Coluna de Cecilio Elias Netto - Reflexões e roupa da Dilma
Em congresso de proprietários de meios de comunicação – debatendo os novos e importantes recursos tecnológicos – o diretor de conteúdo do Grupo Estado enfatizou uma das mais importantes preocupações da atualidade: a reflexão. O receio é o de que, com a velocidade dos meios, perca-se a reflexão, levando o jornalista a informações precipitadas e decisões erradas. O palestrante lembrou-se de que o repórter, até recentemente, após uma entrevista, voltava para a redação, passava no bar da esquina para tomar um cafezinho e, enquanto isso, formulava seu raciocínio, compondo a estrutura do texto. Agora, escreve a partir do celular, enviando a informação o mais rápido possível.
Temos, pois, a inversão da pirâmide. Antes, a profundidade do texto era inversamente proporcional à sua velocidade. Assim, a rádio era a primeira a informar, mas com texto superficial; em seguida, a tevê, com a vantagem de fornecer a imagem; daí, o jornal, já com texto mais elaborado; finalmente, a revista, com tempo e informações suficientes para uma análise mais profunda. Com a era eletrônica, tudo é rápido, veloz e jornais eletrônicos competem com as rádios, de forma que, na maioria das vezes, o jornal impresso irá mostrar-se superado ao divulgar a mesma notícia. São problemas. E são vantagens. No entanto, a reflexão, parece-me, é o ponto-chave de toda a questão.
O outro lado da moeda também é grave: o leitor lê sem refletir. Na maioria das vezes, lê apenas o título, ou a informação rápida sobre a matéria. Não absorve o texto que, por si mesmo, já é frágil em virtude da luta contra o tempo. Ora, se a informação é precária e o leitor a recebe apenas superficialmente, sem refletir e sem se aprofundar nela, onde houve, na verdade, a comunicação? E qual tipo de informação se forneceu ou foi recebida? Insista-se: a má informação é mil vezes pior do que a desinformação.
O leitor também está refletindo pouco. E isso pode ser percebido por qualquer profissional de imprensa minimamente experiente. Não se pode mais criar sutilezas de linguagem ou de imagens, que a maioria dos leitores não percebe. A linguagem da internet, abreviada e grosseira, está sendo exigida também nos jornais tanto impressos como eletrônicos, e isso é um erro, gravíssimo. O dever da imprensa é informar bem e corretamente, o que é, também, uma maneira de formar. Ceder ao modismo de um tempo é fracassar na missão de rascunhador da história, pois jornalismo é exatamente isso: fazer o rascunho da história.
Leia este tema completo a partir de 15/11/2010
Em congresso de proprietários de meios de comunicação – debatendo os novos e importantes recursos tecnológicos – o diretor de conteúdo do Grupo Estado enfatizou uma das mais importantes preocupações da atualidade: a reflexão. O receio é o de que, com a velocidade dos meios, perca-se a reflexão, levando o jornalista a informações precipitadas e decisões erradas. O palestrante lembrou-se de que o repórter, até recentemente, após uma entrevista, voltava para a redação, passava no bar da esquina para tomar um cafezinho e, enquanto isso, formulava seu raciocínio, compondo a estrutura do texto. Agora, escreve a partir do celular, enviando a informação o mais rápido possível.
Temos, pois, a inversão da pirâmide. Antes, a profundidade do texto era inversamente proporcional à sua velocidade. Assim, a rádio era a primeira a informar, mas com texto superficial; em seguida, a tevê, com a vantagem de fornecer a imagem; daí, o jornal, já com texto mais elaborado; finalmente, a revista, com tempo e informações suficientes para uma análise mais profunda. Com a era eletrônica, tudo é rápido, veloz e jornais eletrônicos competem com as rádios, de forma que, na maioria das vezes, o jornal impresso irá mostrar-se superado ao divulgar a mesma notícia. São problemas. E são vantagens. No entanto, a reflexão, parece-me, é o ponto-chave de toda a questão.
O outro lado da moeda também é grave: o leitor lê sem refletir. Na maioria das vezes, lê apenas o título, ou a informação rápida sobre a matéria. Não absorve o texto que, por si mesmo, já é frágil em virtude da luta contra o tempo. Ora, se a informação é precária e o leitor a recebe apenas superficialmente, sem refletir e sem se aprofundar nela, onde houve, na verdade, a comunicação? E qual tipo de informação se forneceu ou foi recebida? Insista-se: a má informação é mil vezes pior do que a desinformação.
O leitor também está refletindo pouco. E isso pode ser percebido por qualquer profissional de imprensa minimamente experiente. Não se pode mais criar sutilezas de linguagem ou de imagens, que a maioria dos leitores não percebe. A linguagem da internet, abreviada e grosseira, está sendo exigida também nos jornais tanto impressos como eletrônicos, e isso é um erro, gravíssimo. O dever da imprensa é informar bem e corretamente, o que é, também, uma maneira de formar. Ceder ao modismo de um tempo é fracassar na missão de rascunhador da história, pois jornalismo é exatamente isso: fazer o rascunho da história.
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