domingo, 6 de março de 2011

O dilema do caranguejo - Reflexão de Michel Crayon


O dilema do caranguejo - Reflexão de Michel Crayon

Ser inteligente, como eu sou - e isso é reconhecido e nem mereceria referência se não desse lustro ao texto - tem as suas vantagens e tem os seus inconvenientes. Vantagens é porque se sabem coisas e se tem possibilidade de vir a saber mais e desvantagens é porque a inteligência não deixa escapar uma e por vezes martiriza-nos o cérebro a horas sedentas de descanso.

Neste caso concreto, e porque se acentua muito, nestes tempos, a informação genética com o instinto, neste caso que vou referir, o instinto de sobrevivência, lembrei-me de uma questão que tem sido pouco debatida (aliás não me lembro de alguém se ter referido a ela em todas as minhas abundantes leituras) que é o que teorizo como sendo o dilema do caranguejo.

Quem sabe sabe e quem não sabe não vale a pena estar a explicar mas existem uns bicharocos de ria, sapal, ou superfícies lagunares sobretudo com água salgada que se chamam de caranguejos de boca ou noutros sítios se chamam de bocas de cavar terra, coisa estúpida esta por que na sua grande parte o que escavam é a lama e as bocas são um mero instrumento e não o sujeito em si. Quem escava a terra são os caranguejos que por suas vez são providos de potentes bocas tipo alicate ou tesoura cuja dentada não é nada agradável de sentir.

Verifica-se, no caso destas bocas, uma desproporcionalidade entre o tamanho e a potencialidade de força que se pode afinar como conhecimento estudando o incómodo insecto pulga, alegadamente e na comparação com o homem, capaz de dar saltos de 11 andares. Lembremo-nos também das simpáticas - salvo quando nos entram em casa - formiguinhas, para não falar de outros bicharocos, cuja capacidade e resistência supera em muito aquilo que seria comparável na relação peso - potencial de força humanos.

Mas o dilema do caranguejo não é só o dilema do caranguejo: de uma forma geral todos os animais percorrem o mesmo percurso e só se desviam dele, ou escolhem outro, quando um obstáculo intransponível ou inconveniente lhes corta o caminho. Tenho isto tudo na tolinha pelo que é possível que a generalização seja excessiva e não estou com tempo para consultas bibliográficas, mas lembro essa pérola da sabedoria popular, como reforço deste meu pressuposto, que diz «que as cobras quando querem morrer buscam os caminhos!» sendo certo que elas percorrem sempre os mesmos caminhos embora por vezes sejam encontradas pelos humanos, que esses, sim, não percorrem sempre os mesmo caminhos nem seguem milimetricamente e cronometricamente os mesmos caminhos e tempos.

Exclui-se deste princípio as cobras que se metem a dormir nas estradas porque isso as aquece, embora os resultados sejam iguais ou parecidos em termos de tempo relacional com o tempo de vida do animal. Uma cobra, por exemplo, pode estar estendida numa estrada de alcatrão (de que gostam muito) há três dias no seu tempo de vida e há meia hora na nossa contagem de tempo.

Leia este tema completo a partir de 07/03/2011

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