domingo, 6 de março de 2011

Cartas Goianas e Paulistas: modas caipiras de raíz - Por António Carlos Affonso dos Santos - Acas

Cartas Goianas e Paulistas: modas caipiras de raíz - Por António Carlos Affonso dos Santos - Acas

Eu, ACAS e o escritor goiano Se Gyn, trocamos correspondência entre novembro e meados de dezembro de 2010. O mote era a música sertaneja de raíz, que nós cognominamos de «modas caipiras de raíz». Tínhamos, eu e ele, feito um texto cada um; descrevendo eventos em que a música caipira de raíz esteve presente. Externamos também nosso amor à moda caipira e aqueles a quem ela se dedica.

Lembro que desde o início do Século XX, Cornélio Pires mostrou a todos os brasileiros aquilo que era arte musical mais puramente brasileira: a «moda caipira». Com isso, brotou em cada brasileiro patriota o gosto pela alma sertaneja. Nossos artistas, cantores, letristas e compositores em geral, expressaram (e continuam expressando), a alma sertaneja por meio dessa nobre arte: a «moda caipira de raíz», do qual eu e o Se Gyn somos admiradores convictos.

Estas são as «cartas» que trocamos nesse período acima descrito:

São Paulo, 27/11/2010

Caro SE GYN,

Eu gosto de alguns letristas de modas caipiras; dentre eles eu destaco o João Pacífico, (nosso Vinícius) e o José Fortuna (nosso Chico Buarque). Tem trovas que me dão arrepios; como esta de Indio Vago e Nonô Basílio:
«Tenho saudade/ De rever nas corrutela / As mocinha na janela/ Acenado uma flor»... .

Tem uma trova do Carreirinho, que diz:
«Faço modas de gente boa/ E de alguns incorrigive/ Todas modas qu´eu invento/ Ponho régua, prumo e níve»... Outra do Zé Carreiro (autor da moda «Pescador» – 1910):
«Eu parti de Araraquara/ Com destino a Goiás/ Quando eu vim da minha terra/ Travessei Minas Gerais»... . Uma do grande poeta José Fortuna, a quem o ACAS viu se apresentar (junto com Pitangueira e Zé do fole - Os Maracanãs ), em Cravinhos-SP, num circo, quando tinha apenas dez anos de idade:

«Lugarejo, começo de vila/ Meia dúzia de casa vizinhas/ Onde a verde esperança que ia/ Se encontrou com a saudade que vinha»... . Outra do Lourival dos Santos (que não é meu parente) e Tião Carreiro:

«Na beirada do telhado/ E morada do cuitelo/Sanhaço tem pena verde/ Mora no pé do marmelo/ No galho da laranjeira/Sabiá peito amarelo/ Nos braços dessa viola/ Mineiro de Monte Belo».

Uma de Ari Machado e Sá Pereira:
«Deixa a cidade,/ Formosa morena/ Linda pequena/ E volte ao sertão/ E venha ouvir a fonte que canta/Que se levanta do fundo do chão...».
Uma do Newton Almeida Mello: «Piracicaba, que eu adoro tanto/ Cheia de flores/Cheia de encantos/ Ninguém compreende/A grande dor que sente/ Um filho ausente a suspirar por ti...» .

Leia este tema completo a partir de 07/03/2011

2 comentários:

  1. Aprecio muito a dicção dos poetas populares, a temática buscada ali rente à vida, sem demasiadas firulas, mas com uma lírica especialíssima, porque brota da terra, do cotidiano, mas a este não se basta e alça voos maiores, mais largos, chegando -ora vejam- do outro lado do Atlântico.

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  2. Caro Marcelino,
    Sou mais contista que poeta; noentanto o Criador, às vezes me presenteia com um texto.
    Agradeço a ti, pelo comentário e muito mais ao Se Gyn, pessoa de alta sensiblidade e um orgulho para nós todos.

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