domingo, 28 de novembro de 2010

Texto sobre Florbela Espanca - Parte II - O PARNASIANISMO DE FLORBELA ESPANCA

Texto sobre Florbela Espanca - Parte II - O PARNASIANISMO DE FLORBELA ESPANCA

Segundo António José Saraiva e Oscar Lopes na sua história da Literatura portuguesa Florbela Espanca é uma sonetista com laivos parnasianos no plano estético, (parnasianismo este de que Olavo Bilac é um dos mais explícitos cultores e teorizadores). Em termos puramente literários esta corrente é uma corrente charneira que serve de voz (ou é utilizada formalmente como voz) de todo um conjunto de autores que tem em comum não só a prática de um dado mundo estético / temático mas também um percurso intelectual e criador comum em muitos aspectos.

O que pode aqui parecer uma redundância vazia de sentido serve-nos no entanto para afirmar e fazer ressaltar a parte da frase que diz:«(…) é parnasiano o (…) conjunto de autores que tem em comum não só a prática de um dado mundo estético / temático mas também um percurso intelectual e criador comum em muitos aspectos.» Este aspecto é importante, e seria importante qualquer que fosse a corrente estética em causa, porquanto muito pouco se sabe sobre as influências culturais e literárias de Florbela Espanca.

As referências encontradas amiúde no seu diário são, nalguns casos indetectáveis ou de difícil procura, caso de Delarne - Mardrus em «La monnaie de Singe» – Florbela Espanca - Contos e Diário – Publicações D. Quixote, ISBN: 972-20-1884-1, Setembro de 1985 e Outubro de 2000, Diário, 2 de Maio de 1930 ou Delarme - Mardrus - Promoclube, Amigos do Livro Editores, Ldª, sem data, Diário, 2 de Maio de 1930, onde a preocupação dos editores (e dos inúmeros introdutores) nem parece ter-se debruçado sobre as incorrecções do nome da autora que Florbela cita desta maneira:

«Maio 1930-2: La monnaie de singe, de (Delarne-Mardrus, Delarme-Mardrus conforme as edições que referimos), encantou-me, positivamente: sem ser, de maneira nenhuma uma obra-prima é um livro adorável. A parte da sua estrutura um pouco frágil, os seus exageros, o seu tom um pouco forçado de demonstração, é realmente qualquer coisa de bom.

A sua «petite fille toute en or», longínqua como um ídolo, é um magnífico pretexto para magníficas páginas cheias de coração e de graça. «La jalousie et la haine sont des formes de l’hommage. C’est un encens amer, mais le plus précieux des encens, celui que les médiocres ne connaîtront jamais ».

Como é verdade ! Este livro tem para mim o valor de me ter debruçado sobre a minha alma de rapariga. Lembro-me dela ter sido, dantes, um pouco, a alma corajosa e bravia, terna e inquieta duma petite fille toute en or. E tembém a mim, foi sempre em monnaie de singe que a esmola da ternura me foi dada…»

Trata-se, neste texto, de um livro impossível de encontrar nas diversas pesquisas que fizemos sob este título, da autoria logicamente inquestionável de DELARUE-MARDRUS, Lucie (Honfleur 1880-Château-Gonthier 1945). Juntamos por ora um pequeno texto em francês referindo a autora guardando para depois um maior desenvolvimento nos aspectos que esta referência despoleta, nomeadamente o facto de Lucie Delarue Mardrus ter sido uma feminista que terá em muito contribuído para a ideia da literatura no feminino, ao mesmo tempo que lhe são apontadas tendências lésbicas.

Leia este tema completo a partir de 29/11/2010

Sem comentários:

Enviar um comentário