domingo, 13 de março de 2011

CORONEL FABRICIANO - 080 - Navio A. Navio B. Navio C - BENEDITO FRANCO

CORONEL FABRICIANO - 080 - Navio A. Navio B. Navio C - BENEDITO FRANCO

O Tiradentes se revoltou com o quinto... e nós concordamos pacificamente com os dois quintos que o Governo nos toma, mais o que os bancos, as telefônicas e as multinacionais nos assaltam... Algum deputado ou senador já foi, ou é, a nosso favor?...
Somos verdadeiramente carneirinhos...

Navio - A

Eufóricos e apreensivos, minhas duas filhas, Tatiana com seis anos e Fernanda com cinco, e eu iríamos embarcar em um grande navio de origem portuguesa, o Funchal. Embarcaríamos no Rio rumo a Santos, Montevidéu, Mar Del Plata e Buenos Aires - em companhia de papai, de duas irmãs, Rose e Celma com seus dois filhos, ainda pequenos, a Tutuca e o Kid.

A entrada no navio, anoitecendo, nada parecido com o que pensara ou sonhara... deixava de ser um sonho, era realidade - sonho do qual papai me falava desde eu criança, quando nem ele, e muito menos eu, conhecíamos o mar ou o navio!

O navio zarpou do porto do Rio, atravessando a Baia de Guanabara, adentrando mar alto, emoldurado por luzes de Copacabana... Ipanema... Leblon... Barra... coisa doutro mundo!... Luzes! Luzes!... e mais luzes!... Maravilha!... a oitava... O Cristo, uma das sete, nos olhando e nos abençoando ao longe – e ainda, de braços abertos, dava-nos um adeus e nos desejava boa viagem.

No primeiro jantar, fez-se notar cada passageiro com suas características: o comandante na farda reluzente de medalhas, brasões e condecorações; o Ministro da Aeronáutica de Portugal e esposa - simples e simpáticos os dois; a coroa chique e a humilde... e os jovens com toda beleza e presença; a gentileza dos tripulantes e os garçons com dois uniformes nos jantares – um para o prato de entrada e o outro para o prato principal; o conjunto musical com gente alegre... Enfim, uma plêiade de gente bonita e de bem com a vida.

Demorei a dormir; as meninas, com cinco e seis anos, a Tatiana e a Fernanda, cansadas do tanto visto e novidades mil... desmaiaram naquele pequeno e delicioso camarote balançante - o que sonhavam elas?...

O navio, com quinhentos passageiros e mais da metade disso como tripulantes rigorosamente uniformizados.

Acordamos beirando Santos, com a Serra do Mar e imensos navios nos olhando e nos observando de perto, logo ali, quase encostados em nós. Passamos o dia no porto, onde tudo é plural. A Casa do Café, ou Museu do Café, vale a pena ser visitada.

Durante três noites e três dias andamos em mar alto e, de quando em vez, avistávamos algumas ilhas e as costas de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - o Uruguai foi notado quando as águas deixaram de ter o azul profundo para um marrom barrento e sem as altas ondas. Uma correnteza se fazia sentir - o Estuário do Plata. Montevidéu à vista! Na piscina, cheia com água do mar, agora água barrenta.

Um lauto café da manhã e a missa na capela. O almoço servido bem à vontade, as lanchonetes e bares dia e noite, e o jantar sempre de gala, onde as mulheres se exibiam com vestidos de grife e jóias de ouro, platina e diamantes.

Leia este tema completo a partir de 14/03/2011

1 comentário:

  1. Apreciei muito este artigo de viagem.
    Vim lê-lo por se tratar de um cruzeiro do Funchal.
    Não conheço o navio por dentro mas vejo-o muitas vezes fundeado no Tejo.
    Os meus Parabéns ao Autor!
    Um abraço de Lisboa

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