Poesia de Ilona Bastos - HOJE; Como Soa o Poema; Dias Outonais
HOJE
Hoje é um dia de harmonia,
Um dia delicado,
Em que vou cantar a folha
E não a árvore,
A pétala e não a flor,
A gota e não o oceano,
O grão e não a areia.
Hoje vou dedicar-me
Aos mais belos pormenores,
Como o do silêncio,
O do gesto,
O do sorriso,
O do traço,
O da letra.
Como Soa o Poema
Não soa o poema ao criador.
Irrompe do fundo de nenhures,
Pensamento luminoso, súbito
Na brancura do papel a derramar.
Não soa em alta voz a poesia.
Pois é ideia ágil, forte e clara,
E passo vivo ou mesmo galopante,
Que o braço move e leva pelo ar.
Não soa como som, já que é mais luz,
Corrente descendente até à mão,
Vaivém audaz do lápis no papel
Furor intenso e débil a criar.
Dias Outonais
Tanto necessito de harmonia,
Que dos meus gestos faço dança,
Para que a arte torne belos
Estes dias curtos do Outono.
Limpo cada folha da palmeira
Como quem penteia os cabelos de oiro
De uma princesa donzela.
Atento, o meu olhar passeia manso
Sobre as construções passantes,
Quando em trânsito navego na cidade,
E lentos desfilam edifícios altos
Nas margens empedradas da avenida.
Prendo-me aos detalhes do mármore jovem,
Do ferro forjado da varanda antiga,
As minúcias doces de um jardim cuidado,
A cortina em renda por trás da vidraça…
Leia este tema completo a partir de 22/11/2010
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