sábado, 26 de março de 2011

JORNADA CREPUSCULAR - POR: DR. MARIO MATTA E SILVA - UMA GERAÇÃO «A RASCA» COM NIVEL INTELECTUAL (1870)

JORNADA CREPUSCULAR - POR: DR. MARIO MATTA E SILVA - UMA GERAÇÃO «A RASCA» COM NIVEL INTELECTUAL (1870)

Nesta minha jornada crepuscular deu-me o apetite de ir buscar um tempo politico remoto que se ergueu por força das incompatibilidades de um rotativismo partidário, muito confuso e cheio de peripécias, que abrange os anos de 1851 a 1870, e que culminou por uma activa participação da então designada Geração de 70.

Por certo, uma geração também, nesse tempo, à rasca, em busca de verdade, de estabilidade politica, económica e financeira e desejosa de mais intervenção a um nível cultural superior. Vivia-se então numa monarquia constitucional, desastrosa, controversa e debilitada.

Diz, nos seus escritos de História, Oliveira Marques: «As revoluções francesa e espanhola que, em 1870 e 1873 respectivamente, levaram a República ao poder, tiveram papel de relevo no surto de uma consciência politica nacional oposta ao rotativismo cínico dos partidos e ao enriquecimento despreocupado da burguesia.»

E é neste ambiente de instabilidade e de insatisfação popular que em 1871, surgem as famosas Conferências do Casino, numa atitude de afrontamento às instituições e à ordem de uma certa burguesia que disputava sem pudor o poder, com desprezo pelas classes mais baixas. Assim é em pleno alvoroço de nefasta politiqueira, que vão irromper as primeiras greves de apreciável amplitude (1872) dinamizadas já por um operariado emergente.

A História não tem acasos mas sim factos, que se enquadram sempre num recheado de insatisfações sociais, que neste tempo bem mostravam a exaltação de gente explorada, envolta numa dinâmica nova, trazida por uma paz podre e uma agonia do poder real, ao mesmo tempo que se consagrava a apetência pela formação de mais partidos políticos (Partido Republicano 1873, Partido Socialista 1875… que se juntarão aos partidos Reformista e Progressista).

Curioso será então o Manifesto - Programa dessas mesmas Conferências, do qual passamos as transcrever alguns passos:

«Ninguém desconhece que se está dando em volta de nós uma transformação politica, e todos pressentem que se agita, mais forte que nunca, a questão de saber como deve regenerar-se a organização social. (…) Não pode viver e desenvolver-se um povo, isolado das grandes preocupações intelectuais do seu tempo: o que todos os dias a Humanidade vai trabalhando deve também ser o assunto das nossas constantes meditações. Abrir uma tribuna onde tenham voz as ideias e os trabalhos que caracterizam este momento do século, preocupando-nos sobretudo com a transformação social, moral e politica dos povos. (…) Procurar adquirir a consciência dos factos que nos rodeiam, na Europa; (…) Tal é o fim das conferências democráticas…»

Leia este tema completo a partir de 28/03/2011

1 comentário:

  1. Olá Mário

    Mais uma das tantas crónicas que já li tuas sempre de ótima qualidade.

    Abraço
    Liliana

    ResponderEliminar