sexta-feira, 14 de maio de 2010

POESIA DE MARIO MATTA E SILVA - CULPAS - Idosa Indolência

POESIA DE MARIO MATTA E SILVA - CULPAS - Idosa Indolência


CULPAS


1

Desamarraram-se os barcos

Cá dentro do meu peito

E tudo ficou à deriva…

Poisaram pombas nos charcos

E o tempo tomba desfeito

Sem outra alternativa.


2

Desataram-se as veias

Que me percorrem, fervilhando

Deixando o sangue em desordem…


Idosa Indolência


Caminha devagar, conta os passos

Coloca com cuidado a bengala

Atravessa a casa até à sala

E sentando-se, poisa seus cansaços.


E um idoso que conta os dias

E trás consigo a hora compassada

Fazendo da indolência assim respirada

Em contracções que afastam arrelias.



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