uma estar bem ou mal disposta, enfim, não existe qualquer informação trocada entre elas, só podem imaginar-se...
O problema pode ser colocado em qualquer circunstância e em qualquer meio, e tendo como exemplo o referido acima sobre Amos Oz, trata-se de saber se o comportamento ou a atitude de uma dada pessoa entra dentro de um padrão que se considera aceitável. Quer dizer, se esse comportamento não sai, para mais ou para menos, de um espaço que a nossa mente calcula razoável.
A ideia que se pretende e que na Net não se consegue obter senão após um lapso de tempo maior do que na vida real, é esta acima referida certeza relativa de uma regularidade comportamental que só se consegue através da solidificação da nossa ideia, da nossa opinião e aqui entram em linha de conta outros factores que já foram aflorados acima : na verdade, e sumarizando e muito, até que ponto o outro imaginado do lado de lá não corresponde a um modelo que nós mesmos temos criado dentro de nós!?
Quer dizer, até que ponto a ideia que fazemos e vamos fazendo do outro não é para nós aquela que nós consideramos razoável e / ou desejável e / ou possível dessa mesma pessoa tendo como «modelo» um modelo ou um conjunto de modelos que recolhemos em meio múltiplo e armazenámos na nossa mente?
Olá Daniel
ResponderEliminarEste é mais um dos seus muito felizes trabalhos.
O confronto permanete que sofremos entre o real e o virtual, por vezes, torna-se incómodo, desconfortável ou mesmo frustrante. Penso que o que conta é o trabalho que se faz por si só. Quanto à personalidade do interveniente creio que tem um relevo mínimo. Vejamos o caso do consagrado Ary dos Santos; excelente poeta mas de temperamento irascível e por vezes intratával mesmo. Agora se apontarmos para um conhecimento mais profundo, tendendo para a construção duma amizade, a net pode proporcionar grandes enganos: A pessoa "diz que é" mas pode não ser. Claro que isto também pode acontecer, noutros moldes, na vida real. Mas este assunto daria pano para mangas. O que está aqui em causa é o belo trabalho do Daniel, achei-o admirável. Parabéns amigo.
Um abraço
Liliana Josué
A sempre simpática Liliana...
ResponderEliminarCreio que seja muito difícil estar na sua posição, neste "nosso" Raiz on Line! Eu mesmo já transferi minhas angústias e preocupações a ti e você, do alto da sua fidalguia, me ajudou a contornar problemas que me afiguravam intransponíveis, mas você me fez perceber que eram de pequena monta. Tivemos uma perda, a partir desta edição, com a ausência na redação da minha amiga e "descobridora" que me convidou a vir fazer parte da família Raiz on Line. Mas, ela ainda colabora assim como eu: vamos em frente, que atrás vem gente, Daniel.
ResponderEliminarAs Mulheres na Janela só fazem contemplar; vejamos o que elas dizem de nós.
Do brasuca caipira,
ACAS
Amigo Acas
ResponderEliminarAgradeço as suas palavras e lembro-me bem de ainda recentemente termos trocado impressões sobre a «relativização» das coisas...relativas. Se repararmos bem tem de haver um termo maior ou diferente para que as coisas possam ser «relativas», quer dizer, comparadas para mais ou para menos.
A dinâmica do jornal Raizonline atingiu aquela velocidade através da qual as coisas se equilibram. Andemos nós de avião ou de bicicleta conhece-se este princípio necessário.
Num caso e noutro só se pára quando se tem de parar mesmo, quer dizer, só se pára quando se chega ao destino e esse aqui recomeça todas as semanas.
Abraço
Daniel
Estou aqui a reler este artigo do Daniel e a interiorizar cada uma das palavras e conceitos. Posso não estar na redação, mas estou seguramente na janela. E estou noutros lados também. Vocês todos fazem parte da minha vida e eu da vossa. Ninguém nos pode tirar o passado, e o futuro a nós pertence. Cada semana se recomeça o destino, diz o Daniel...
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