domingo, 21 de novembro de 2010

COLUNA UM - Daniel Teixeira - Estar à frente no tempo ou ser utópico?

COLUNA UM - Daniel Teixeira - Estar à frente no tempo ou ser utópico?

A diferença entre cada uma destas concepções nem sempre é líquida, clara, transparente. Aqui há uns tempos, não muitos, nem sequer se sabia o que era por exemplo uma criança sobredotada pelo que é comparativamente mais normal até que nos dias de hoje se possa confundir a capacidade de previsão sobre o futuro com o sonho puro e simples.

Vivendo-se como se vive num ambiente sempre «poético» nacional, português, que foi deixando traços bem largos um pouco por todos os sítios e por todas as mentes por onde foi passando, acreditar num projecto e procurar com que ele vingue hoje é uma luta que se processa nas duas frentes que o diferencial entre realidade e irrealidade tratam como bola de ping pong.

Este nosso mundo, em constantes crises de uma coisa ou outra, mas sempre em crise, também não facilita muito o trabalho ... de quem trabalha...para fazer vencer aquilo em que acredita. Fazer vencer não a golpes de martelo, como será evidente, mas fazer vencer nas pessoas e nas suas consciências.

Será por vezes frustrante ver-se que um dado trabalho, que tanto trabalho deu, acaba por não ter o impacto previsto...mas ao contrário do derrotista, que acaba por desertar do campo da simulada batalha, ou nem chega a lá por os pés se tem noticia antecipada, a atitude sã e produtiva é aquela que leva à insistência, com instrumentos aferidos ou ao contornar dos impasses por vias alternativas que acabem por cumprir aquilo que está nas nossas mentes programado e que se considera ser o certo.

Existe também a necessidade de se ter aquilo a que vulgarmente se chama de espírito aberto, aceitar os reparos, pesá-los, confirmar se aquilo que se viu foi de facto o resultado de um raciocínio justo ou se a nossa própria mente nos não terá pregado a tal partida que se serve da nossa cegueira apaixonada para nos convencer da existência de uma realidade que na verdade vimos depois a constatar que não existe.

Tenho alguma cultura sobre o erro: aliás gosto de me dedicar a coisas assim deste género e sei perfeitamente quanto cómodo é jogar as culpas sobre o outro, sobre a sociedade em geral, sobre a pressão social, sobre a natureza até e por vezes sobre as incompreensões dos desígnios de um deus que a existir nunca compreenderemos de facto a menos que sejamos Deus.

«Compreendo perfeitamente o seu problema -» é um chavão tão despido de sentido que se pode tornar ofensivo a menos que se acrescente a frase completa: «Compreendo perfeitamente o seu problema com a minha compreensão do seu problema!» - assim sim...já é aceitável.

Ora, quem compreende uma pessoa ou um grupo de pessoas inseridos numa sociedade sempre em mutação, como se pode falar de uma certeza sobre o futuro sem estar a contrariar aquilo que tenho vindo a afirmar nas linhas anteriores!?

Leia este tema completo a partir de 22/11/2010

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