sábado, 27 de novembro de 2010

Crónicas de Haroldo P. Barboza - Está tudo dominado.

Crónicas de Haroldo P. Barboza - Está tudo dominado.

Os conflitos arquitetados em novembro de 2010 no Rio de forma orquestrada, onde dezenas de atos terroristas foram iniciados em paralelo com ônibus queimados e civis atingidos mortalmente a esmo, demonstra como os malfeitores planejam e executam seus projetos, sem reuniões de cúpula, sem memorandos, sem escritórios atapetados.
Se nossas autoridades (de posse de toda estrutura que PAGAMOS com nossos impostos) tivessem a mesma sincronia, todas as áreas sociais estariam com 90% de seus problemas superados e teríamos tempo de desenvolver nosso projeto como nação livre.

Ocorre que diversos escalões de comando da administração pública triplicam seus salários justamente por uma nebulosa aliança de suas canetas com os malfeitores das armas de fogo, que acabam controlando os que usam as canetas mortais. Soluções para reduzir as barbaridades urbanas atuais existem e até nós, que não trilhamos os caminhos profissionais da segurança pública, podemos planificá-las em 15 dias.

Mas as demagogias dos governantes visando perpetuação do poder nas mãos dos incompetentes abandonam as questões locais e se preocupam em perdoar as dívidas de Cuba, Nicarágua, Gabão, Moçambique, Haiti e Bolívia enquanto o BNDES se diz sem verbas para financiar os recursos para que nossos nativos sustentem o progresso desta terra de líderes podres.
Os distúrbios urbanos eclodem por dezenas de fatores nascidos na incompetência de nossos dirigentes. Inclusive com intuitos políticos, como em 2002 no Rio, quando a desordem na cidade nos lembrava o Caos da faixa de Gaza e surpreendentemente se «acalmou» depois do resultado das eleições.

A cada ano acontece um fato violento que oprime nossos corações. Lembremos dos últimos: a queima do índio Pataxó em Brasília. A morte do jornalista Tim Lopes no Rio. Morte de 8 pessoas nos ônibus queimados no Rio. Morte de 5 pessoas na queda do buraco do metrô em São Paulo. Trucidamento do menino de 6 anos arrastado no Rio. Morte de 4 operários na queda de ponte em construção em Campos (mesmas construtoras do metrô em São Paulo).
Em todos estes momentos as «autoridades» dizem que agora tomarão medidas enérgicas para mudar o cenário de insegurança e impunidade. Só não dizem que o fundo do poço já ficou para cima há muito tempo e que toda esta fanfarra anunciada por suas goelas são engavetadas 15 dias depois que a imprensa arquiva o assunto pressionada por patrocinadores que enriquecem com este caos social.

A causa da violência urbana não está NAS favelas. Estas já existiam antes de meu nascimento em 1945. Até meados de 1970, quase 99,9% de sua população era de honestos trabalhadores pobres sem condições financeiras para morar em local melhor. Os poucos pilantras que lá moravam limitavam-se a pequenos e esporádicos furtos em residências e lojas ou assaltos eventuais nas ruas da cidade. Portavam no máximo, um revolver 38.
Os líderes locais, por serem mais idosos, eram mais responsáveis e de alguma forma ajudavam aos necessitados da área. Atualmente, como malfeitores dificilmente vivem além dos 35 anos, as quadrilhas são comandadas por jovens a partir de 12 anos, que ao invés de ajudar os necessitados que os escondem, usam-nos como escudos quando a polícia invade as favelas de forma desordenada, sem planejamento.

O ambiente caótico e inadequado foi mantido desta forma por décadas para servir de trampolim eleitoral aos gatunos de terno que montam seus escritórios no coração do asfalto, dentro de suntuosos condomínios e salas confortáveis de prédios públicos.
Quando as favelas possuíam 200 ou 300 pessoas e o uso de drogas não era moda, não chamavam atenção do poder público para suas necessidades básicas humanas pois não incomodavam os bairros ricos. Agora que estufaram e se multiplicaram em progressão geométrica descontrolada, passaram a incomodar aos próprios «bacanas» consumidores, pois a única maneira de serem escutados é fechando pistas, queimando pneus, ônibus e ocultando os bandidos que de alguma forma prestam-lhes a assistência que seria obrigação do Estado, com fiscalização nossa (ambas nunca executadas).

Hoje, os bandidos mal encarados (que não chegam a 0,5% da população residente das favelas) criaram micros empresas do crime (com aval das autoridades ao longo dos últimos 30 anos) e fazem do local sua trincheira privilegiada, usando os pobres inocentes locais como escudos e massa de manobra para balbúrdias sob a força do terror. Mas os escritórios de comando do crime de tráfico estão instalados em valiosos apartamentos na orla marítima ou em gabinetes dos palácios governamentais.
E é destes locais que nascem os telefonemas encomendando as drogas e patrocinando a compra de armas pesadas e desmoralização de algumas autoridades ainda interessadas em manter a ordem. Destas salas são editadas as normas para produzir seqüestros, afrouxar fiscalizações, reduzir equipes de vigilância nas fronteiras e nas estradas e isentar suspeitos de investigações. Também providenciam sumiço de provas e retardamento dos processos judiciais.

Com a abertura democrática concedida pelo falecido Presidente Figueiredo, infelizmente a vida política nacional foi tomada de assalto por um grande número de perigosos marginais portando canetas em seus ternos finos e cheios de idéias infelizes na cabeça que voltaram de seus esconderijos no exterior.


Leia este tema completo a partir de 29/11/2010

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