JORNADA CREPUSCULAR - POR: DR. MARIO MATTA E SILVA - O FADO COMO CANTAR DO POVO
Nas jornadas em que se homenageia Amália Rodrigues, não há crepúsculo que não traga as assimilações que ao longo dos anos o povo recolheu, nas três vertentes que o velho regime do Estado Novo desenvolveu e que hoje ainda se evidencia de forma acentuada: Fado, Fátima e Futebol.
Nestas formas em que as multidões sabem vibrar e assimilar o que é bem português, ainda hoje, em plena democracia, se vive com entusiasmo e emoção. Quanto ao Fado, as audiências e os aplausos mantêm-se acesos e vivos, com caras e vozes novas que a morte de Amália fez iluminar num vislumbre internacionalizado e por isso, transportado a todos os continentes do planeta.
Vejamos, o que nos diz de Amália, em poucas linhas, Fernando Dacosta, numa obra literária exemplar, da qual aconselho a leitura, com o título OS MAL AMADOS.
«A facilidade com que, adolescente ainda, dominou o fado desde os tugúrios gordurosos de Lisboa, aos palcos acanhados do País, fê-la ambicionar mais. Compreendendo-lhe a originalidade (nada existia de parecido na musica internacional), sentindo-lhe a hipnose (o fascínio dos que o ouviam era flagrante), Amália comete a ousadia de encená-lo com outras (novas) vestes, espaços, conteúdos, expressividades, sonoridades.
Dilatando-o, eleva-o – pela postura (adejante) do corpo e pela palavra (superior) que lhe imprime – a alturas de incenso. A dolente «Canção de Lisboa» tem, vislumbra-a e assume-a, uma arquitectura de centelha operática incomum.»
Nos populares caminhos da Severa expande Amália as dolorosas letras de muitos autores de nomeada portugueses, que arrastando seguidores, admiradores, fãs de toda a ordem, se impõe durante décadas como a grande fadista que encarna um Portugal amargurado, dorido, exausto, mas que na sua voz o transforma num brilho misterioso e altivo por esse mundo além.
Como cantar do povo, eleva-o aos píncaros do estrelato musical, nas mais luxuriantes salas dos quatro cantos da Terra. Quer se goste ou não de Amália Rodrigues reconheçamos-lhe o valor de se haver assumido como «embaixadora» do Fado, que assim saia, deslumbrante, dos espaços acanhados e pardacentos das tabernas, (onde José Malhoa, na sua genial pintura, vai registar para sempre «A Fadista») e onde outras e outros muitos fadistas continuaram a preencher as noites de Lisboa, de Coimbra e de muitas outras terras portuguesas.
O fado ficou como expressão singular e enternecedora da alma portuguesa, onde Camões teve a sua parte deliciosa em sonetos ou redondilhas que se elevaram ao mais alto esplendor do versejar apaixonado, de um «…amor que arde sem se ver», ou, mais junto de nós, quem não ouviu Amália cantando letras de David Mourão - Ferreira, de Pedro Homem de Melo, de O’Neill e outros?!
Leia este tema completo a partir de 14/03/2011
Nas jornadas em que se homenageia Amália Rodrigues, não há crepúsculo que não traga as assimilações que ao longo dos anos o povo recolheu, nas três vertentes que o velho regime do Estado Novo desenvolveu e que hoje ainda se evidencia de forma acentuada: Fado, Fátima e Futebol.
Nestas formas em que as multidões sabem vibrar e assimilar o que é bem português, ainda hoje, em plena democracia, se vive com entusiasmo e emoção. Quanto ao Fado, as audiências e os aplausos mantêm-se acesos e vivos, com caras e vozes novas que a morte de Amália fez iluminar num vislumbre internacionalizado e por isso, transportado a todos os continentes do planeta.
Vejamos, o que nos diz de Amália, em poucas linhas, Fernando Dacosta, numa obra literária exemplar, da qual aconselho a leitura, com o título OS MAL AMADOS.
«A facilidade com que, adolescente ainda, dominou o fado desde os tugúrios gordurosos de Lisboa, aos palcos acanhados do País, fê-la ambicionar mais. Compreendendo-lhe a originalidade (nada existia de parecido na musica internacional), sentindo-lhe a hipnose (o fascínio dos que o ouviam era flagrante), Amália comete a ousadia de encená-lo com outras (novas) vestes, espaços, conteúdos, expressividades, sonoridades.
Dilatando-o, eleva-o – pela postura (adejante) do corpo e pela palavra (superior) que lhe imprime – a alturas de incenso. A dolente «Canção de Lisboa» tem, vislumbra-a e assume-a, uma arquitectura de centelha operática incomum.»
Nos populares caminhos da Severa expande Amália as dolorosas letras de muitos autores de nomeada portugueses, que arrastando seguidores, admiradores, fãs de toda a ordem, se impõe durante décadas como a grande fadista que encarna um Portugal amargurado, dorido, exausto, mas que na sua voz o transforma num brilho misterioso e altivo por esse mundo além.
Como cantar do povo, eleva-o aos píncaros do estrelato musical, nas mais luxuriantes salas dos quatro cantos da Terra. Quer se goste ou não de Amália Rodrigues reconheçamos-lhe o valor de se haver assumido como «embaixadora» do Fado, que assim saia, deslumbrante, dos espaços acanhados e pardacentos das tabernas, (onde José Malhoa, na sua genial pintura, vai registar para sempre «A Fadista») e onde outras e outros muitos fadistas continuaram a preencher as noites de Lisboa, de Coimbra e de muitas outras terras portuguesas.
O fado ficou como expressão singular e enternecedora da alma portuguesa, onde Camões teve a sua parte deliciosa em sonetos ou redondilhas que se elevaram ao mais alto esplendor do versejar apaixonado, de um «…amor que arde sem se ver», ou, mais junto de nós, quem não ouviu Amália cantando letras de David Mourão - Ferreira, de Pedro Homem de Melo, de O’Neill e outros?!
Leia este tema completo a partir de 14/03/2011
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