sexta-feira, 18 de março de 2011

Poesia Africana - Por Wilson Torres - João Manuel Varela - Exemplo ; Fragmento

Poesia Africana - Por Wilson Torres - João Manuel Varela - Exemplo ; Fragmento

João Manuel Varela nasceu na cidade de Mindelo (S. Vicente – Cabo Verde) a 07 de Junho de 1937.
Iniciou os seus estudos de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em 1956 tendo concluído o curso em 1963 na Faculdade de Medicina de Lisboa. Em 1965 defenderia uma tese de investigação intitulada A telencefalização e o sistema talâmico de projecção difusa, tese essa que obteve a nota de vinte valores.

João Manuel Varela separou sempre a sua carreira de neurocientista da carreira de escritor que desenvolveu paralelamente à primeira e daí que tenha sentido a necessidade de utilizar outros nomes: João Vário, Timóteo Tio Tiofe e G. T. Didial. O primeiro dos heterónimos corresponde ao escritor mais influenciado pela cultura ocidental, uma poesia que nada tem que ver com os problemas específicos de Cabo Verde como ele próprio afirma; o segundo e o terceiro correspondem a um escritor comprometido com o seu país, Cabo Verde e com Africa. Tiofe é o poeta da caboverdianidade enquanto Didial é o ficcionista de Contos de Macaronésia e do romance O Estado Impenitente da Fragilidade.

João Vario a.k.a. T.T. Tiofe

Exemplo

Há muito passado no estar aqui com o tempo,
Fim e reconhecimento, e não sofrendo nada mais do que o tempo concede,

Fim de novo e reconhecimento de novo
E tudo é crime, ou crime sempre, crime ou crime,
Criminosíssimamente crime,
Quando arriscamos a intensidade, comemorando.
Aumento e festa, ou cilício, e tempo de cair e tempo de seguir,
Tempo de mal cair e tempo de mal seguir,
Oh amamos tanto, amamos tanto estar aqui com o tempo
E sabendo que há nisso pouco passado.
Porque maiores que os desígnios da vida
São os desígnios da medida e, divididos
Em dois por eles, com eles indo, se por eles
Ganhamos o tempo, pedimos a forma mais fácil


Fragmento

E então subimos aquele grande rio
e as portas do Ródão, chamadas. Era em Abril
dois dias depois da neve
e da cidade dos nevões, na serra.
E olhamos para os penhascos da beira-rio,
as oliveiras, o xisto, a cevada
as ervas de termo, e as colinas.
E, junto da via férrea, os homens do pais
miravam-nos como se fossemos nós
e não eles os mortos desta terra,
homens do medo e do tempo da discórdia
que trazem para o cimo das estradas
a malícia que vai apodrecendo

Leia este tema completo a partir de 21/03/2011

Sem comentários:

Enviar um comentário