sábado, 6 de novembro de 2010

Página de Jorge Vicente

Página de Jorge Vicente

o filme aruanda (1960) de linduarte noronha
em homenagem ao sertão brasileiro: o filme aruanda (1960) de linduarte noronha partilho com vocês um filme que me foi recomendado pelo poeta antónio adriano de medeiros, o rei do cordel brasileiro (ou um dos reis). o filme chama-se aruanda e é um dos marcos do cinema novo brasileiro. foi realizado por linduarte noronha em 1960.

Em colaboração com a redacção:


Aruanda é o filme sobre a Paraíba que mais se tem conhecimento. O filme cativou platéias de diversos lugares do Brasil e do mundo ao mostrar a realidade do sertão nordestino.
Linduarte Noronha, diretor local, documenta a vida de descendentes de escravos que haviam fundado um quilombo. Nele, vivem à margem de qualquer outra civilização e se sustentam através do comércio de potes feitos de barro, que são vendidos em outro lugarejo distante.
Em 1960, Aruanda ganhou o público de São paulo e Rio de Janeiro e, em pleno surgimento do Cinema Novo, mostrou ao resto do país a sua própria pobreza.

Glauber Rocha, nome principal do movimento, declarou que o documentário o inspirou em seu filme principal, Deus e o Diabo na Terra do Sol. Interessante observar as condições precárias de produção e filmagem do filme.

Por alguns foi vista como liberdade estética, a precariedade vista na tela é complemento do que Aruanda registra. A pobreza não é apenas dos personagens retratados, mas da própria obra.

«Linduarte Noronha e Rucker Vieira entram na imagem viva, na montagem descontínua, no filme incompleto. Aruanda assim inaugura o documentário brasileiro nesta fase de renascimento que atravessamos...» (Glauber Rocha - Revisão crítica do cinema brasileiro)
Entrevista com Linduarte Noronha sobre seus curtas «Aruanda» e «O Cajueiro Nordestino».

António Adriano de Medeiros


Antônio Adriano de Medeiros nasceu em Santa Luzia, na Paraíba, e vive em Natal, Rio Grande do Norte. Médico, formado em João Pessoa, com especialização em Psiquiatria, feita no Rio de Janeiro. Publicou o «Soneto Para O Diabo», na revista holandesa Sur, em 1995; os «7 Sonetos de Um Amor Muito Safado», na Antologia Eros (São Paulo: Editora Poesia Diária, 1999) e o livro Zoológico Fantástico (Rio de Janeiro: Editora Papel Virtual, 2000). Tem um livro no prelo e muito poema espalhado pela Internet. «Eu sou um bicho exótico que pegou a Transamazônica e foi até o mar».

A dupla face de Deus

O leitor que por acaso
conheça os escritos meus
— esses rabiscos raquíticos,
uns magros riscos plebeus —
sabe: trago sempre viva
a idéia obssessiva
de ver a Face de Deus.

Pois bem, no rol dos ateus
não posso ser incluído.
Vivo qual cego no mundo
a procurá - Lo, aturdido;
ou talvez seja um profeta:
Deus seria a linha reta,
caminho fácil, perdido.

Estará Deus escondido
no fogo, raio ou trovão?
Será Deus talvez um bicho,
águia, serpente ou leão?
Ou será que nos engana
assim com a face humana,
como a nossa, caro irmão?

Leia este tema completo a partir de 08/11/2010

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